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quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Dias is That Damn Good #145 - "Os 5 Pecados Mortais da WWE"

Boas Pessoal!




Sejam bem vindos a mais um "Dias is That Damn Good", o espaço com maior número de edições na história do XBooker e da CWO ;)

A WWE é a maior companhia de Wrestling do mundo e da história da modalidade, contando com milhões de fãs espalhados pelo planeta e com um produto que, dentro da indústria, é, de longe, aquele que apresenta maior qualidade. Contudo, é um facto que a apreciação do produto oferecido pela empresa de Vince McMahon tem oscilado bastante ao longo dos últimos tempos...a verdade é que a WWE já esteve melhor no que à qualidade da sua produção diz respeito e, embora continue a assumir-se como a melhor opção dentro do mercado para os fãs de Pro Wrestling, não deixa de ser estranho o facto de falhar em questões que sempre soube contornar e que a ajudaram a cimentar o seu lugar no topo.

É, portanto, a estas questões em que a WWE tem falhado que vou dedicar o presente artigo, detectando as cinco principais e mais graves lacunas da empresa e explicando-as de uma forma sucinta, mas também, fundamentada.

Não percam, por isso, as próxmas linhas...




1. O Público-Alvo:

> A descoberta de um novo público-alvo, tem-se revelado um dos grandes problemas da WWE no pós "Attitude Era". A verdade é que as companhias podem decidir alterar a sua forma de produzir e transformar o conteúdo do seu produto, no entanto, se não tiverem um público-alvo bem definido, torna-se difícil obter resultados. Quando Vince McMahon decidiu que estava na altura de alterar o destino do seu produto, quis, também, pôr termo à política que centralizava a empresa em nichos de público reduzidos e super bem definidos. O Vince quis, sobretudo, alargar o público da WWE e dar-lhe uma dimensão bem mais global e universal, esquecendo-se, contudo, que essa sua vontade iria obrigar a grandes desenvolvimentos estruturais dentro da companhia e para os quais, na altura, ela não estava preparada. Penso que as decisões não podem ser tomadas de uma forma abrupta e que é necessário ir consciencializando as pessoas, de uma forma gradual, para a mudança...ora, na WWE as coisas parece que foram do 8 ao 80, por isso, é compreendível que tantos fãs se tenham revoltado contra a empresa e o seu produto. Mas WWE não criou nenhuma "Kids Era" ou algo que se pareça (como muitos afirmam), ela centrou-se sim, num consumidor chamado "Família" e, por essa razão, teve de produzir algumas alterações na forma e conteúdo do seu trabalho. Pessoalmente, julgo que esta questão já teve piores dias, acho que houve mesmo uma altura em que a WWE andava "à nora" e não sabia mesmo o que fazer para chamar a atenção dos fãs, mas, de momento, o pacote familiar para quem a empresa produz e trabalha, parece estar a resultar e a seguir com números consolidados o que a companhia tem vindo a oferecer.

2. As Padronizações:

> Outro dos grandes problemas que tem afectado a WWE, tem sido a onda de padronizações que o produto da companhia tem conhecido. Padronizaram-se os cards dos PPVs, padronizaram os temas e conceitos dos PPVs, padronizaram os tipos de combate e o show oferecido pelos wrestlers, padronizaram a forma de produzir e criar novas estrelas, padronizaram os wrestlers, etc. Eu não tenho a menor dúvida de que o factor "padrão" em termos económicos possa ter custos bem mais reduzidos e que facilita o trabalho a muita gente, contudo, no medio/longo prazo torna-se numa política extremamente lesiva se tivermos em conta uma indústria como o Pro Wrestling. Se reparar-mos, os cards dos PPVs são quase sempre iguais, alterando numa pequena coisa ou noutra, e isso acaba por se tornar repetitivo e algo desgastante para quem consome; outro caso em que a repetição se torna desgastante e acaba até por prejudicar o trabalho de booking, prende-se com os PPVs Temáticos, onde independentemente dos desenvolvimentos das feuds e storylines, o tipo de combate já está definido, ao invés de deixar que seja a história a estipular o tipo de combate; outro bom exemplo da padronização prejudicial são os combates...quantas vezes não olhamos para o ringue e embora visualizemos wrestlers diferentes o combate pareça sempre igual (especialmente nos tag team match, onde parece que a "coreografia" é a mesma para todos)!?...Eu não digo que a WWE não deve tentar padronizar algumas coisas, mas a forma extensiva como o faz é que não se torna rentável, nem aceitável...por isso, era melhor que desse alguma maior liberdade aos wrestlers e aos bookers, para que eles próprios se recriassem e nos oferecessem coisas inovadores e refrescantes.

3. Originalidade e Criatividade:

> Na linha do que foi dito no ponto anterior, a Originalidade e a Criatividade ganham, também, relevante importância quando falamos nos grandes "pecados" da WWE. O facto é que a companhia nos tem oferecido, vezes sem conta, as mesma feuds, com os mesmos intervenientes, os mesmos tipos de história, os mesmos finais, etc. E esta constante aposta na "mesmisse" só demonstra que a criatividade e a originalidade já não são uma das características mais marcantes nas equipas criativas da WWE. Eu sempre defendi que a maior parte das "coisas" estava inventada, no que ao Pro Wrestling diz respeito, e que pouco mais havia a criar de novo...contudo, julgo que tem de haver uma utilização das velhas histórias de sucesso, adaptadas à realidade e aos novos intervenientes que nelas vierem a participar...porque repetir histórias, sempre com os mesmos, simplesmente, não resulta. Depois, julgo, também, que é necessário apostar em rivalidades mais duradouras, que permitam um build up e desenvolvimento mais profundo e que deixem os wrestlers adicionar-lhes uma vertente mais pessoal e intensa. Está na hora de apostar nas boas construções, na solidez e na coerência, está na hora de apostar e acreditar nos lutadores...chega de tanto script e condicionalismos, dêem-lhes mais liberdade e espaço de manobra.

4. O Efeito Imediato:

> Outro dos grandes problemas que assola a WWE prende-se com a pressão que os fãs exercem sobre a mesma para encontrar novas grandes estrelas, um novo The Rock ou Steve Austin que lhes encha as medidas. Em grande parte devido a esta pressão, a própria empresa começa a "carregar" sobre os seus lutadores e a exigir efeitos imediatos, quando não lhes dá o tempo suficiente para construírem as suas carreiras, se tornarem credíveis, consolidarem os seus conhecimentos e se tornarem workers sólidos perante as plateias. Esta situação leva, por outro lado, a que sejam desperdiçados inúmeros jovens cheios de talento e potencial, só porque são "deitados às feras" cedo de mais e sem que lhes permitam desenvolver um período de treinamento indispensável a sua formação como wrestlers de topo (Lance Cade, Kenny Dysktra, Chris Masters, entre outros, são alguns exemplos que posso apontar). De facto, esta questão leva-nos para um outro patamar, que se prende com o facto de não haver mais territórios estatais como nos anos 80 e 90, e, por isso, os jovens lutadores possuírem um grau de experiência e competitividade muito inferior...cabendo o trabalho de formação quase, exclusivamente, à WWE. Em todo o caso e estando ciente destas dificuldades, Vince McMahon e a sua equipa deveriam ter uma paciência bem superior para com os seus wrestlers e atribuir-lhes uma plano de evolução e desenvolvimento gradual, bem ao estilo daquilo que tem vindo a fazer com o CM Punk.

5. Congelamento das Gimmicks e Afastamento dos Managers:

> Por último, mas não menos importante, a estagnação no processo de criação de gimmicks e o desaparecimento da personagem "Manager" veio retirar ao produto da WWE, toda uma qualidade e complementariedade que apenas estas duas dimensões conseguem oferecer. Hoje, parece que a companhia já não olha tanto para aquilo que se faz na indústria cinematográfica nem para a realidade em que o mundo vive, pois já não consegue descortinar gimmicks que, só por si, criem um grande impacto e impulsionem a carreira dos lutadores que a interpretam. O Pro Wrestling é, todo ele, entertenimento e quando se deixa de trabalhar numa área tão importante como a criação de gimmicks, é normal que essa situação venha afectar toda a complexidade desse processo. Onde estão as personagens "Bad Ass" (baseadas em caracteres que se destacaram nos filmes, tipo Frank Castle em "The Punisher" ou John McClane em "Die Hard")!?; onde estão as apostas em personagens "psicopatas" e completamente "chanfradas" (que tanto sucesso tiveram com Mick Foley e só não tiveram maior com Raven porque a sociedade norte-americana não estava preparada para ela)!?; onde estão representados os novos jovens e os seus desejos mais loucos (como estiveram nos "D-Generation-X")!?; etc. A verdade é que há uma grande lacuna neste ponto e ele afecta invariavelmente a qualidade do produto que a WWE oferece, porque deixou de haver traços característicos que distiguem as personagens de uma forma clara. Depois, houve o afastamento das personagens "Manager", que sempre se revelaram de extrema importância e que ajudaram ao estabelecimento de excelentes wrestlers com handicapes nas mic skills...também eles são uma importante parte desta indústria e esquecê-los, como têm feito, é outro erro crasso.



Bem, foi mais um "Dias is That Damn Good" que espero tenham gostado e comentem!
Um Abraço, Dias Ferreira!

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