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quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Dias is That Damn Good #188 – "O Main Stream Wrestling e o Indy Wrestling"

Boas Pessoal!


Sejam bem vindos a mais um "Dias is That Damn Good", a coluna com mais história na nossa CWO ;)

No Pro Wrestling, normalmente, qualificam-se e classificam-se as mais variadas promotoras tendo por base a sua dimensão estrutural e organizacional, mas também, tendo em conta a quantidade dos seus seguidores e número de fãs. É neste sentido que as expressões "main stream" e "indy" surgem, respectivamente, como forma de caracterizar as promotoras de maior dimensão e visibilidade e aquelas cujo tamanho diminuto faz com que sejam seguidas por pequenos grupos de adeptos.

Contudo, esta distinção, actualmente, já não se faz, nem pode fazer, apenas no que respeita à dimensão das mais variadas companhias. Pois o produto apresentado pelas empresas começou, de há uns anos a esta parte, a assumir-se como uma peça fundamental deste puzzle, desta problemática. Deste modo, o "main stream wrestling" e o "indy wrestling" embora tenham como objectivo final o entretimento dos fãs e das plateias, denotam grandes diferenças entre si, especialmente, na forma como pretendem chegar ao público e entretê-lo.

Ora, será, então, nesta dicotomia entre "main streams" e "indy promotions" e entre "main stream wrestling" e "indy wrestling" que centrarei o tema do texto que agora vos escrevo, procurando não só enumerar as diferenças entre ambos, mas também descontruir a ideia que assume os dois conceitos como indispensáveis às companhias que os utilizam.

Não percam, portanto, as próximas linhas...


Como julgo ser do conhecimento geral, o Pro Wrestling não é uma modalidade ou desporto de combate puro e duro. É, antes de mais, uma forma de arte e de entretenimento onde os wrestlers (seus actores e peças fundamentais) encenam as mais variadas histórias, rivalidades e combates, dentro de um ringue ou fora dele, utilizando-se das ferramentas que a natureza lhes concedeu, os seus corpos. Mas é, ao mesmo tempo, uma prática e modalidade que exige dos seus praticantes uma capacidade atlética ao mais alto nível...e, talvez por isso, a melhor forma de o classificar seja através da expressão "Sports Entertainment". Neste sentido, compreende-se que é impossível na criação de um espectáculo deste género descuidar quer o aspecto físico e atlético, quer o aspecto que respeita à encenação e entretenimento que o constituem. Logo, indispensável a qualquer evento de Pro Wrestling são os combates, assim como a qualidade e o realismo dos mesmos. Por outro lado, é fundamental o desenvolvimento da história, da rivalidade e da construção do próprio combate. E o "Sports Entertainment" significa isso mesmo, representa a dicotomia entre a construção de uma série de acontecimentos e situações (que, mais do que levarem à marcação de um combate, têm por objectivo interessar e entusiasmar as pessoas a ver determinado confronto) que levam à realização de combates (que, por seu lado, devem ser o resultado da história e rivalidade que esteve na sua génese). Assim, e tendo por base as considerações que teci anteriormente, se tomar-mos os exemplos da WWE e da TNA como main streams e da ROH como indy, compreede-mos que o conceito de Pro Wrestling está sugeito a diferentes interpretações, mas verificamos, sobretudo, que essas interpretações serão mais distintas ainda entre promotoras main stream e promotoras indy. Por consequência, esta diferença agudiza-se e extrema-se naquilo que é a conceptualização de conteúdos e do produto que os diferentes tipos de companhias apresentam.

As empresas main stream do business (WWE e TNA) por estarem implementadas no mercado televisivo e de ppvs e por terem uma base de fãs e seguidores de maior dimensão e mais estável, acabam por ter uma posição mais facilitada na resolução desta problemática. De uma maneira ou de outra, com melhor ou menor qualidade, com maior ou menor grau de sucesso, compreendem e consequem aplicar o conceito de Pro Wrestling tal como o descrevi. De facto, quer a WWE, quer a TNA, preocupam-se em construir histórias, rivalidades e personagens, assim como segmentos e entrevistas, que ajudam a preparar e a construir os combates. Acima de tudo, utilizam-se e recorrem ao entretenimento como forma de influenciar o público e de fazer com que este queira ver determinado confronto ao ponto de estar disposto a pagar para que tal aconteça. Por outro lado, estas companhias main stream não colocam de parte o aspecto mais atlético e desportivo da equação...elas preocupam-se com a realização de combates que vão de encontro às expectativas dos fãs, preocupam-se com as capacidades in-ring dos intervenientes no sentido de poderem proporcionar o melhor dos espectáculos, mas também e sobretudo com a qualidade desses mesmos combates e dos momentos especiais, memoráveis, inesquecíveis e/ou épicos que deles possam decorrer. Ainda a este respeito, importa relembrar que os confrontos não são reais ou verdadeiros e que, por essa razão, se os wrestlers envolvidos, no decorrer dos combates, não interpretarem os sinais das plateias e tentarem envolve-las, se não derem vida às suas próprias personagens, e se não enquadrarem as storylines e feuds que os levaram a enfrentar-se, então esse pro wrestling match terá sempre uma qualidade muito menor que aquele que à partida se lhe podia reconhecer.


As promotoras indy, de entre as quais a ROH surge como figura de proa e se assume como o expoente máximo das mesmas, enfrentam outro tipo de problemas no que toca à resolução deste fenómeno. Ao contrário das main streams, o seu grupo de fãs e seguidores é algo diminuto e residual e, por outro lado, o seu mediatismo e visibilidade está fortemente constrangido e condicionado pelo facto de não terem a abertura do mercado televisivo e pelos elevados custos que acarreta entrar no mercado ppv (isto apesar da ROH, ao contrários das restantes indy promotions, já possuir um programa semanal de 50 minutos na pequena estação de televisão que a detém e de, há bem pouco tempo, se ter estreado no mercado ppv tradicional – anteriormente utilizava o formato ippv). Neste sentido, impõem-se às companhias indy obsctáculos como a necessidade de interessar e entusiasmar os fãs, sem que se verifiquem grandes possibilidades de dar a conhecer à priori os seus wrestlers e talentos e, acima de tudo, de educar as plateias e os telespectadores relativamente ao seu produto. Assim, o modo que estas indys encontraram para dar a volta à situação, passou por se diferenciarem grandemente das main streams no que respeita aos conteúdos e formatos que apresentam nos seus shows e espectáculos. Desta forma, e assumindo-se como companhias de Pro Wrestling que produzem única e exclusivamente Pro Wrestling, rejeitaram quase por completo a ideia de "Sports Entertainment" e começaram a dar uma substancial importância ao que acontecia in-ring, em detrimento do aspecto entretenimento. Ora, esta situação levou a que nos combates dos circuitos independentes, os wrestlers colocassem de parte itens fundamentais como os seus gimmicks e as histórias e rivalidades que deveriam ser a razão da realização desses mesmos matches. Como consequência dessa situação, os combates passaram a travar-se a alta velocidade e a estar repletos de spots em detrimento da psicologia de ringue e os próprios cards dos espectáculos passaram a ter confrontos marcados muitas vezes sem grandes razões ou causas que os justificassem, com a excepção da disputa de títulos. Adensaram-se, assim, as diferenças entre o main stream wrestling e o indy wrestling...entre aqueles que recorrem ao Sports Entertainment e aqueles que, de certa forma, o rejeitam.

Conclusões

Fazer uma distinção entre qual dos dois estilos e/ou modelos (se o main stream wrestling, se o indy wrestling) é mais interessante, mais apelativo, mais entusiasmante e tem melhor qualidade, será sempre uma questão subjectiva e ela estará sempre condicionada por aquilo que são as nossas preferências relativamente aos conteúdos a que gostamos de assistir. No entanto, se as main streams ao regerem-se pelas "leis" do sports entertainment e ao levarem a cabo a sua aplicação estão, na minha opinião, a respeitar o Pro Wrestling como ele deve ser compreendido e têm denotado um enorme sucesso com essa opção. Por outro lado, as indy promotions ao centrarem os seus conteúdos e produto num formato que penaliza substancialmente o entretenimento, não só negligenciam uma parte fundamental daquilo em que consiste o Pro Wrestling, como inviabilizam o aspecto que torna a modalidade e a indústria diferente dos restantes desportos de combate e isso só as penaliza a elas próprias (até porque, se alguém quiser ver apenas combates, preferirá sempre fazê-lo quando eles são reais e verdadeiros...preferirá sempre, por exemplo, os eventos de MMA). Mas o pior de tudo é o facto dos promotores de indy wrestling não compreenderem que arrogando-se de verdadeiros defensores do pro wrestling, estão de facto a negligenciá-lo e a amputá-lo e que isso, não só se revela prejudicial para os jovens wrestlers (que acabam por revelar mais dificuldades na adaptação ao produto das main streams, onde realmente podem fazer dinheiro e ter sucesso), para o business e indústria, mas, acima de tudo, para as próprias promotoras indy que ficam consignadas a um pequeno núcleo de seguidores, sem capacidade para aglutinar novos públicos e se vêem, por consequência, impossibilitadas de crescer e de fazer bons contratos com patrocinadores e grandes cadeias de televisão. E aqui, levanta-se a questão, qual a empresa que, no perfeito juízo da sua administração, não pretende crescer...


E vocês, o que pensam das diferenças entre o "main stream wrestling" e o "indy wrestling"?! Qual o estilo que preferem?!


Um Abraço!
Dias Ferreira


PS: Não se esqueçam de indicar temas e assuntos que gostassem que eu abordasse em próximas edições deste espaço.

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