Boas, caros colegas da CWO
nacional. Pela segunda vez escrevo aqui no Spam e pela segunda vez vos dou
assim as boas vindas ao meu Wrestling Corner. Hoje, como podem muito bem ler no
título vou falar da TNA e o assunto concreto está bem explícito no título.
Vou-vos falar, no meu ponto de vista, dos positivos e dos negativos da TNA,
que, como bem sabemos teve (até ver) o Impact Wrestling, seu maior programa
semanal, cancelado pela Spike TV e já viveu dias melhores, ou pelo menos julgamos
nós.
Começamos pelos contras da
TNA, que para o fã normal da CWO são muito mais (talvez por erro de julgamento)
que os aspectos positivos:
1. Figuras de autoridade:
possivelmente um dos erros da TNA que são mais facilmente notados por qualquer
fã que tenha começado a ver TNA nos últimos seis meses e que não seja grande
entendido acerca do “biz” que é o pro wrestling. Nestes últimos seis meses
tivemos Dixie Carter, MVP e agora Kurt Angle como figuras de autoridade
on-screen na TNA e há que notar que os primeiros dois ocupavam um enorme tempo
de antena na programação da TNA e ainda hoje as storylines maiores da empresa
são em torno de Dixie e de MVP de alguma forma.
2. Dixie Carter a toda a
hora: podia ter incluído este ponto dentro do primeiro, mas a Dixie já não é a
verdadeira figura de autoridade da TNA e merece um tópico próprio.
Podemos ver a Dixie como
uma faca de dois gumes. Se quando ela primeiro começou a aparecer mais em TV,
nós até achávamos engraçado porque enquanto babyface ela parecia genuína,
eventualmente começou a aparecer demasiado e até turnou heel (ainda o é até
hoje) sem que ninguém percebesse porquê. E em parte conseguiu que a odiássemos
por ser tão mau vê-la como heel e por ser tão maçador vemo-la a toda a hora.
Atualmente cada vez que vemos o Impact temos que gramar com a Dixieland que não
é uma storyline bem conseguida e no meu ponto de vista só tem o EC3 como ponto
de interesse.
3. Booking longe de
excelente: basta ver um, um episódio do Impact nos últimos meses e é bem possível
ver que o booking é inconstante e se viveu excelentes dias há uns dois anos, o
ano de 2014 tem sido… mau. Vejamos que Eric Young ganhou o título que até
merecia, mas cujo booking tanto antes da vitória como depois foram
questionáveis. A construção de Eric Young no caminho do título foi apressada e
isso levou a que os fãs tivessem de engolir um reinado de World champion da
parte de um midcarder que há pouco tempo atrás era wrestler na divisão
feminina. Depois da vitória Eric Young foi bookado na feud contra Dixie Carter,
que envolvia muito mais gente em que o campeão era mesmo um dos membros menos
over da linha da frente anti-Dixie.
Também o reinado de Lashley
teve uma construção fraca que originou a uma reacção terrível e que agora ainda
foi ainda mais questionada quando se soube que o campeão há-de voltar às MMA em
Setembro ao serviço da Bellator. Não é nada bom ter como campeão alguém que vai
abandonar a companhia.
4. Tiro no escuro em busca
de popularidade: talvez o pior erro da TNA actualmente. O mau booking não é só
coisa de agora, mas a tentativa de ser mainstream foi o que levou à falta de
interessa da fanbase mais hardcore da TNA desde os tempos áureos. Em 2010 a TNA
livrou-se da sua imagem de marca em estética: o ringue de seis lados, que foi
recentemente recuperado. Longe disso ser o maior problema desta tentativa de
grandeza. A X Division foi o que diferenciava a TNA do resto. Ali encontrava-se
acção excitante que nos permitia observar workers pouco conhecidos e tê-los em
conta como algo inovador pelo high-flying e fast-paced-action que era
praticado. Foi nisto que se baseou a aposta máxima da TNA nos seus primeiros
anos, criando-se até inovadoras estipulações para a divisão, como o Ultimate X. Agora é uma divisão praticamente morta.
Para além disso, também a divisão
feminina e a divisão de equipas, que se destacavam pela qualidade, deixaram de
ser aposta forte da TNA nos últimos anos e o wrestling heavyweight passou a ser
praticamente o único foco de aposta da TNA. É pena.
5. Stables a mais: vamos
tentar lembrar-nos de uma stable nos últimos anos que tenha sido bem conseguida
por parte da TNA… somente a Main Event Mafia original me surge à ideia e isso
já foi há quase 6 anos. Desde aí as stables ocupam também elas um enorme tempo
de antena. Tivemos Fortune, Immortal e Aces & Eights. E esta última era uma
ideia excelente, mas foi vítima de um booking péssimo ao fim de uns 3, 4 meses
da sua formação.
Atualmente há MLK e há
Dixieland: duas stables heel que são o centro das atuais storylines da TNA, o
que é triste tendo em conta que pelo menos uma devia ter acabado quando as duas
tiveram feud e o que é triste quando percebemos que, actualmente, as duas têm
mais ou menos o mesmo objectivo.
Bom, já tendo falado dos
pontos negativos da TNA, tempo agora para lembrar que nem tudo na TNA está
errado:
1. Mudança para Nova
Iorque: pode ser uma coisa só de uns meses, mas não há dúvida que um produto
como o da TNA tem muito mais interesse numa cidade onde os fãs de wrestling são
conhecidos por serem bem expressivos, ao contrário do que acontecia na Impact
Zone recentemente. É raro ver-se em Nova Iorque um combate sem reação e se isso
acontece é sinal que algo está errado. Não há que negar que os últimos Impact
animaram muito mais quem os viu do que os Impact de há uns meses.
E vejamos as portas que a
mudança para NY pode abrir à TNA: mais conteúdo hardcore é um exemplo. Não irá
aumentar as audiências em casas de família, mas esse não era o público alvo
original da TNA e agradar à “testosterona” é o que pode dar dinheiro à TNA,
como sempre o fez.
2. Estrelas feitas de
pouco: um ponto em que a TNA é superior à WWE é este. A TNA não nega o passado
das suas contratações sonantes. Recentemente os Wolves foram aposta na TNA em
revitalizar a divisão de equipas e houve uma grande hype antes da sua
contratação, anunciando-os como uma das melhores equipas do mundo. A verdade é
que o são e justificaram isso e assim que entraram na TNA foram vistos como
estrelas. Austin Aries em 2011 e Samoa Joe em 2005 tiveram o mesmo tratamento.
Aries hoje é main eventer, já Samoa Joe foi vítima do mau booking recente da
empresa.
3. Os “restos” da WWE: são
muitos os ex-WWE que têm passado pela TNA recentemente. Lashley, MVP, Mike
Knox, Derrick Bateman… são quatro nomes que nos últimos tempos têm tido
bastante relevância na TNA sem que alguma vez tivessem tido um push tão elevado
na WWE. E compreende-se: é draw fácil o uso de ex-workers que trabalhavam numa
empresa com muito maior exposição e será excelente se forem bem utilizados.
Derrick Bateman, por
exemplo, nunca teria tido uma chance de brilhar na WWE por ser só mais um,
contudo, na TNA tem uma gimmick brilhante que causa heat instantâneo e será
excelente numa eventual face turn bem bookada. Algo que deve estar para breve.
Bom, desta edição é tudo.
Este foi o meu ponto de vista sobre o estado actual da TNA, 2ª maior promoção
norte-americana. Espero ter-me expressado da forma mais correta e, como é
óbvio, podem comentar com o vosso ponto de vista, quer concordem ou não comigo,
estão à vontade.
Abraço,
Mauro Salgueiro Delca.
2 comentários:
Inicialmente a Dixie até estava a desempenhar bem o papel de heel. Ela encaixava muito bem no papel de "boss que não sabe nada daquilo que está a fazer". O problema foi que ela enquanto heel nunca colocou ninguém over, isso e o facto de em cada show ter pelo menos uns três a quatro segmentos dedicados a ela.
O maior problema da TNA actualmente é a falta de identidade e começa a ser notório esse problema. Não há nada que distinga a TNA, e cada vez mais vemos esta companhia a querer adaptar storylines da WWE ou a querer apostar nos nomes mais sonantes da ECW.
Pessoalmente, acredito que o maior problema da TNA é não ter ao certo uma imagem de si própria e daquilo que quer fazer e ser. A empresa precisa constituir-se como algo, dentro do wrestling, que seja diferente da WWE...mas não diferente em tudo, ela deve ambicionar a dimensão, grandeza, know how e produção da empresa de Vince McMhaon, depois é nos conteúdos que pode divergir.
Por exemplo, é essencial que a TNA consiga, pelo menos, construir o seu primeiro grande drawer, estabelecer verdadeiramente a sua brand e definir uma estratégia de médio-longo prazo que permitira trilhar esse caminho. Não pode, como tem feito até aqui, mudar de planos sempre que eles não dão resultados imediatos...porque resultados imediatos no wrestling não existem...a própria WWE quando lançou a Attittude Era demorou 1 ano e meio até conseguir bater a WCW.
De resto, também acredito que a promotora necessita de alguém verdadeiramente capaz e criativo na equipa de writers, porque desde os Aces and Eights que a TNA nunca mais ofereceu uma storyline digna de registo.
Bom trabalho, Abraço
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