Boas, amigos da CWO
portuguesa. Uma vez mais cá vos escrevo através do Wrestling Spam no meu
Wrestling Corner neste que já é o meu nono artigo. Este, para não fugir muito
ao normal aborda mais uma temática do wrestling independente. Neste caso o booking
da ROH. Há que salientar que este nono artigo era suposto ser a review da
2ª parte do dvd dos reDRagon, mas acredito que tenha tempo para isso depois.
Honestamente ainda nem vi essa dita 2ª parte, nem vocês têm grande interesse
nisso, o que acaba por ser normal.
Bom, passo a explicar mais
claramente o tema em si: eu não tenho desgostado do booking da ROH na sua
maioria nos últimos tempos, mas há coisas que não me têm agradado. O booking
dos Decade esteve péssimo, até trazerem o Adam Pearce, que fez um show… agora
novamente está mau. Mas nem é disso que venho falar. Venho-vos falar sim do péssimo
booking a longo prazo do reinado do Michael Elgin e, inevitavelmente do
título mundial da ROH.
Podendo ser isto um
spoiler: no All Star Extravaganza VI (6 de Set.) Jay Briscoe derrotou
Michael Elgin para se sagrar campeão pela segunda vez.
Como é que isto é mau?
É mau. É péssimo. Até aqui o
único wrestler que tinha sido campeão da ROH por duas vezes chamava-se Austin
Aries. Um tipo carismático, um tipo com uma qualidade in-ring bem acima da
média. Um tipo que interpretava a sua personagem arrogante bastante bem e ser o
único wrestler a ser por duas vezes campeão da ROH dava-lhe mais pano para
mangas.
Agora temos também Jay
Briscoe nesse patamar. Alguém que quer em termos carismáticos, quer em
termos de workrate não é excelente e apenas de destaca pela longevidade na
companhia. Para mais, nunca será alguém capaz de levar a empresa para o
próximo nível. É um tipo que não consegue fazer uma promo PG, é um
tipo com uma mentalidade homofóbica e por isso uma empresa que se diga
aceitável a nível familiar não o pode ter a campeão. Como tag team wrestler não
nego que seja bom, mas como singles… esta run no main event para o Jay já
chegava.
Posto isto, passamos então
a concentrar-nos em Elgin e no porquê de o seu booking enquanto campeão ter
sido péssimo.
1. Pouco material para promos: É inegável que Michael Elgin não é cinco estrelas no que toca a mic work,
mas também é inegável que Michael Elgin tem melhorado consideravelmente
nesse aspeto. Na minha opinião, numa empresa como a ROH, apesar de o foco
ser claramente o ring work, faz sempre todo o sentido ter o campeão a dar uma
palavrinha de vez em quando. Seja sobre o challenger, seja sobre o reinado,
seja sobre o que for. Agora podemos ir ao youtube e ver que Elgin, durante 76
dias não fez mais do que três ou quatro promos em vídeo e todas elas
pareceram palha. Tratavam-se apenas antevisões de combates. A ROH desde que o
Elgin ganhou o título parou de explorar a sua relação com a MsChif, que
daria material para apimentar ainda mais a feud com Adam Cole, que por sua vez
passou a ser só mais um ex-campeão que queria o título porque era merecedor de
tal na sua mente. Já vimos isto muita vez.
2. Pouco motivo de interesse: A rivalidade com Adam Cole acabou de forma abrupta no Field Of Honor
quando Cole sofreu o pinfall no fatal 4-way. Idealmente, no meu Álvaro de
Campos de booking, seria Jay Briscoe a sofrer o pinfall para concentrar-se com
o seu irmão numa tag feud com os Decade. Não era novo, mas com uma certa
violência seria um ponto de interesse. Infelizmente não foi assim, tivemos um
fim de rivalidade anti-climático e Elgin partiu depois para três ou quatro
defesas sem grande sentido. A ROH abusa nos “winner gets a title shot”
matches. Preferia que o Silas Young e o Cedric Alexander não tivessem tido a
dita title shot por esse meio e que fossem construídos por uns meses/anos até
serem credíveis. O Ciampa já tinha tido title shot, como tal esta dois meses
depois não fez sentido e o Kyle O’Reilly, enquanto tag team champion… ninguém
realmente quis saber da sua title shot. Trataram-se de quatro title matches que
tudo tinham de previsível e apesar do bom wrestling que apresentaram não
tiveram interesse algum.
Penso que no All Star
Extravaganza também todos esperávamos ver o Elgin a sair como campeão. As
shots repetitivas do Briscoe não fizeram sentido e o que temos agora é um
campeão que teve 5 ou 6 desforras só porque sim até conseguir o título.
Isso é que é dar prestígio aos combates…
3. Envolvimento com os War Machine: Não nego. Eu gostei disto quando começou e seria
excelente se o reinado do Elgin fosse longo. Bem que via com agrado uma
feud entre Elgin e Decade, com possivelmente o Jacobs a contender, sendo os
War Machine os sidekicks do Elgin para dar igualdade numérica (sem contar o
Page, o Thomas e o Pearce, claro). Seria refrescante e seria sem dúvida a
melhor coisa a fazer-se. Porém, nem o reinado do Elgin foi longo, nem os
Decade estão a ser alvos de push.
Como tal, o que aconteceu
no fundo foi os War Machine a juntarem-se a Elgin não para o ajudar, mas para
combater os Kingdom… só porque sim. Enquanto uma parceria com o Elgin por
uma possível admiração pelo seu trabalho era interessante (se o reinado fosse
longo, lá está), assim foi algo que não fez muito sentido e este reinado curto vem
enfraquecer não só o Elgin, como os War Machine, porque maior parte do
reinado do Elgin meteu War Machine do seu lado. Acho que me faço entender.
4. Title win com significado… mas que se lixe: Foi enorme o fecho do Best In The World. 1º
PPV da ROH, 1ª title win do Elgin, combate fenomenal, momento pessoal com a
interferência da MsChif… o Michael Elgin até chorou no fim do combate
enquanto o público por sua vez ia ao rubro. E não havia ninguém que merecia
mais aquele título que ele.
Conseguir um acordo em PPV
foi algo enorme para a ROH, nem duvido. Sem dúvida que chamou novos fãs para a companhia,
mas 76 dias depois, todo o significado que teve a vitória de Elgin
desvaneceu. Porque uma vitória destas merece um reinado longo e porque Michael
Elgin merecia ter sido bookado com um reinado longo. Não o foi e, a longo
prazo, o que para mim tinha sido o melhor momento de wrestling em 2014 após
a vitória do Bryan na Wrestlemania acabou por perder a magia que teve.
Bom, penso que está tudo dito
da minha parte. É nestas alturas que ainda consigo ser um bocado mark, admito.
Abraço,
Mauro Salgueiro Delca.
1 comentários:
Mais uma vez excelente artigo Mauro!
Quando (infelizmente) fui "spoilado" sobre o Main Event do All Star Extravaganza VI pensei logo na controvérsia que isto iria trazer. Em primeiro lugar devo dizer que partilho a 100% da tua opinião acerca do Jay Briscoe, tirando o look que tem e a personagem bem definida... Como tu dizes é claramente bastante homofóbico (penso que partes daqueles comentários em relação ao Darren Young estou certo?), daí não pode levar uma empresa às costas, e destaca-se por ser um veterano da empresa. Os Briscoes só funcionam como tag-team, nada mais, porque em termos de singulares na ROH, é lhes exigido um nível em ringue que eles não têm. Sinceramente olho para o Jay campeão, e penso que pode muito bem ser um reinado de transição, porque sinceramente não vejo a ROH a acabar com o reinado do Elgin só para dar dar o título ao Jay Briscoe para ele carregar.
Infelizmente o Elgin é o maltratado no meio disto tudo. Teve um reinado fraco, como tu disseste só valeu pela qualidade dos combates e não esteve inserido em qualquer tipo de história. quando pareceu estar "prenderam-no" aos War Machine, coisa muito mal feita na minha opinião. O Elgin tinha tudo excepto as mic skills como referiste e é triste ver a ROH dar ao Elgin, um dos seus melhores talentos, um reinado tão fraco quando ele merecia bem melhor.
Mais uma vez Mauro, abraço e continuação do excelente trabalho! :)
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