Boas Pessoal!
Sejam bem vindos a mais um "Dias is That Damn Good", um dos espaços com maior história na nossa CWO ;)
A existência de personagens babyface ou heel numa promotora de Pro Wrestling é fulcral quer no desenvolvimento de storylines, rivalidades e combates, quer no próprio envolvimento dos fãs e plateias com a modalidade. Contudo, por se tratar de um dado adquirido a presença destas mesmas personagens nos diversos rosters das companhias, muitas vezes as análises e atenções dos "críticos" não se centram nesta temática.
No entanto, por achar que este assunto é tremendamente importante e se está a transformar num problema/desafio muito exigente nos dias que correm, especialmente no que à formação de babyfaces na WWE diz respeito, decidi propor-me a aborda-lo no artigo que agora vos apresento.
Não percam, portanto, as próximas linhas...
Como é do conhecimento geral, a WWE é uma promotora que sempre estruturou e orientou as suas storylines/rivalidades e, inclusive, merchandising numa lógica em que as personagens babyface assumiam um duplo papel de importância fundamental ao transformarem-se nas grandes "caras" da empresa e, ao mesmo tempo, nos seus maiores promotores. A história ajuda-nos a acreditar nesta ideia, se formos buscar os nomes de Hulk Hogan, Bret Hart, Shawn Michaels, Steve Austin, The Rock e John Cena como exemplos e argumentos para a fundamentar. Deste modo, compreendemos que independentemente dos lutadores fazerem o seu debut com um personagem heel ou virem a desempenhar um outro personagem com estas mesmas características numa fase posterior das suas carreiras, o objectivo continuará a passar sempre por formar um grande babyface, o próximo grande babyface que possa substituir aquele que na altura desempenha o tal duplo papel de ser a "cara" da WWE e o seu maior promotor/embaixador.
Contudo, a tarefa de "criar" um grande babyface não é nada fácil, uma vez que obriga a WWE a responder perante uma enorme diversidade de problemas e desafios. Em primeiro lugar, na escolha do wrestler que será a grande "cara" da empresa é necessário ter em conta a confiança que a WWE tem na sua lealdade e profissionalismo (os casos Brock Lesnar e Bobby Lashley apanharam a empresa de surpresa e, por isso, deixaram-a bastante alerta e exigente no que a esta matéria diz respeito). Em segundo lugar, é necessário perceber que o aparecimento de lutadores com as características necessárias para se transformarem na grande estrela da companhia de Vince McMahon é extremamente raro e encontrá-lo é um outro desafio ainda mais rigoroso. O wrestler escolhido tem de apresentar níveis bastante elevados de carisma; tem de possuir umas mic skills muito acima da média; é imperioso que consiga controlar os fãs e plateias de forma a que eles se tornem seus seguidores e apoiantes incondicionais; tem de se tornar num verdadeiro "drawer", vendendo percentagens altíssimas de merchandising e conseguindo encher as arenas e pavilhões apenas com a sua presença nos mesmos; necessita adoptar um personagem completamente diferente das restantes e, com a mesma, fascinar os fãs e seguidores da modalidade (ou, pelo menos, uma grande percentagem dos mesmos); e está obrigado, por outro lado, a ser um atleta razoavelmente credível e forte, para que consiga resistir à enorme pressão de que é alvo e proporcionar, dentro dos ringues, espectáculos dignos de se tornarem cabeças de cartaz dos eventos, shows e PPVs da WWE.
O último grande caso de sucesso que a empresa de Stamford conseguiu atingir, ao nível do lançamento de um grande babyface, foi John Cena. E o facto do seu debut ter acontecido em 2002 (há quase 10 anos) é mais um bom exemplo de como tem sido bastante difícil para Vince McMahon descobrir uma nova "galinha dos ovos de ouro". De facto, o problema começa logo nos territórios de desenvolvimento (onde pouco se trabalha a criatividade e originalidade dos jovens talentos) e no posterior debut das WWE Superstars. Como sabemos, para um wrestler jovem e acabado de se estrear, é muito mais fácil conseguir gerar sentimentos e reacções no público se interpretar um personagem heel e essa constatação parece ter tornado a WWE sua refém, tendo a empresa adoptado o comportamento padrão de lançar todos os seus jovens como heels. Foi assim com o The Miz, com o Sheamus, com o Swagger, com o Dolph Ziggler, com o Alberto Del Rio, com o Drew McIntyre e com o Wade Barrett (as grandes excepções são Daniel Bryan, Zack Ryder e Mason Ryan). Porém, e apesar de ser muito melhor lançar as personagens heel e babyface de uma forma mais equilibrada, esta situação poderia não se transformar num enorme problema se numa fase posterior, em que os lutadores fizessem o face turn, existisse um top heel com capacidade para os tornar em babyfaces ainda maiores (a exemplo do que aconteceu com John Cena, que teve wrestlers top heel como JBL, Chris Jericho, Kurt Angle, Edge e Triple H a trabalhar consigo).
Por outro lado, o facto de lançar os jovens como heels obriga a que a empresa aumente o seu número de babyfaces, e como não há babyfaces "puros" suficientes na companhia, esta vê-se obrigada a recorrer aos wrestlers com maior prestígio e história para fazer face às suas necessidades. Só que ao seguir este caminho a WWE enfrenta outra questão difícil de solucionar, pois quando torna tipos como Triple H e Randy Orton em top babyfaces, acaba por perder os top heels da companhia e não consegue ganhar babyfaces ao nível de John Cena, The Rock, Steve Austin, etc. Porque o "RKO" e o "King of Kings" são heels puros e serão sempre melhores a desempenhar personagens com estas características do que agindo como os "bons da fita". Para perceberem um pouco melhor o que estou a dizer, pensem no exemplo de CM Punk, um top babyface que está a crescer de forma extraordinária a todos os níveis e que tem, agora, a possibilidade de substituir John Cena como cara da empresa (uma vez que o "Marine" após tantos anos no topo como estrela principal da WWE tem a sua imagem tremendamente desgastada)...só que ao invés de ter para defrontar o melhor heel de sempre (na minha opinião) Triple H ou Randy Orton (outro heel fantástico), vê-se obrigado a enfrentar Alberto Del Rio (que ainda está a consolidar a sua posição enquanto main eventer). E o problema está precisamente neste ponto, a WWE não está a conseguir "criar" novos babyfaces para se tornarem na grande "cara" da empresa, porque vê-se obrigada a utilizar os seus melhores heels (aqueles que são capazes de elevar os jovens babyfaces para patamares superiores) como babyfaces para sustentar os jovens que estão quase todos a ser lançados como heels. Como referi, a resolução deste problema é o grande desafio ao qual, nesta temática, a WWE terá de dar resposta.
Pessoalmente, acredito que utilizar os wrestlers com as personagens que lhes proporcionem as melhores performances e nivelar os debuts de heels com os lançamentos de babyfaces será uma grande ajuda para encontrar uma solução.
Pessoalmente, acredito que utilizar os wrestlers com as personagens que lhes proporcionem as melhores performances e nivelar os debuts de heels com os lançamentos de babyfaces será uma grande ajuda para encontrar uma solução.
E vocês, o que pensam das dificuldades que a WWE tem encontrado na formação de babyfaces?!
Bem, foi mais um "Dias is That Damn Good" que espero tenham gostado e comentem!
Um Abraço, Dias Ferreira!