Boas Pessoal!
Sejam bem vindos a mais um "Dias is That Damn
Good", o espaço com mais história na nossa CWO ;)
O Hardcore Wrestling Style conheceu a sua maior explosão
no início dos anos 90 do século passado, sob a égide da antiga ECW
de Paul Heyman. Pela brutalidade e espectacularidade proporcionada
pelo estilo e seus praticantes, rapidamente conseguiu reunir um sem
número de seguidores e fãs, tendo-se tornado, inquestionavelmente,
numa componente valiosa e altamente benéfica aos mais variados
conteúdos da modalidade, pelo menos, sempre que utilizada de uma
forma bem estruturada e lógica. Actualmente, continuam a ser
bastantes, ainda, os fãs e seguidores de pro wrestling que reclamam
uma maior aproximação a essa vertente tão bem sucedida e célebre
no passado...tendo, ao que parece, as suas preces sido ouvidas pela
administração da TNA que, como é possível verificar, tem
orientado a sua produção e conteúdos num sentido que os aproxima,
claramente, da saudosa (para alguns) ECW.
Neste sentido, porque acho que deve ser feita uma
clarificação quanto à validade e utilidade deste estilo e porque
acredito que esta situação pode proporcionar uma discussão e
debate de ideias bastante interessante, aquilo que me proponho
apresentar ao longo de presente texto será, precisamente, uma
avaliação/reflexão acerca do Hardcore Wrestling Style.
Não percam, por isso, as próximas linhas...
O Hardcore Wrestling Style teve a sua origem, se assim
podemos dizer, quando, no final dos anos 70 início dos anos 80,
algumas promotoras (distribuídas pelo território norte-americano)
começaram a introduzir uma série de gimmick matches (como os
brawling matches e os street fight matches, entre outros), que
ficariam conhecidos pela sua maior violência e brutalidade. Neste
período e estilo, em particular, haviam de se celebrizar wrestlers
como Freddie Blassie, Dory Funk Sr., Abdullah The Butcher, Jerry
Lawler, Terry Funk, Eddie Gilbert e/ou Bill Dundee, entre outros.
Contudo, o Hardcore Wrestling Style propriamente dito, como o
conhecemos hoje, só viria a aparecer verdadeiramente no decorrer dos
anos 90. Primeiro, sob influência de uma companhia japonesa
denominada Frontier Martial-Arts Wrestling e, pouco tempo depois,
através da ECW de Paul Heyman, promotora que levaria o estilo a um
maior número de fãs e seguidores da modalidade e que o tornaria
célebre. Mais anárquico e instável que qualquer outro estilo
praticado até então, sem quaisquer regras, brutal e violento,
espectacular...extreme seria, de facto, a expressão que melhor
caracterizava este novo estilo – o Hardcore Wrestling Style.
A Extreme Championship Wrestling (ECW) de Paul Heyman
que, como disse foi a promotora que mais disseminou e visibilidade
deu ao estilo, contou nas suas fileiras com inúmeros praticantes de
elevada qualidade como Chris Jericho, Chris Benoit, Eddie Guerrero,
Raven, os Dudley Boys, Rob Van Damn, entre outros. Wrestlers que não
só elevaram a qualidade do produto e dos conteúdos apresentados
pela companhia, como permitiram credibilizar e divulgar ao mais alto
nível o recém, mas já tão aclamado, hardcore wrestling style.
Contudo, por se focar maioritariamente numa vertente/componente da
modalidade em detrimento das restantes, a verdade é que a companhia
nunca conseguiu atingir uma dimensão e patamar ao nível "main
stream", tendo, por outro lado, assegurado um núcleo de fãs
mais restrito, mas bastante fiel. Por esta razão, muitos dos seus
melhores talentos e intérpretes haveriam de abandonar a empresa rumo
à WWE e/ou à WCW, onde, de facto, poderiam estabelecer-se como
grandes estrelas da indústria (o que, na realidade, se veio a
verificar em muitos dos casos). Ainda neste sentido e por
consequência, a promotora nunca conseguiu tornar-se estável do
ponto de vista financeiro, pois os patrocínios e acordos comerciais
e de televisão que necessitavam estavam, geralmente, vedados pelo
conteúdo demasiado agressivo e brutal que apresentavam. E essa
situação acabou por se reflectir, também, na própria qualidade da
produção que, sem financiamento para os equipamentos de ponta,
esteve sempre condicionada à criatividade e esforço daqueles que se
desdobravam em diversas tarefas para conseguir gravar e promover os
produtos oferecidos pela ECW. Com o encerramento da empresa de Paul
Heyman, seria a WWE a aproveitar alguns dos seus talentos e a dar uso
e continuidade ao seu estilo, embora de uma forma bastante mais
cuidada e pontual. Mais recentemente, é a TNA quem parece estar a
querer ressuscitar o hardcore wrestling style, utilizando-se, para
tal, de muitos dos nomes que ficaram célebres na extinta ECW.
Ora depois de uma pequena visita à história do
hardcore wrestling style, importa reflectir de forma crítica acerca
do mesmo. E é neste ponto que começam as minhas discordâncias com
aquilo que foi celebrizado pela ECW e com o que a TNA procura, agora,
retomar. Desde a sua génese que o pro wrestling se encontra em
constante evolução e, por isso, é natural que novas formas de
entretenimento, novos conteúdos, novas formas de produção e novos
estilos vão aparecendo e transformando-se em componentes/vertentes
que tornam a própria modalidade em algo com um alcance mais vasto,
mas também mais completo. Deste modo, devemos olhar para o hardcore
wrestling style não como algo solto ou como um fim em si mesmo, mas
sim como um item que completa e deve ser completado através de uma
articulação com outros componentes. Ou seja, o hardcore wrestling
style não deve ser a razão para algo, mas sim surgir em razão de
algo. Na minha opinião, são as storylines, o storytelling e as
rivalidades que devem estipular e/ou definir o tipo de combates que
os wrestlers em confronto terão, por isso, os gimmick matches
deverão surgir, tão só e apenas, em função do momento que as
feuds estão a atravessar. Ora, neste sentido, o hardcore wrestling
style (que só é produzido em gimmick matches) não pode aparecer à
partida como parte integrante de qualquer angle, ele só pode e deve
aparecer se a história e a própria rivalidade trilharem um caminho
que justifique o seu aparecimento e utilização. Assim, e se
olharmos para os conteúdos apresentados pela antiga ECW e para
aqueles que a TNA produz actualmente, verificamos que essa situação
para além de não ser compreendida, não está a ser respeitada o
que, a meu ver, é um tremendo erro, uma vez que subverte os
principais fundamentos do pro wrestling.
Por outro lado, e não sendo respeitados estes desígnios
e princípios, são a própria qualidade e atractividade do hardcore
wrestling style que saem altamente prejudicadas com toda esta
situação. E saem prejudicadas, em primeiro lugar, porque deixa de
haver uma verdadeira história para contar durante o combate e a
psicologia de ringue é completamente negligenciada. Em segundo
lugar, porque a banalização do estilo vai-lhe retirando aos poucos
o impacto e espectacularidade que o torna tão atractivo. Em terceiro
lugar, porque o hardcore wrestling style tende a diluir as
características diferenciadoras de cada wrestler. Em quarto lugar,
porque a utilização abusiva deste estilo não ajuda a educar as
plateias e também não lhes desperta o interesse para os pontos
fulcrais do combate, estando os fãs mais focados nos spots que se
vão sucedendo uns após os outros. Em quinto lugar, porque quando
uma empresa foca o seu produto maioritariamente ou quase
exclusivamente neste estilo as coisas tornam-se demasiado repetitivas
e perde-se capacidade para diferenciar os múltiplos combates e
wrestlers. Em sexto lugar, porque a diferença de tratamento que é
dada aos restantes estilos e componentes da modalidade, não permitem
alargar o número de fãs e seguidores, ficando as companhias reféns
de pequenos núcleos quase fanáticos de adeptos, etc. Portanto, todo
um conjunto de situações que nos ajudam a perceber como não deve
ser utilizado este estilo, inclusive, para o próprio bem dos seus
fãs, praticantes e promotoras. Num outro sentido, o modo (leia-se
gimmick matches) como terminaram as rivalidades entre Triple H e
Batista, entre John Cena e JBL, entre JBL e Eddie Guerrero, entre
Edge e Mick Foley, entre muitas outras, são um óptimo exemplo de
como uma storyline bem conduzida pode levar ao aparecimento do
hardcore wrestling style na forma que melhor o rentabiliza e maior
espectacularidade lhe confere. Mostram e comprovam, mais uma vez e
acima de tudo, que o hardcore wrestling style não deve, nem pode,
ser encarado como um produto final, mas sim como parte complementar
do pro wrestling.
E
voces, o que pensam do Hardcore Wrestling Style?! Como julgam que
deve ser feita a sua utilização?!
Um Abraço,
Dias Ferreira
PS:
Não se esqueçam de indicar mais temas e assuntos que gostassem de
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