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segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Dias is That Damn Good #202 – "Desmistificando CM Punk"

Boas Pessoal!



Sejam bem vindos a mais um "Dias is That Damn Good", o espaço com mais história na nossa CWO ;)

CM Punk marcou uma Era na indústria do pro wrestling, pois foi a primeira grande personalidade a conquistar o circuito independente norte-americano e a comunidade de wrestling online que conseguiu impor-se na WWE, abrindo as portas para outros colegas de profissão com o mesmo tipo de background. Por outro lado, foi também o "Chicago Made" o único talento da empresa de Vince McMahon que, ao longo dos últimos 10 anos, conseguiu aproximar-se dos números realizados por John Cena (principal cara da companhia) e da influência do mesmo. Contudo, e depois de se encontrar no auge das suas carreira e faculdades enquanto wrestler, viria a abandonar a modalidade, deixando um claro vazio quer na WWE, quer junto dos fãs que, ainda hoje, não desistem de "chamar" pelo seu nome.

Neste sentido, porque falar de CM Punk continua a mexer com os sentimentos e emoções de muitos adeptos da modalidade, porque importa compreender a evolução que a sua carreira sofreu desde a sua estreia à sua reforma e, acima de tudo, porque assume relevante importância perceber a própria personalidade de Phil Brooks, o seu legado e as suas tomadas de decisão, aquilo que hoje me proponho tratar e abordar no texto que agora vos escrevo, prende-se, precisamente, com toda esta temática.

Não percam, por isso, as próximas linhas...



Phil Brooks, conhecido por todos como CM Punk, fez o seu debut no pro wrestling corria o ano de 1999, tendo sido treinado por excelentes in-ring workers como William Regal, Dave Finlay e/ou Dave Taylor. A sua carreira iniciar-se-ia no perigoso e altamente condenável backyard wrestling e prosseguiria no circuito independente norte-americano, onde haveria de se tornar célebre pelas suas participações e performances na IWA-Mid South, na CZW, na Ring of Honor (ROH) e numa TNA que dava os seus primeiros passos. Durante este período, travaria uma forte amizade com Colt Cabana e envolveu-se em inúmeras rivalidades com wrestlers como AJ Styles, Samoa Joe, Eddie Guerrero, Raven, Chris Hero, James Gibson (Jamie Noble da WWE) e Sabu, entre muitos outros. Despedir-se-ia, mais tarde, do circuito independente num show da ROH após um combate que o opôs ao seu amigo de longa data Colt Cabana para assinar um contrato de desenvolvimento com a WWE. Foi, portanto, desta forma que CM Punk chegou, em 2005, à Ohio Valley Wrestling (na altura uma companhia satélite da empresa de Vince McMahon onde os talentos mais jovens desenvolviam as suas capacidades e preparavam o seu debut no roster principal da promotora). Tal como havia acontecido aquando da sua passagem pelo circuito independente e pela TNA, Punk rapidamente se conseguiria impor e destacar dos demais colegas, bastando-lhe somente um ano (durante o qual desenvolveu rivalidades, entre outros, com Ken Doane, Ken Kennedy, Brent Albright, Shad Gaspard, Aron Stevens, Johnny Jeter e The Miz) para ser chamado ao plantel principal da WWE, onde competiria no terceiro show da companhia, a ressuscitada ECW.

Como é do conhecimento geral, a visão e versão que a WWE tinha e aplicou à ECW brand, acabou por defraudar largamente as expectativas que tinham sido criadas em seu redor, não só desrespeitando o legado da antiga promotora com o mesmo nome e os seus wrestlers, como falhando claramente em construí-la como uma plataforma mais avançada de desenvolvimento de novos talentos (algo semelhante às funções e papel desempenhados, agora e bem, pelo NXT). De qualquer modo, mais uma vez, CM Punk haveria de destacar-se dos demais...ainda na OVW tinha recebido o apoio de Paul Heyman, que o voltaria a ajudar aquando da sua estreia na ECW, o que a juntar ao nome que já tinha conseguido criar junto dos fãs do circuito independente e da comunidade de wrestling online, lhe assegurava um significativo e fiél número de fãs. Durante o período que esteve incluído no roster da ECW brand até ser chamado aos dois programas principais da WWE, destacou-se, acima de tudo, na rivalidade que opôs os New Breed aos ECW Original e nas feuds que travou com Elijah Burke, John Morrison e Chavo Guerrero. E essa etapa da sua carreira foi bastante importante na consolidação das suas capacidades, na adaptação do seu estilo ao ring-work exigido pela WWE aos seus talentos e, acima de tudo, na sua afirmação enquanto wrestler de qualidade e elevado potencial.



Ora, foi precisamente esse reconhecimento (da qualidade e do potencial) que levou a empresa a atribuir-lhe a vitória, em plena Wrestlemania XXIV, no Money in the Bank match. Consequentemente, CM Punk viria a fazer o cash in do Money in the Bank e a conquistar o seu primeiro título mundial, perdendo-o somente 3 meses mais tarde para Randy Orton. Posteriormente, entraria em três grandes confrontos, também eles nucleares na sua afirmação e consolidação enquanto estrela de topo, contra, primeiro, Chris Jericho, depois Jeff Hardy (a quem voltaria a conquistar o título mundial, depois de ter vencido o Money in the Bank match pela 2ª vez) e, por último, com Undertaker. Seguir-se-ia, então, a criação da stable "Straight Edge Society" (da qual participaram conjuntamente Luke Gallows, Joey Mercury e Serena Debb) e posteriormente a liderança da facção Nexus, período que ficou marcado pela sua derradeira afirmação enquanto estrela de topo e ascensão, de forma indiscutível, a figura nº 2 do roster da companhia. A partir deste ponto, CM Punk nunca mais abandonaria o main event da WWE, conquistando, novamente, o título principal da promotora por diversas ocasiões e participando das storylines de maior importância na mesma. Foi um período no qual tomou parte de excelentes rivalidades que, por consequência, levariam a óptimos combates, contra Alberto Del Rio, John Cena, Triple H, The Rock, Daniel Bryan, Chris Jericho e Paul Heyman...Paul Heyman que durante grande parte deste percurso acompanhou Punk como seu manager e que o viria a trair no final do mesmo. Antes, ainda de abandonar os ringues e a indústria no auge da sua carreira e faculdades, teria, ainda, uma última rivalidade de relevante importância e qualidade contra a Wyatt Family de Bray Wyatt.

Assim, e depois desta pequena revisão da carreira de Punk, importa iniciar uma verdadeira análise ao que ela realmente significou, ao legado que nos deixa e às próprias exigências e tomadas de decisão de Phil Brooks no decorrer de todo este processo. Devemos, por isso, realçar as suas capacidades enquanto entertainer que conseguia dar excelentes entrevistas e realizar promos de grande qualidade (aliás, como ficou provado na worked-shoot-promo que fez num RAW, e que ficaria conhecida pela sua primeira pipe bomb...ou ainda, pela excelente rivalidade e troca de promos que produziu com Triple H, entre muitos outros exemplos). Podemos, também, registar o modo como conseguiu diferenciar-se dos restantes wrestlers, interpretando um gimmick bastante próprio e que, certamente, continha muito daquilo que é a personalidade de Phil Brooks. E devemos, por último, reconhecer a originalidade dos seus movimentos e finisher, assim como a qualidade da generalidade dos combates de que tomou parte...mas podemos e devemos, acima de tudo, realçar a excelente relação que conseguiu construir com os fãs e plateias, situação essa que o colocou, como nenhum outro, bastante perto da posição ocupada por John Cena na hierarquia da WWE. Por outro lado, sabemos também que Phil Brooks nunca teve uma personalidade fácil, que fez inúmeras exigências à administração e responsáveis da companhia e que costumava queixar-se por diversas vezes do booking e rumo que a mesma lhe atribuia, ainda que, em muitas dessas situações, a meu ver, não tivesse razão. Depois, penso que é necessário distanciar-mo-nos temporalmente e espacialmente para conseguir-mos avaliar da forma mais correcta o que realmente significou CM Punk enquanto wrestler e, neste ponto em particular, acredito que, apesar de ser sem réstia de dúvidas um dos melhores da sua geração, teve a vida algo facilitada pela falta de uma competição séria e pela incapacidade que a WWE revelou ao longo dos últimos 10 anos em criar novas estrelas de topo. E penso assim porque, embora reconhecendo todas as qualidades e valor de CM Punk, olho para ele como um wrestler que em plena Monday Night War e WWE Attitude Era, muito dificilmente, conseguiria impor-se no main event e/ou passar do mid card. Mas, neste capítulo, não está em posição diferente daquela em que se encontram, por exemplo, Randy Orton e Daniel Bryan, entre outros. Por último, devo confessar que aquilo mais prejudicou a imagem que tenho de Phil Brooks se prende, particularmente, com a forma como ele abandonou a WWE e o próprio business. Não me interpretem mal, acredito que as pessoas têm o direito de decidir sobre as suas vidas e o rumo que lhe querem dar...mas não consigo aceitar que depois de tantas exigências, lamúrias, reclamações e reivindicações, que depois de tantos wrestlers o terem ajudo com o seu job a cimentar-se no topo, e que depois da WWE lhe ter oferecido os maiores spots da companhia ele tenha sido egoísta ao ponto de "deitar tudo por água abaixo", de ter deixado um vazio na WWE e falhado aos seus próprios fãs.


E vocês, o que pensam de CM Punk?!


Um Abraço,
Dias Ferreira


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3 comentários:

Ora, pessoalmente acho o CM Punk bastante sobrevalorizado. Desde 2011 levou um overrate tremendo da parte dos fãs. Digo isto gostando do seu trabalho. Foi excelente como worker de ringue e foi um excelente talker, mas acima do excelente ainda há o extraordinário e isso ele não era como o pintam. Nunca se poderá enquadrar na grandeza de Austin, Rock, Hogan e até de Cena em termos de drawing power e não acho que daqui a 10 ou 15 anos muitos vejam o Punk como ainda é visto o Bret Hart por exemplo. O reinado de um ano devia ter sido mais curto e apenas o tenho na memória pelo tempo que durou, porque em termos de interesse não foi grande coisa.

Como é habitual, o artigo está bom. Boa explicação, boa escrita e não fugiu nada ao tema. Excelente trabalho.

Não acho o CM Punk sobrevalorizado, e acho que foi um wrestler que construiu um legado ao nível dos melhores de sempre. É verdade que muito provavelmente não chegaria ao Main-Event, caso tivesse estado no activo durante o Main Event. Mas isso deve-se essencialmente ao tipo de público que havia e àquilo que este deseja ver. Do mesmo modo que nos dias de hoje, um wrestler com as características de Hulk Hogan nunca seria um Main Eventer, nem seria sequer um favorito do público pois não têm aquilo que este não têm as qualidades desejadas nesta era, do mesmo modo que o Bret Hart começou a perder popularidade após o inicio da Attitude Era. Por isso é que comparar gerações e companhias acaba por ser uma tarefa dificil, pois os produtos são diferentes.

O maior problema dele foi mesmo nunca ter conseguido ter o drawing power que as lendas do wrestling tiveram. Porque tendo em conta a sua qualidade dentro do ringue, e a sua capacidade com microfone chega a ser superior a de alguns dos maiores símbolos da história do wrestling.

Moore, tenho uma opinião muito semelhante à tua ;)

André Ribeiro, não concordo muito contigo. O Punk foi de facto muito bom no ringue, nas promos e entrevistas e nas rivalidades de que participou, foi, certamente, dos melhores da sua geração. Agora, se tiver de fazer um top 20 dos melhores de sempre, o Punk não entra lá...e mesmo no micro, que era onde ele se destacava mais, acho que fica aquém de muitos, dizia muitas coisas sem sentido e fora de contexto....se vocês virem a rivalidade que teve com o Triple H e as promos que eles trocaram, conseguem compreender perfeitamente como ele, apesar da qualidade, vai dispersando e a sua conversa perdendo alguma utilidade. Como disse, acho que ele foi muito bom, mas não brilhante ou extraordinário...agora, claro, isto é sempre uma questão subjectiva.

Abraços

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