Boas Pessoal!
Sejam bem vindos a mais um "Dias is That Damn
Good", o espaço com mais história na nossa CWO ;)
No Pro Wrestling as diversas promotoras que compõem o
business estão extremamente dependentes das qualidades e capacidades
de quem as administra e chefia. São os "owners" quem pode
dotá-las da capacidade e viabilidade financeira necessárias à sua
subsistência, são os "patrões" e a credibilidade dos
mesmos que permitem a celebração de acordos comerciais e de
televisão indispensáveis à promoção e disseminação dos seus
produtos e, em última análise, são os "donos" que têm a
palavra-chave sobre a estratégia, planos e caminhos que as
companhias trilham. Neste sentido, uma administração capaz e
preocupada com a sua companhia permitirá sempre o seu crescimento e
desenvolvimento; uma administração não tão capaz mas interessada,
certamente, encontrará soluções para a viabilidade da sua empresa;
mas, por outro lado, sendo capaz ou incapaz, uma administração
desinteressada e despreocupada, constituirá, sempre, uma grande
limitação e condicionante à evolução da sua promotora.
Deste modo, pegando no terceiro caso atrás mencionado
que é o que me importa tratar hoje, percebemos que é, sobretudo, a
ele que nos referimos quando olhamos para a empresa que é detentora
da Ring Of Honor (o Sinclair Broadcast Group). Assim, aquilo que me
proponho abordar ao longo do presente artigo está relacionado com
esta má gestão e aproveitamento que o SBG tem feito das
potencialidades e qualidades da ROH e, acima de tudo, com a
negligência que tem pautado a gestão que o mesmo grupo tem feito da
promotora.
Não percam, por isso, as próximas linhas...
A Ring Of Honor foi criada, corria o ano de 2002, por
Rob Feinstein e Gabe Sapolsky, sendo o seu presidente e detentor Cary
Silkin. Nessa altura, rapidamente aproveitou o espaço deixado vago,
pelos últimos pequenos territórios que sustentaram a sua actividade
até aos anos 90 e pelo encerramento da WCW e da ECW, para se
estabelecer como uma das promotoras mais importantes em solo
norte-americano. Altamente diferente dos antigos territórios
independentes e pioneira no estrito sentido do indy wrestling, a ROH
marcou a sua posição e tornou-se visível e conhecida pelos seus
espectáculos que, para além de contarem com alguns ex-talentos da
ECW e outros jovens wrestlers de elevado potencial, pautavam pela
apresentação de combates repletos de grandes spots e conduzidos a
uma velocidade frenética. Com o passar do tempo a pequena promotora
foi crescendo, assegurando uma base de fãs bastante fiel e revelando
um sem número de talentos que, posteriormente, brilhariam ao serviço
da WWE e TNA (como AJ Styles, Samoa Joe, CM Punk, Daniel Bryan,
Austin Aries, entre outros). Os anos de 2008 e 2009 marcariam,
contudo, um novo rumo e página na história da promotora, com a
substituição de Gabe Sapolsky por Adam Pearce (no booking da
empresa) e a celebração de um contrato que permitia à companhia
apresentar um pequeno programa na estação de televisão HDNet
Fights. Durante este período a ROH passaria também a realizar iPPVs
e a chegar, deste modo, a um maior número de fãs e telespectadores.
Já em 2010, Adam Pearce seria substituído como booker por Hunter
Johnston (mais conhecido como Delirious) e em 2011, chegaria ao fim o
acordo celebrado com a HDNet Fights. Depois de um período que talvez
tenha sido o mais difícil e complicado na história da promotora, o
Sinclair Broadcast Group adquiriria a Ring Of Honor,
disponibilizando-lhe um spot de prime-time num dos canais que o grupo
televisivo controla e mantendo o até então Presidente, Cary Silkin,
num cargo executivo. Já no decorrer do presente ano (2014) a
companhia anunciou a sua entrada no mercado tradicional de PPVs,
abrindo-se-lhe, desta forma, novas portas e horizontes no sentido de
aumentar as receitas e, ao mesmo tempo, alargar ainda mais o seu core
de fãs e seguidores.
Ora, depois desta pequena e rápida revisão à história
da ROH, importa debruçar-mo-nos naquilo que, ao longo da sua
existência, constituiu o suporte e tomadas de decisão por parte de
quem a administra e chefia. E, neste capítulo em particular, a meu
ver, são inúmeras e demasiadas as críticas que se lhe podem
apontar. Em qualquer área de actividade de que participamos ao longo
das nossas vidas e percursos profissionais devemos sempre dar o
máximo e procurar melhorar e evoluir. Quem não o faz, está, como
me parece óbvio, com uma postura e atitude bastante erradas e que
lhe podem ser prejudiciais. Por consequência, quando falamos na
administração de uma empresa, são os mesmos valores e
pro-actividade que nos devem mover e, como tal, qualquer dono, patrão
ou chefe deve dar o máximo no sentido de fazer a sua companhia
crescer, desenvolver-se, evoluir e tornar-se cada vez mais
sustentável. É, portanto, neste ponto em concreto que a
administração da Ring Of Honor tem falhado e tem falhado de um modo
feio. Assim, se de 2002 (data da sua criação) a 2011 (data sua
aquisição por parte do Sinclair Broadcast Group) não podemos
levantar grandes acusações ao que constituiu a gestão levada a
cabo por Cary Silkin (porque há que reconhecer as limitações de
âmbito económico-financeiro que a acompanharam e que, ainda sim,
não deixaram de permitir o constante e progressivo crescimento da
promotora), o mesmo já não podemos dizer da data e período que
marca a entrada em cena do Sinclair Broadcast Group. Porque este
grupo já possui uma considerável dimensão no mercado televisivo
norte-americano e tem capacidades e potencialidades financeiras que
bem aplicadas e investidas na ROH, certamente, permitiriam à
promotora um crescimento, consolidação e alargamento da base de fãs
e seguidores bastante mais rápido.
A Ring Of Honor é, ainda, considerada por muitos como
uma indy promotion (é, aliás, vista como a Raínha das Indys), no
entanto, a companhia já tem ao seu dispor meios e ferramentas de que
nenhuma outra empresa do circuito independente goza, como o acesso ao
mercado televisivo e de PPVs. Por outro lado, a atracção que a ROH
exerce sobre os talentos e free-agents que percorrem o circuito
independente é, também, bastante superior à dos seus concorrentes,
uma vez que os wrestlers sabem que a exposição mediática e
visibilidade a que estão sujeitos nesta promotora é bastante
superior aquela a que estariam expostos nas demais. Ora, perante
todas estas mais valias e vantagens competitivas, porque raio ainda
consideramos a ROH como uma indy?! A resposta parece-me que está,
acima de tudo e em consonância com o que venho escrevendo ao longo
deste texto, ligada à forma como o Sinclair Broadcast Group tem
gerido a promotora e com os meios que esse mesmo grupo não tem
disponibilizado e investido na produção e promoção da ROH. E falo
nesta questão da produção e promoção, em particular, porque, de
facto, a primeira ideia com que uma pessoa fica cada vez que assiste
a um programa da companhia ou a um dos seus ppvs é de que a sua
produção e imagem são demasiado pobres, extremamente escuras e
extraordinariamente pequenas, fechadas e claustrofóbicas...e este é,
de facto, o ponto fulcral em que a ROH não consegue diferenciar-se
de qualquer outra indy promotion.
Em muitos casos a percepção é ou torna-se a realidade
e se quando as pessoas olham para a ROH vêm algo pequeno e
extremamente mal produzido, irão sempre encará-la em conformidade
com essa imagem e primeira fotografia que lhe tiraram. Portanto,
pergunto-me, já que o SBG está a investir na ROH, porque raio não
o faz como deve ser e no sentido de conseguir retorno?! Será assim
tão difícil adquirir os equipamentos necessários a uma produção
minimamente moderna e que consiga transmitir uma imagem profissional
do que é feito na promotora?! É assim tão complicado comprar mais
umas cameras e um sistema de luzes que dê brilho e luminosidade à
plateia e ringue?! Qual a dificuldade de adquirir um ringue um pouco
maior e de lhe apertar as molas, para dar mais espaço aos wrestlers
e, ao mesmo tempo, credibilizar a dureza do local onde combatem?! Por
outro lado, porque raio não aumentam o tempo e espaço de antena do
programa semanal da ROH para 90 minutos?! Quais os entraves a começar
a estruturar esse mesmo programa no sentido de lhe conferir uma
sequência lógica de storylines, storytelling e acontecimentos?! Têm
medo de apresentar um produto main stream e de alargar o número de
seguidores?! Acreditam que é impossível ser diferente da WWE e/ou
da TNA se apresentarem um produto direccionado para um número mais
largo de espectadores e telespectadores?! Querem ficar com a dimensão
que possuem actualmente ou crescer e evoluir?! Vão continuar a
negligenciar os talentos que possuem apenas porque não querem
investir seriamente na produção e promoção da companhia?! Enfim,
um sem número de questões a que esta administração e gestão por
parte do Sinclair Broadcast Group tem dado uma resposta que, na minha
opinião, é tremendamente insatisfatória e negativa.
E
vocês, o que pensam da gestão que o SBG tem feito da ROH?! O que
fariam de diferente?! Como aproveitariam todas as potencialidades e
qualidades da ROH?!
Um Abraço,
Dias Ferreira
PS:
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ver ser tratados neste espaço.
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4 comentários:
Concordo na maioria contigo sim senhor. A ROH poderia ser considerado uma promoção nacional por esta altura se não tivesse uma produção que em nada apela ao fã mais comum de wrestling. Ainda assim discordo de algumas coisas. O ringue da ROH é o tamanho normal de um ringue de wrestling. Aumentá-lo será à vista da maioria indiferente. E aumentar o tempo televisivo não me entra muito na cabeça. O produto da ROH é 90% focado no ringue, 10% nas storylines. Termos um programa de 90 minutos implicava que 65 minutos +/- seriam wrestling e 10 minutos de promos, uma vez que os intervalos seriam de 10 ou 15 minutos. Ora, era muito massudo vermos combate atrás de combate. Não se trata de um PPV com combates de excelência, trata-se de um show de TV com foco a dar hype a 3 ou 4 workers enquanto o resto é encher espaço. Não seria benéfico.
Acredito que a equipa criativa da ROH esteja insatisfeita por ter de estar presa à SBG, porque nesta altura poderiam bem ter um deal televisivo melhor, com melhor produção e visibilidade a nível nacional. O show semanal deles só é emitido na tri-state area e isso prende-os ao regionalismo.
Sim Moore, mas se reparares, quando falei no aumento do tempo do programa para 90 minutos, referi, de forma complementar, a apresentação de um produto mais próximo do main stream wrestling...no fundo, de um produto que pudesse agregar o interesse e entusiasmo de um maior número de gentes.
Eu não consigo ver o pro wrestling como sendo apenas um produto em ringue...acho, inclusive, que isso é quase uma negação da própria modalidade. Na minha opinião tem de haver sempre um build up para os confrontos e combates, tem de haver sempre uma história por trás que faça com que os matches aconteçam e, acima de tudo, com que as pessoas queiram ver os wrestlers intervenientes a enfrentar-se. Portanto, foi mais nesse sentido.
Abraço
É verdade que o referiste e concordo contigo que claro, o in-ring wrestling na sua maior popularidade tem de ser complementado por uma build e uma história que puxe ao interesse, mas na minha opinião há excepções e a ROH é uma dessas. Recorrer ao mainstream como uma WWE ou uma TNA e marcar mais pela storyline que pelo combate em si é uma renúncia ao passado da própria companhia, que desde sempre é conhecida pelo bom wrestling técnico e pelo respeito entre dois adversários (que se tem vindo a perder com a diminuição da influência do Code Of Honor) tal como se de um desporto se tratasse. Não me cabe na cabeça a ROH passar a ser somente mais uma empresa de entertainment.
Abraço.
Pois, mas então aí entras numa outra questão que também levantei neste texto...qual é o patrão que no seu perfeito juízo não quer que a sua empresa cresça, se torne sustentável e rentável?!
É que mantendo as coisas como elas estão, certamente, que rentabilidade é coisa que não se tira da ROH e enquanto a empresa não apontar a um público mais alargado essa situação não se vai alterar.
Depois vocês estão sempre com medo que apresentando um produto para um público mais vasto se tornem iguais à WWE e à TNA...não tem de ser assim, podem muito bem manter aquilo que é a identidade da ROH, acrescentando-lhe, ao mesmo tempo, a vertende necessária de entretenimento que ajude a construir os combates e os próprios wrestlers que deles participam.
Para além disso, estranho que estejam sempre com medo de parecer semelhantes à WWE e à TNA, mas não vos faça a mínima impressão que sejam, em termos de produto, praticamente iguais à PWG, à Evolve, etc.
Quanto ao respeito pelos fãs...epah, se querem continuar agarrados só a uma pequeníssima base de fãs o que em nada ajuda ao desenvolvimento da empresa, muito bem...agora, eu acho que é errado, quantos mais seguidores melhor...mais viável e lucrativa se torna a actividade e as possibilidades de apresentar um espectáculo cada vez melhor e maior.
Mas pronto, são opiniões, e apesar de discordar da tua, não deixo de a respeitar.
Abraço
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