Boas Pessoal!
Sejam bem vindos a mais um "Dias is That Damn Good", o espaço com maior número de edições na história do XBooker e da CWO =P
Recorrentemente, por esta comunidade que virtualmente habitamos, se discute sobre qual será o melhor wrestler ou o melhor lutador da nossa modalidade, não se fazendo muitas vezes a necessária distinção entre ambos. Por essa razão, e também porque não me recordei de nenhum outro tema (LOL), decidi trazer-vos uma pequena reflexão acerca deste assunto, na coluna que agora vos apresento.
Não percam, portanto, as próximas linhas...
Um bom ponto de partida para compreendermos o que está em causa neste "debate" acerca do melhor wrestler, prende-se com a real percepção que temos do Pro Wrestling enquanto modalidade, indústria e forma de entretenimento que reúne um sem número de seguidores por todo o planeta. O Pro Wrestling trata, essencialmente, de contar histórias ao seu público através de coreografias em forma de luta, apresentadas pelos grandes actores da modalidade, os wrestlers. No entanto, e porque é algo dirigido para as pessoas e feito por elas, o wrestling é produzido de forma diferente, consoante os diferentes intervenientes na acção...contudo, a função primordial mantém-se sempre igual, criar sensações nos fãs, e cativar e entusiasmar os seus seguidores. Para percebermos o que estou a tentar explicar, podemos recorrer a exemplos de forma a simplificar esta explicação...portanto, se imaginarmos dois dos melhores wrestlers do mundo dentro de um ringue a combater e a ter o melhor desempenho de sempre, ficamos extremamente entusiasmados...no entanto, se a esse combate lhe retirarmos o factor público, ele torna-se logo num match diferente, deixando de fazer qualquer sentido. E deixa de fazer qualquer sentido, porque já não se verifica uma necessidade de trocar olhares, de contar uma história ou de criar reacções na plateia e de puxar pelos fãs. O wrestling existe pelo fãs e para os fãs...sem eles, nada valeria apena e a modalidade seria igual a qualquer outra forma de desporto de combate.
E agora vocês perguntam-se onde eu quero chegar com esta conversa!? Muito simples, há desmistificação do facto do melhor wrestler não ter de ser aquele que é considerado o melhor lutador. E aqui, chegamos a um outro item essencial para compreender o wrestling, agora, como industria...o markting e o mershandising. Ora, num desporto ou forma de entertenimento virado para as pessoas, os actores e intervenientes têm obrigatoriamente de conseguir sobressair e destacar-se...têm, necessariamente, de criar reacções no público e fazer-se sentir amados e adorados ou odiados e desprezados. Só desta forma se conseguirá vender uma marca, uma imagem, uma personagem e uma história...componentes essenciais e que tornam o wrestling profissional no desporto de excepção em que ele se constituiu. Logo, podemos estar perante o melhor lutador do mundo, alguém que dentro do ringue seja realmente "mágico", no entanto, se ele não conseguir compreender o público, se não conseguir controla-lo e fazê-lo sentir aquilo que ele tem planeado, se lhe faltar carisma e capacidade comunicacional, etc...então, esse melhor lutador, nunca será o melhor wrestler. Mais do que uma interactividade com o parceiro de representação, o pro wrestling exige que os seus praticantes saibam interagir com o público!
Passando, agora, a factos mais concretos posso referir o caso de Dusty Rhodes, alguém que claramente não era brilhante dentro do ringue mas que compreendia os fãs e sabia controla-los...alguém que fazia as pessoas pagarem para o poderem ver a mexer o rabo e a "enrolar" os braços antes de dar uma cotovelada no adversário. No sentido inverso, posso falar-vos de um Lance Storm, um wrestler com in-ring skills geniais, mas que nunca conseguiu sentir a plateia e que, por isso, mesmo sendo um dos melhores lutadores, nunca conseguiu ser um dos melhores wrestlers. O próprio Bret Hart, cujo o nickname "excelence of execution" fala por si, nunca conseguiu constituir-se num verdadeiro drawer, ao passo que um Steve Austin e um The Rock, muito menos capacitados em ringue, se tornarem grandes fenómenos de popularidade. Por outro lado, temos aqueles que foram excelentes em ambos os níveis, fazendo com que se verificasse uma real coincidência entre melhor wrestler e melhor lutador..falo de casos como Ric Flair, Shawn Michaels e Triple H.
E neste sentido, muitos criticam Hulk Hogan e Kevin Nash pela suas capacidades dentro dos "quatro cantos", pelos títulos que conquistaram e pelo tempo que comandaram e carregaram as empresas a que pertenceram...esquecem-se, no entanto, que um olhar do Hogan conseguia cativar mais público que o mais brilhante dos combates de, por exemplo, um Chris Benoit. Esquecem-se, no que diz respeito a Kevin Nash, que ele foi o homem que mais taunts e psicologia de grupos e stables trouxe para o Pro Wrestling moderno. Esquecem-se, essencialmente, que tanto um como outro, conseguiram fazer de ataques perfeitamente normais, finishers tremendamente credíveis e que isso só acontece, porque eles compreendiam o wrestling no seu todo, sabendo tirar dele todos os proveitos e benefícios possíveis. Depois há aquela parte em que é preciso saber contar a história (com o corpo, com gestos, com expressões faciais, etc), em que é preciso ter noções de psicologia de ringue e saber representar as personagem, interpretar os combates e, através deles, tornar tudo lógico. Eles souberam fazer tudo isso e são criticados e, é por isso, que quando me vêem falar num John Morrison e num Dolph Ziggler como os wrestlers que oferecem os matches mais fantásticos dos eventos em que participam, me dá um verdadeiro nó no estômago...não me interpretem mal, eles têm talento, contudo, pouco percebem de wrestling e esse é um dos verdadeiros problemas desta nova geração de wrestlers...e felizmente que ainda há Randy Ortons, John Cenas, Ted DiBiase Jrs. e Cody Rhodes...pelo menos, estes quatro já garantem algum "know how" e "Savoir Faire" para o futuro!
Bem, e foi mais um "Dias is That Damn Good", que espero tenham gostado e comentem!
Um Abraço, Dias Ferreira!
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