Boas Pessoal!
Sejam bem
vindos a mais um "Dias is That Damn Good", a coluna com
mais história na nossa CWO ;)
No Pro
Wrestling, normalmente, qualificam-se e classificam-se as mais
variadas promotoras tendo por base a sua dimensão estrutural e
organizacional, mas também, tendo em conta a quantidade dos seus
seguidores e número de fãs. É neste sentido que as expressões
"main stream" e "indy" surgem, respectivamente,
como forma de caracterizar as promotoras de maior dimensão e
visibilidade e aquelas cujo tamanho diminuto faz com que sejam
seguidas por pequenos grupos de adeptos.
Contudo, esta
distinção, actualmente, já não se faz, nem pode fazer, apenas no
que respeita à dimensão das mais variadas companhias. Pois o
produto apresentado pelas empresas começou, de há uns anos a esta
parte, a assumir-se como uma peça fundamental deste puzzle, desta
problemática. Deste modo, o "main stream wrestling" e o
"indy wrestling" embora tenham como objectivo final o
entretimento dos fãs e das plateias, denotam grandes diferenças
entre si, especialmente, na forma como pretendem chegar ao público e
entretê-lo.
Ora, será,
então, nesta dicotomia entre "main streams" e "indy
promotions" e entre "main stream wrestling" e "indy
wrestling" que centrarei o tema do texto que agora vos escrevo,
procurando não só enumerar as diferenças entre ambos, mas também
descontruir a ideia que assume os dois conceitos como indispensáveis
às companhias que os utilizam.
Não percam,
portanto, as próximas linhas...
Como julgo ser
do conhecimento geral, o Pro Wrestling não é uma modalidade ou
desporto de combate puro e duro. É, antes de mais, uma forma de arte
e de entretenimento onde os wrestlers (seus actores e peças
fundamentais) encenam as mais variadas histórias, rivalidades e
combates, dentro de um ringue ou fora dele, utilizando-se das
ferramentas que a natureza lhes concedeu, os seus corpos. Mas é, ao
mesmo tempo, uma prática e modalidade que exige dos seus praticantes
uma capacidade atlética ao mais alto nível...e, talvez por isso, a
melhor forma de o classificar seja através da expressão "Sports
Entertainment". Neste sentido, compreende-se que é impossível
na criação de um espectáculo deste género descuidar quer o
aspecto físico e atlético, quer o aspecto que respeita à encenação e
entretenimento que o constituem. Logo, indispensável a qualquer
evento de Pro Wrestling são os combates, assim como a qualidade e o
realismo dos mesmos. Por outro lado, é fundamental o desenvolvimento
da história, da rivalidade e da construção do próprio combate. E
o "Sports Entertainment" significa isso mesmo, representa a
dicotomia entre a construção de uma série de acontecimentos e
situações (que, mais do que levarem à marcação de um combate,
têm por objectivo interessar e entusiasmar as pessoas a ver
determinado confronto) que levam à realização de combates (que,
por seu lado, devem ser o resultado da história e rivalidade que
esteve na sua génese). Assim, e tendo por base as considerações
que teci anteriormente, se tomar-mos os exemplos da WWE e da TNA como
main streams e da ROH como indy, compreede-mos que o conceito de Pro
Wrestling está sugeito a diferentes interpretações, mas
verificamos, sobretudo, que essas interpretações serão mais
distintas ainda entre promotoras main stream e promotoras indy. Por
consequência, esta diferença agudiza-se e extrema-se naquilo que é
a conceptualização de conteúdos e do produto que os diferentes
tipos de companhias apresentam.
As empresas
main stream do business (WWE e TNA) por estarem implementadas no
mercado televisivo e de ppvs e por terem uma base de fãs e
seguidores de maior dimensão e mais estável, acabam por ter uma
posição mais facilitada na resolução desta problemática. De uma
maneira ou de outra, com melhor ou menor qualidade, com maior ou
menor grau de sucesso, compreendem e consequem aplicar o conceito de
Pro Wrestling tal como o descrevi. De facto, quer a WWE, quer a TNA,
preocupam-se em construir histórias, rivalidades e personagens,
assim como segmentos e entrevistas, que ajudam a preparar e a
construir os combates. Acima de tudo, utilizam-se e recorrem ao
entretenimento como forma de influenciar o público e de fazer com
que este queira ver determinado confronto ao ponto de estar disposto
a pagar para que tal aconteça. Por outro lado, estas companhias main
stream não colocam de parte o aspecto mais atlético e desportivo da
equação...elas preocupam-se com a realização de combates que vão
de encontro às expectativas dos fãs, preocupam-se com as
capacidades in-ring dos intervenientes no sentido de poderem
proporcionar o melhor dos espectáculos, mas também e sobretudo com
a qualidade desses mesmos combates e dos momentos especiais,
memoráveis, inesquecíveis e/ou épicos que deles possam decorrer.
Ainda a este respeito, importa relembrar que os confrontos não são
reais ou verdadeiros e que, por essa razão, se os wrestlers
envolvidos, no decorrer dos combates, não interpretarem os sinais
das plateias e tentarem envolve-las, se não derem vida às suas
próprias personagens, e se não enquadrarem as storylines e feuds
que os levaram a enfrentar-se, então esse pro wrestling match terá
sempre uma qualidade muito menor que aquele que à partida se lhe
podia reconhecer.
As promotoras
indy, de entre as quais a ROH surge como figura de proa e se assume
como o expoente máximo das mesmas, enfrentam outro tipo de problemas
no que toca à resolução deste fenómeno. Ao contrário das main
streams, o seu grupo de fãs e seguidores é algo diminuto e residual
e, por outro lado, o seu mediatismo e visibilidade está fortemente
constrangido e condicionado pelo facto de não terem a abertura do
mercado televisivo e pelos elevados custos que acarreta entrar no
mercado ppv (isto apesar da ROH, ao contrários das restantes indy
promotions, já possuir um programa semanal de 50 minutos na pequena
estação de televisão que a detém e de, há bem pouco tempo, se
ter estreado no mercado ppv tradicional – anteriormente utilizava o
formato ippv). Neste sentido, impõem-se às companhias indy
obsctáculos como a necessidade de interessar e entusiasmar os fãs,
sem que se verifiquem grandes possibilidades de dar a conhecer à
priori os seus wrestlers e talentos e, acima de tudo, de educar as
plateias e os telespectadores relativamente ao seu produto. Assim, o
modo que estas indys encontraram para dar a volta à situação,
passou por se diferenciarem grandemente das main streams no que
respeita aos conteúdos e formatos que apresentam nos seus shows e
espectáculos. Desta forma, e assumindo-se como companhias de Pro
Wrestling que produzem única e exclusivamente Pro Wrestling,
rejeitaram quase por completo a ideia de "Sports Entertainment"
e começaram a dar uma substancial importância ao que acontecia
in-ring, em detrimento do aspecto entretenimento. Ora, esta situação
levou a que nos combates dos circuitos independentes, os wrestlers
colocassem de parte itens fundamentais como os seus gimmicks e as
histórias e rivalidades que deveriam ser a razão da realização
desses mesmos matches. Como consequência dessa situação, os
combates passaram a travar-se a alta velocidade e a estar repletos de
spots em detrimento da psicologia de ringue e os próprios cards dos
espectáculos passaram a ter confrontos marcados muitas vezes sem
grandes razões ou causas que os justificassem, com a excepção da
disputa de títulos. Adensaram-se, assim, as diferenças entre o main
stream wrestling e o indy wrestling...entre aqueles que recorrem ao
Sports Entertainment e aqueles que, de certa forma, o rejeitam.
Conclusões
Fazer uma
distinção entre qual dos dois estilos e/ou modelos (se o main
stream wrestling, se o indy wrestling) é mais interessante, mais
apelativo, mais entusiasmante e tem melhor qualidade, será sempre uma
questão subjectiva e ela estará sempre condicionada por aquilo que
são as nossas preferências relativamente aos conteúdos a que
gostamos de assistir. No entanto, se as main streams ao regerem-se
pelas "leis" do sports entertainment e ao levarem a cabo a
sua aplicação estão, na minha opinião, a respeitar o Pro
Wrestling como ele deve ser compreendido e têm denotado um enorme
sucesso com essa opção. Por outro lado, as indy promotions ao
centrarem os seus conteúdos e produto num formato que penaliza
substancialmente o entretenimento, não só negligenciam uma parte
fundamental daquilo em que consiste o Pro Wrestling, como inviabilizam o
aspecto que torna a modalidade e a indústria diferente dos restantes
desportos de combate e isso só as penaliza a elas próprias (até
porque, se alguém quiser ver apenas combates, preferirá sempre
fazê-lo quando eles são reais e verdadeiros...preferirá sempre,
por exemplo, os eventos de MMA). Mas o pior de tudo é o facto dos
promotores de indy wrestling não compreenderem que arrogando-se de
verdadeiros defensores do pro wrestling, estão de facto a
negligenciá-lo e a amputá-lo e que isso, não só se revela
prejudicial para os jovens wrestlers (que acabam por revelar mais
dificuldades na adaptação ao produto das main streams, onde
realmente podem fazer dinheiro e ter sucesso), para o business e
indústria, mas, acima de tudo, para as próprias promotoras indy que
ficam consignadas a um pequeno núcleo de seguidores, sem capacidade
para aglutinar novos públicos e se vêem, por consequência,
impossibilitadas de crescer e de fazer bons contratos com
patrocinadores e grandes cadeias de televisão. E aqui, levanta-se a questão, qual a empresa que, no perfeito juízo da sua administração, não pretende crescer...
E
vocês, o que pensam das diferenças entre o "main stream
wrestling" e o "indy wrestling"?! Qual o estilo que
preferem?!
Um Abraço!
Dias Ferreira
PS:
Não se esqueçam de indicar temas e assuntos que gostassem que eu
abordasse em próximas edições deste espaço.
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