Boas, caros colegas da CWO. Trago-vos aqui
a 2ª edição do meu Moore’s Wrestling Corner, desta vez sim, para falar de
wrestling independente com um tema novamente bem simples, e que servirá também
ele como uma espécie de complemento à apresentação que fiz na semana passada.
O artigo não será longo ou pelo menos
assim espero e abrange apenas as promoções independentes mais importantes (ROH,
PWG, WWN…)
O primeiro dos Young Bucks vs. reDRagon (não o referido posteriormente)
Bom, podemos começar pela simples beleza
quer do wrestling técnico (aquele
que considero mais puro) como também do high-flying
(o mais espectacular). E nas indies que referi acima os dois complementam-se e praticamente
a totalidade de um evento de qualquer uma delas baseia-se no technical
wrestling ou no high-flying wrestling. E o excelente é que ambas, quando bem
combinados produzem algo magnífico que salta à vista a qualquer um e que, pelo
menos a mim, me faz por vezes agir como um miúdo ao ver um combate.
Recomendo
que vejam Young Bucks vs. reDRagon no War Of The Worlds, show da ROH em conjunto
com a NJPW, algo que nos leva ao próximo ponto.
Chris Hero, no seu regresso à ROH. Já havia combatido na mesma noite pela CZW
Este ponto fala portanto dos contratos abertos e da cooperação de algumas das indies.
Ora,
se por acaso jogam EWR ou TEW já se depararam com contratos abertos (Open
contracts). E se não souberem do que se trata eu explico rápido: é isso que faz
as indies… serem indies. Não há exclusividade de contratos. Não há porque,
pronto, as companhias não estão em excelente situação financeira e como tal não
os podem oferecer. Mas isto oferece-me a possibilidade de ver, por exemplo, um
dos meus wrestlers preferidos (Chris Hero) a ser presença constante na ROH,
PWG, WWN e a lista continua. Outra possibilidade é o podermos ver um combate em
duas companhias diferentes. Não é certamente uma coisa nova mas serve de
comparação. Recentemente vimos Adam Cole vs. Chris Hero na PWG e na ROH. Ambos
foram muito bons à sua maneira. Enquanto o combate na ROH foi melhor trabalhado
no que aos basics diz respeito, na PWG foi mais rápido e agressivo.
O primeiro combate da feud entre ROH e CZW opôs Danielson a Hero
Quanto à cooperação que veio a propósito
da NJPW. Convém referir que esta não é uma indy. Era só um ponto que queria
esclarecer.
Ora, o tópico em si: não é prato do dia
ver cooperações e elas já foram mais comuns, quer através de shows conjuntos,
quer através de defesas de títulos. Este último caso ainda acontece com a NWA,
mas principalmente shows conjuntos são raros, mas excelentes para ajudar ambas
as promoções envolvidas. A ROH e a PCW (Preston City Wrestling) vão fazer um
supershow em Setembro. Lógico que a maioria dos combates serão ganhos por
wrestlers da ROH. Normal, a PCW é apenas uma federação com sucesso no Reino
Unido. Contudo, isto ajudará a PCW a obter popularidade, quer no seu país, quer
a nível internacional. O mesmo acontece à ROH que poderá alargar a sua fanbase
britânica.
Um bom exemplo de cooperação que quero
referir já tem oito anos: ROH e CZW tiveram uma storyline em conjunto. A CZW
fez papel de invasora e no final ganhou ambos lucraram com isso. A ROH venceu
claro está.
Davey Richards vs. Michael Elgin, o último 5-star match em solo norte americano (Maio de 2012)
O último ponto fala do que as
independentes têm de melhor que os as diferencia do mainstream que a WWE e a
TNA podem oferecer. E podemos usar um slogan da TNA: Wrestling Matters. É sobretudo isto que faz o típico fã indy
preferi-las. As storylines da ROH por exemplo são bem simples de acompanhar. As
promos são na sua maioria postadas no youtube e eu, por exemplo, nem me dou
muito ao trabalho de as ver, porque se tratam do que se viu no ROH Wrestling.
São promos que não ocupam mais de um minuto e isso permite que se desenvolvam
várias storylines numa hora de tv apenas. Cinco ou seis promos: um minuto cada,
deixando o resto do slot para wrestling. Já a PWG nem se pode dar ao luxo de
gastar o tempo dos seus eventos, que dá em média 3 horas por mês apenas, com
promos ou segmentos. Não é isso que o público procura e por isso as promos são
quase inexistentes e quando existem são para dar relevo a um acontecimento
instantâneo. Recorde-se a formação dos Mount Rushmore no Battle Of Los Angeles
2013.
Dito tudo isto, estas são as principais
razões que me fazem preferir optar por wrestling independente ao invés de WWE
ou TNA. Concordem ou não concordem, qualquer comentário que fizerem será
apreciado porque é sempre bom discutir alguns pontos de vista. Sem mais me
despeço por hoje.
Abraço,
Mauro Salgueiro Delca.
5 comentários:
Bem, isto será sempre uma questão de preferência e, por isso, bastante subjectiva...mas devo confessar que aquilo que te faz gostar tanto do indie wrestling, é aquilo que, normalmente, me aborrece quando o vejo =P
Eu não gosto de combates sem psicologia de ringue, sem storytelling, sem que os wrestlers intervenientes estejam a interpretar os seus personagens, sem que haja realmente uma preocupação de recorrer à expressividade facial e corporal, sem que se verifiquem as pausas necessárias para vender bem os moves e os adversários, etc. Da mesma forma, acredito que, no wrestling, por se tratar de uma luta encenada, os combates só fazem sentido e só se tornam interessantes, se antes houver uma rivalidade e storyline que ajude a criar buzz em seu redor, que lhe de hype...caso contrário, sem uma história, que história se pode contar dentro do ringue?! Nenhuma e, geralmente, é isso que eles fazem...spot atrás de spot, atrás de spot.
Não me interpretes mal, respeito completamente que gostes de assistir a este estilo...estou simplesmente a confessar que ele representa tudo quanto eu não gosto no pro wrestling.
Continua o bom trabalho,
Abraço!
Acho que tens uma ideia um bocado errada daquilo que se passa no circuito independente. É verdade que muitas vezes, existem certos combates são um autentico spotfest; mas também existem workers muito talentosos que sabem conduzir grandes combates e contarem uma história. Não existem é personagens muito elaboradas, mas existe a preocupação em recorrer à expressão facial e corporal, é algo que a maioria dos top guys da indies faziam no passado e fazem actualmente. E é possível contar uma história dentro do ringue sem que haja grandes rivalidades, é algo que acontece constantemente na NJPW onde só existem combates praticamente.
Não tenho uma ideia errada não, estás enganado. Apesar de não ser um estilo que não corresponde às minhas expectativas enquanto fã ou, pelo menos, que vá de encontro a elas, nunca deixei de assistir e de me manter atento ao que por lá se faz...sobretudo, porque aparecem sempre tipos novos com elevado potencial.
O problema está, também e muito, na produção e no público-alvo. A produção é quase caseira, muito pobre mesmo e, até mesmo a ROH que tem melhores condições que qualquer outra indie e que pertence a uma companhia de televisão, é completamente negligenciada na sua produção. Por outro lado, enquanto no main stream wrestling o público está educado e sabe que tem de seguir uma sequência lógica de acontecimentos, no indie wrestling isso já não se verifica. No indie wrestling os talentos estão quase que obrigados a prender a atenção ao máximo cada vez que têm essa oportunidade porque, caso contrário, se não ficarem na retina da plateia, dificilmente terão mais espaço e tempo num outro evento e o pay off torna-se bastante reduzido. Ou seja, o main stream wrestling está vocacionado para a plateia e também para a televisão...o indie wrestling foca-se, acima de tudo, nas plateias e, com isso, perde-se grande parte da importância que o storytelling, as storylines e os gimmicks deviam possuir.
Depois, não podes confundir o indie wrestling com o puroresu, porque são estilos completamente diferentes e as promotoras que os oferecem também...a NJPW é uma companhia de puroresu, não tem nada a ver com o indie wrestling e/ou o circuito independente.
Abraço
Quando referenciei a NJPW, serviu para mostrar que é possível contar uma história no ringue na ausencia de storyline. Por exemplo, o opener do PWG Sold Our Soul for Rock 'n Roll, não tinha grande background. Ainda assim, foi um combate bastante sólido e no qual o Rodrick Strong e o Cage conseguiram contar uma história.
Ya, a produção é muito fraca. Não têm o mesmo poder financeiro, mas não é por aí que perdem qualidade. Simplesmente tornam-se diferentes. Não têm TV, mas têm um público que segue o seu produto constantemente, e como tal vemos companhias como a RoH a seguirem uma sequência lógica de acontecimentos. Não estamos constantemente a ver combate com storytelling, não estamos sempre a ver grandes gimnicks e nem sempre há bom storytelling, mas não estão totalmente ausentes. E às vezes quando vemos, reparamos que é bastante bem feito.
Em todo o caso, e tal como referi no meu primeiro comentário a este post, não estou a desfazer em nada nem nas preferências de ninguém...simplesmente dei a minha opinião sobre o que penso do indie wrestling.
Há uns tempos atrás até escrevi um texto sobre essa situação (http://wrestlingspam.blogspot.pt/2014/08/dias-is-that-damn-good-188-o-main.html) e lá explico o porquê de preferir o main stream wrestling ao indie wrestling e quais a minhas objecções ao último.
Agora, como é óbvio, não sou o detentor da verdade absoluta, tenho a minha visão e preferências, mas respeito a dos outros e de maneira nehuma quero impor as minhas ideias a ninguém!
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