Boas Pessoal!
Sejam bem
vindos a mais um "Dias is That Damn Good" uma das colunas
com maior história na nossa CWO ;)
Desde a sua
criação em 2002, na ressaca da aquisição da WCW por parte da WWE
de Vince McMahon, que a TNA se viu numa enorme encruzilhada, estando
a jovem companhia obrigada a tomar decisões críticas, que sempre
colocavam em causa a sua própria viabilidade, de forma quase
sistemática.
Foi, portanto,
neste ambiente de constante sufoco que a empresa de Orlando cresceu,
ganhou o seu público e se consolidou. Ora, também por isso, aquilo
que é a sua estrutura, organização, produto, gestão de recursos
humanos, booking e maneira de estar na modalidade reflecte essa
situação.
Assim, o que
me proponho abordar ao longo do presente texto serão os pontos
críticos e oportunidades que a empresa de Dixie Carter enfretou num
passado recente, como também os grandes desafios que hoje se lhe
colocam e que serão determinantes, mais uma vez, para a própria
existência da companhia no futuro próximo.
Não percam,
por isso, as próximas linhas...
A história da
TNA, como disse anteriormente, foi feita de constantes sobressaltos
desde a sua génese. A companhia nasceu num período em que a WWE
tinha monopolizado quase por completo o mercado norte-americano, com
as aquisições da ECW e da WCW, deixando um espaço bastante
condicionado às restantes promotoras que resistiam e àquelas que
procuravam dar os seus primeiros passos...Faltava, ao mesmo tempo,
coragem e vontade de assumir riscos às grandes cadeias de televisão
para apostar num produto que muito dificilmente conseguiria competir
com a gigante de Vince McMahon. A escolha de Jeff Jarrett e seu pai
(na altura donos da empresa) para fazer face a este domínio da WWE
no mercado televisivo, passou então pela transmissão dos seus
eventos/shows em PPV num registo semanal. O clima e ambiente em redor
do Pro Wrestling, numa altura em que se vivia o fim das Monday Night
Wars e o rescaldo da Attitude Era, ainda era extremamente favorável
à modalidade e, por isso, apesar de todos os riscos que o lançamento
de uma nova promotora acarretavam, a oportunidade de se constituir em
algo diferente daquilo que era apresentado pela WWE e, ao mesmo
tempo, assumir-se como uma alternativa, afigurava-se tremenda. A TNA
enfrentou, nesta altura, diversos problemas de viabilidade financeira
e, certamente, essa situação influenciou de sobremaneira a escolha
do roster que a constituiu no seu início (um sem número de jovens
wrestlers, sem grande experiência e/ou visibilidade)...mas terá
aguçado também a imaginação e a compreensão de que seria
necessário apresentar algo diferente para poder sobreviver.
Neste ponto, a
companhia com maior ou menor acerto, esteve bem...conseguiu, de certa
forma, crescer e solidificar-se (tornou-se maior que qualquer outra
indy e atingiu uma dimensão global), embora nunca tenha assegurado
um desejável sossego do ponto de vista do garrote financeiro, que a
sufocava, e do mercado televisivo, que teimava em não se lhe abrir.
Contudo, também nesta fase e período a TNA desperdiçou um sem
número de oportunidades para criar um roster com verdadeiro star
power e capaz de mediatizar os seus shows e produto. Porque se é um
facto que Jeff Jarrett teve primeiramente diversas dificuldades em
encontrar talentos, não é menos verdade que nos primeiros meses e
anos de existência da promotora, passaram pelas suas fileiras
lutadores de enorme qualidade e com uma visibilidade bastante
considerável. A WWE nunca conseguiria manter no seu roster tantos
talentos quantos continham os planteis da ECW e da WCW, nem evitar
pequenas guerras e intrigas que levassem outros tantos wrestlers a
incompatibilizar-se com a companhia. Como disse, a TNA teve aqui uma
grande oportunidade de agarrar o que de bom a WWE não aproveitara e
não o conseguiu fazer...pelo menos de forma consequente. Relembro
que nos primeiros anos da empresa de Orlando passaram pelas suas
fileiras tipos como Scott Hall, Kevin Nash, Diamond Dallas Page,
"Macho Man" Randy Savage, "Mr. Perfect" Curt
Hennig, os New Age Outlaws, Sting, Scott Steiner, Raven, Rick
Steiner, os Duddley Boys (ou Team 3D), "X-Pac" Sean Waltman
e o próprio Jeff Jarrett, entre muitos outros. Portanto, o booking
da empresa e a forma como esta não soube tirar partido de todos
estes grandes nomes da modalidade, também colocam sobre a sua
responsabilidade o facto de não terem, neste período em concreto,
sabido dar um verdadeiro salto qualitativo, mediático e dimensional.
Este período exigiu da TNA uma decisão crítica quanto àquilo que
ela quereria vir a ser e a verdade é que mesmo tendo sobrevivido e
continuado a crescer, não tomou a melhor decisão e deitou por terra
uma excelente oportunidade para, nesse momento, reescrever a história
da modalidade.
Certo é que
essa fase de "boa graça" do wrestling passou e se entrou
num período de menor entusiamo e de estagnação no que respeita à
modalidade. A resposta estratégica da TNA a este mesmo estado de
coisas passou por uma aposta forte na X-Division (algo semelhante à
Cruiserweight Division), na divisão feminina e na divisão de
equipas...solidificando o seu crescimento, também, com o recurso a 3
ou 4 grandes nomes oriundos da WWE e da antiga WCW. E foi assim que a
companhia, finalmente, conseguiu chegar ao mercado televisivo,
através de um acordo com a Spike TV, atingindo um dos objectivos
fundamentais para qualquer promotora deste ramo. O programa, TNA
iMPACT (mais tarde Impact Wrestling), começou por ter apenas 45
minutos de duração tendo sido, posteriormente, alargado para os
clássicos 90 minutos. Nesta altura, reforçavam o plantel da empresa
lutadores como Christian e, sobretudo, Kurt Angle (que viria a ser a
atracção principal da TNA durante largos anos), aos quais se
juntariam mais tarde Booker T e Mick Foley. Neste sentido, se é um
facto que a mediatização da companhia e dos seus shows progrediam
de forma bastante lenta (não apenas devido ao ambiente "frio"
que o apoio à modalidade vivia mas, sobretudo, às péssimas opções
de booking), não é menos verdade que se iniciou uma storyline com
um potencial enorme para catapultar a companhia...os Main Event
Mafia. A storyline que, relembro, consistia num grupo de super
estrelas dentro da TNA (Kurt Angle, Sting, Kevin Nash, Booker T e
Scott Steiner) que queriam tomar o controlo de tudo, encontrando a
oposição dos jovens que estavam na empresa desde a sua criação
(ou quase) e que a tinham ajudado a crescer (AJ Styles, Samoa Joe,
Abyss, Beer Money Inc., entre outros). O facto é que, mais uma vez,
por más opções de booking, esta storyline nunca atingiu todo o
potencial que se lhe conhecia e pouco ou nada contribuiu para a
afirmação dos jovens wrestlers que enfrentaram as lendas. Apesar de
tudo, e mesmo participando de angles e/ou storylines sem grande
consequência prática, a verdade é que AJ Styles, Samoa Joe, Abyss,
James Storm e Bobby Roode (Beer Money Inc.) foram ganhando o seu
espaço e ao poucos tornaram-se os primeiros main eventers com "selo"
TNA...sem que, no entanto, qualquer deles conseguisse afirmar-se como
um verdadeiro drawer.
Com as
posteriores entradas de Hulk Hogan, Eric Bischoff e Ric Flair na
empresa, viveu-se um período de grande crença e esperança num
maior e mais rápido crescimento da mesma. E, de facto, a chegada
destes nomes enormes da modalidade permitiam pensar que o potencial
desenvolvimento da TNA e a sua capacidade de mediatização ficariam
altamente inflamados. Certo é que, com eles, chegariam também Jeff
Hardy (na altura oriundo de uma fase na WWE em que se estava a
estabelecer como uma das maiores estrelas da companhia e, por isso,
bastante over junto dos fãs), mas também, infelizmente, um chorrada
de outros wrestlers conhecidos, embora algo acabados e com muito
pouco para "emprestar" e/ou contribuir. E se numa fase
inicial as coisas realmente acompanharam as expectativas (tendo, por
exemplo, os ratings crescido dos 0.8 para os 1.3, em média e o
iMPACT passado a ser transmitido em directo, assim como a "ir
para a estrada"), a verdade é que, mais uma vez, as opções de
booking acabariam por esgotar todo este "balão de oxigénio".
E esgotaram o "balão de oxigénio", porque as decisões
tomadas, no que toca às rivalidades e storylines, se revelaram de
tal forma inconsequentes que, em poucos meses, tinham secado por
completo o "gasóleo" de Hulk Hogan, Eric Bischoff, Ric
Flair e Jeff Hardy. Exemplos desta situação são as utilizações
exageradas de Hogan e Flair (que deviam ser uma atracção pontual e
não full-time figures), os constantes face turn e heel turn de Jeff
Hardy e a pouca inteligência na utilização de Eric Bischoff
(authority figure, ou General Manager, heel do mais alto nível).
Ainda assim, chegaria, depois, uma outra storyline brilhante e com
tremendo potencial...os Aces and Eights. Centrada num grupo de
motards fora da lei que pretendiam tomar conta do iMPACT e destruir a
TNA, a história tinha tudo para dar certo, se ao entusiasmo gerado
em redor do grupo e do prórprio facto de os seus membros esconderem
misteriosamente as suas identidades, tivessem sido escolhidos jovens
talentos de elevado potencial para lhes pertencer. Infelizmente,
todos sabemos que assim não sucedeu...a TNA preferiu atribuir essa
storyline e push a lutadores já feitos (com a exepção de 2 ou 3
jovens sem qualquer qualidade – como Wes Briscoe ou Garrett
Bischoff) e perdeu a oportunidade de criar sementes portentosas para
o futuro da companhia...o resultado foi o esperado, sem sangue novo,
a história esgotou-se e retundou em nada.
O que se
seguiu foi um quase cataclismo...as grandes estrelas e nomes mais
apelativos abandonaram a companhia em catadupa, os problemas
financeiros voltaram a estar na ordem do dia com maior predominância
e o show semanal viu-se obrigado a regressar à iMPACT Zone. O
momento, que perdura, é, portanto, de reorganização e de
reestruturação da TNA. No entanto, apesar de tudo, a empresa
continua a contar no seu roster com belíssimos talentos como Samoa
Joe, James Storm, Bobby Roode, Bully Ray, Jeff Hardy, Abyss, Bobby
Lashley, MVP, Kurt Angle, Mr. Anderson, Magnus, Austin Aries ou
Gunner, entre outros. Por isso, como sempre, não lhe faltará
matéria-primeira de qualidade para fazer um bom trabalho, apresentar
um produto apelativo e reencontrar o caminho do crescimento e do
sucesso...isto se, e apenas se, nos momentos chave as decisões
críticas que tomar não forem, mais uma vez, simplesmente, aqueles
que "desenrascam", mas sim as que permitam rentabilizar ao
máximo os seus talentos, programas e ppvs. Porque é incrível como,
ao longo dos seus 12 anos de existência, a TNA nunca tenha sabido
e/ou conseguido criar uma estrela sua que se constituísse num
verdadeiro drawer...pode-se dizer que a WWE tem outras "ferramentas"
e capacidades, mas a verdade é que desde sempre se preocupou em
criar as suas super-estrelas, aquelas que seriam a cara da companhia
e recordo que, por exemplo, desde 2005 já tivemos Batista, John
Cena, Jeff Hardy (por breves momentos), CM Punk e agora Daniel Bryan
(futuramente, quase aposto, Roman Reigns). A companhia de Orlando
nunca se preocupou com este aspecto...conseguiu superar esta situação
com o "recrutamento" de Kurt Angle e, posteriormente, com a
chegada de Hulk Hogan...mas bolas, já é hora de "criarem"
um personagem/wrestler realmente grande e aglutinador...só isso fará
a companhia crescer e retomar o caminho do sucesso.
E vocês, face
à história da TNA e aos desafios que se lhe colocam, que caminho
acreditam dever a promotora seguir nesta "crossroad"?!
Um Abraço!
Dias Ferreira
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