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quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Dias is That Damn Good #203 – "As Minorias Étnicas no Pro Wrestling?!"

Boas Pessoal!



Sejam bem vindos a mais um "Dias is That Damn Good", o espaço com mais história na nossa CWO ;)

O Pro Wrestling enquanto modalidade de entretenimento tem o dever de emular as mais variadas características e aspectos da sociedade em que vivemos. Como tal, todos os temas fracturantes, todas as polémicas e controvérsias, todas as orientações sexuais, todas as etnias e raças e todas as grandes problemáticas devem estar presentes nas storylines e storytelling que os seus conteúdos apresentam. Neste sentido, assume uma relevante importância, acima de tudo, o papel das etnias e do modo como elas são respeitadas e/ou utilizadas nos cards das mais diversas companhias e promotoras. É, portanto, fundamental que de entre uma panóplia de "ofertas" a sociedade global se veja reflectida e representada nas múltiplas faces deste fenómeno e, daí, a necessidade de possuir talentos com estas características...o branco caucasiano (mais comum à grande maioria dos ocidentais), os latinos de origem mexicana e porto-riquenha (que representam uma enorme comunidade nos EUA) e os negros afro-americanos (que, por sua vez, são de facto a segunda etnia mais populosa em território norte-americano).

Ora, no seguimento do que tenho vindo a escrever, aquilo que pretendo e me proponho abordar ao longo do presente artigo está relacionado, precisamente, com esta situação...com a questão das etnias e das minorias étnicas e, em particular, com o modo e forma como os wrestlers negros de origem afro-americana e os lutadores de descendência latino-mexicana e porto-riquenha têm sido tratados, aproveitados e/ou sub-aproveitados.

Não percam, por isso, as próximas linhas...



A história do pro wrestling está repleta de exemplos, sobretudo a partir dos anos 80, de como é importante abordar as diferentes etnias e representa-las nos rosters e conteúdos das múltiplas companhias da modalidade. E essa mesma história mostra-nos, também, como a aposta em talentos das mais variadas proveniências e etnias foi benéfica na construção de planteis repletos de star power e altamente aclamados por uma enorme quantidade de seguidores e fãs da indústria. Recorde-mo-nos de Rocky Johnson, por exemplo, o pai de The Rock que foi o primeiro campeão negro na história da modalidade. Lembre-mo-nos de Junkyard Dog e Tony Atlas que também desempenharam um importante papel no decorrer dos anos 80. Recuperemos, numa outra etnia, os casos de Tito Santana e Gino Hernandez, wrestlers de origem mexicana que marcaram uma geração. Se, por outro lado, der-mos uns passos em frente, verificamos que os anos 90, a este respeito, também não defraudaram as expectativas e as companhias não deixaram de olhar para as diferentes etnias como uma parte fundamental da sua programação, tendo, inclusive, incorporado novas formas e estilos como a lucha-libre e o puroresu através da "aquisição" de talentos tornados célebres na prática dos mesmos. Vejamos, como exemplos, os casos de Justin Thunder Liger, de Eddie Guerrero, de Chavo Guerrero e Rey Mysterio, de Juventud Guerrera e Psicosis que foram fundamentais no lançamento do estilo cruiserweight em solo norte-americano. E olhemos, também, para a importância dos papéis desempenhados por Steve Ray e Booker T enquanto tag team Harlem Heat e do próprio Booker T enquanto single-wrestler, olhemos para os Nation of Domination e, em particular, para os casos de Mark Henry e D'Lo Brown...mas vejamos, acima de qualquer outro exemplo, o extraordinário caso de The Rock, que foi e continua a ser sem qualquer margem para dúvidas o talento mais fantástico e que maior sucesso alcançou pertencendo a uma mistura de etnias afro-americana e samoana.

Porém, a primeira década do novo milénio marcaria um novo capítulo neste fenómeno. Um novo paradigma onde esta situação deixou de ser vista e tida com a mesma importância e onde o aparecimento e criação de estrelas provenientes das mais diversas etnias deixou de se conseguir fazer com o mesmo grau e nível de sucesso. A WWE, por exemplo, teve a seu cargo, a meu ver, três grandes oportunidades para conseguir criar a nova grande estrela negra e/ou de ascendência africana, assim como uma tag team que tinha tudo para ser bem sucedida ao nível das melhores da história da modalidade. Falo, claro está, de Elijah Burke (na altura um jovem com uma excelente imagem, repleto de carisma, com óptimas mic skills e que se safava bastante bem dentro dos ringues), de Bobby Lashley (que poderia receber um booking bastante semelhante ao de Brock Lesnar e que, apesar de bem pushado, acabaria por abandonar rumo às mixed martial arts), e, sobretudo, de MVP (talvez depois de The Rock o wrestler negro mais talentoso e com maior potencial que alguma vez apareceu). Por outro lado, o aparecimento da tag team Cryme Time permitiu dar uma lufada de ar fresco na divisão de equipas da WWE, precisamente, numa altura em que o tag team wrestling estava a ser completamente negligenciado pela companhia. Infelizmente a empresa de Vince McMahon não soube retirar o melhor rendimento destes talentos e aproveita-los da forma que eles mereciam, acabando por perdê-los. Mas se relativamente aos wrestlers negros a tarefa não tem sido fácil e granjeado muito sucesso, o mesmo se pode dizer no que toca aos lutadores de origem latino-mexicana e porto-riquenha...basta, para tal, pensarmos que Sin Cara, Primo e Épico foram rotundos falhanços e que Carlito depois de um início bastante prometedor não conseguiu corresponder às expectativas. No mesmo sentido, talvez tenha sido Alberto Del Rio aquele que, no pós-Eddie Guerreno e Rey Mysterio, mais sucesso conseguiu alcançar, mas, tal como aconteceu com Carlito, após um ínicio bastante prometedor acabou por se ir perdendo.



Na TNA, por outro lado, nunca deixou de haver o cuidado de apresentar a maior variedade possível no que respeita à origem étnica dos seus wrestlers, contudo, o sucesso das suas apostas não divergiu em muito daquele que foi alcançado pela WWE. Em todo o caso, podemos referir o excelente percurso percorrido pela tag team Latin American Xchange (LAX) de Hernandez e Homicide e de que como ele foi importante para a divisão de equipas na empresa, assim como para a comunidade latino-mexicana que a acompanhava. Infelizmente, deixaram cair mais tarde esta mesma equipa e os wrestlers que a compunham, apresentando, na actualidade, um esforço acima de tudo nos wrestlers negros MVP, Bobby Lashley e Kenny King. O problema neste caso, contudo, é o facto da TNA se revelar até ao momento completamente incapaz de criar um grande drawer, um grande personagem e essa situação é complicada para qualquer talento que esteja contratualmente ligado a ela, quanto mais quando falamos de minorias étnicas. Por seu turno, a WWE não possui actualmente qualquer talento proveniente dessas minorias étnicas com capacidade para se transformar numa grande estrela (porque Big E. Langston, Kofi Kingston, Xavier Woods, Titus O'Neil, R-Truth, Sin Cara, Kalisto, Primo e Épico, não têm, de facto, capacidade para o topo) e essa situação é, a meu ver, grave porque acaba por negligenciar e não representar uma boa parte daquilo que é o público que acompanha e segue a promotora de Vince McMahon.

Para piorar as coisas, se olharmos para os lutadores com contratos de desenvolvimento que actuam na brand NXT, também verificamos, facilmente, uma enorme lacuna a este respeito. Pois por mais que procuremos por um wrestler que possa representar uma minoria étnica ou na qual essa mesma minoria se possa rever, não conseguiremos encontrar um único em que possamos depositar grandes expectativas e esperanças nas suas qualidades e potencial para vir a afirmar-se como uma estrela de topo. Talvez muita gente e grande parte dos fãs e seguidores da modalidade não dê a devida importância a este fenómeno e não esteja minimamente preocupada com ele...mas, pelas razões que venho apontando ao longo deste texto e, sobretudo, pelas inúmeras storylines que se podem construir através dos problemas gerados pelas minorias étnicas (como o racismo e a xenofobia, a luta pela igualdade de direitos e oportunidades, entre muitos outros temas), acredito que a questão das etnias deveria ser alvo de um muito maior cuidado e preocupação, sobretudo, da parte de quem gere e administra as promotoras do business.


E vocês, qual julgam ser a importância das minorias étnicas no pro wrestling?! O que pensam do modo como a WWE e a TNA têm tratado os wrestlers que as representam?!


Um Abraço,
Dias Ferreira


PS: Não se esqueçam de indicar mais temas e assuntos que gostassem de ver ser tratados neste espaço.



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2 comentários:

Ora bem, a WWE tem utilizado as minorias como forma de agradar ao público americano, simplesmente pelo princípio de superioridade que ainda está bem presente nos EUA. O Del Rio por exemplo, que foi um bom draw no México para a WWE, numa altura (fim de run heel/run babyface em 2012/13) servia mais para comédia que para outra coisa. O Tatsu poderia ter sido uma foreign star típica como os cruiserweights na WCW, mas apenas no início o foi (+/-). Enquanto isso, na TNA as minorias éticas são mais respeitadas, isto na minha opinião. Ainda nos lembramos dos L.A.X. como uma excelente tag team daquela fornada de 2006/07 da TNA. Atualmente temos a coisa dos MLK que se fosse há uns anos seria muito mais bem recebida, quando a TNA era vista como a alternativa à WWE.

Actualmente a TNA com o MVP, o Bobby Lashley e o Kenny King safa-se, mas a WWE não tem qualquer talento deste género nem no roster principal, nem na NXT.

Tudo bem que o Reigns e os Usos tem descendência nas Ilhas Samoa, mas não é a mesma coisa e, nesses casos em concreto, a WWE nunca explorou, nem explora, as suas ascendências.

Abraço!

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