Boas Pessoal!
Sejam bem vindos a mais um "Dias is That Damn Good", o espaço com mais história na nossa CWO ;)
Sejam bem vindos a mais um "Dias is That Damn Good", o espaço com mais história na nossa CWO ;)
Ao longo do último mês, algumas
das declarações proferidas por Vince McMahon no podcast de Steve Austin geraram
um sem número de reacções negativas na comunidade de wrestling online e no
próprio balneário da WWE.
Ora, tendo em conta que o aspecto
mais duro e frio das suas declarações está relacionado com a resposta á questão
– O que difere os talentos de hoje daqueles que compunham o roster da WWE nos
tempos de Steve Austin – á qual Vince respondeu que os talentos actuais denotam
alguma falta de atitude e ambição face aos seus antecessores, julgo ser
importante avaliar a justeza destas afirmações, o que pode ter levado McMahon a
proferi-las e, inclusive, que condições e contexto levam a que esta mesma ideia
e questão possa ser levantada.
Será, portanto, a este role de
interrogações que procurarei responder no desenvolvimento do presente texto.
Não percam, por isso, as próximas linhas…
Confesso que a primeira leitura e
análise que fiz a toda esta problemática me levou a considera-la, de uma modo
simplista, numa mera tentativa de espicaçar e motivar os talentos. Contudo, se
nos debruçar-mos sobre este fenómeno de uma forma mais profunda, facilmente,
compreendemos que a raíz do problema é bastante mais complexa e ramificada. Uma
raíz que toca em aspectos fundamentais, que se interligam e complementam entre
si. A falta de experiencia e maturidade dos novos talentos, a inexistência de
uma planificação e rumo criativos e, ainda, os constrangimentos causados pelas
fantásticas parcerias e acordos financeiro-económicos.
Relativamente á primeira situação
que levantei, é necessário compreender que a ausência dos antigos territórios,
da WCW e de uma alternativa á WWE, no que respeita a actuar para grandes e
largos públicos, provoca necessariamente um desenvolvimento mais lento e de
qualidade inferior aos jovens wrestlers, uma vez que se veem obrigrados a
actuar para pequenas plateias no circuito independente onde,
compreensivelmente, necessitam de capacitar-se e de recorrer a um estilo que é
bastante diferente daquele que as cameras de tv e um público main stream
exigem. Essa situação, como é natural, reflecte-se numa maior dificuldade de
adaptação á WWE e seus fãs. Por outro lado, ao longo dos últimos anos,
assistiu-se a uma brutal perda de importância do factor criativo, sendo cada
vez menor em número e qualidade a apresentação de gimmicks e storylines com
real interesse, capazes de entusiasmar as massas e, sobretudo, de alimentar a
construção de grandes combates e confrontos que se querem épicos. Por último,
se por um lado todas as grandes parcerias e acordos comerciais vieram dar á WWE
inúmeros proveitos financeiro-económicos e uma consequente estabilidade, não
deixa de ser um facto, por outro prisma, que as condicionantes e constrangimentos
por eles impostos no que se refere á abordagem de temas controversos e
fracturantes da sociedade norte-americana e, até, global veem impedir, de um
movo evidente, muito material criativo – outside of the box – e de tremendo
potencial.
Se em todo o caso consideram que
aquilo que escrevi anteriormente é demasiado abastracto e sentem dificuldade em
identifica-lo ou reconhece-lo na prática, então deixem-me que concretize com
exemplos bem actuais e visíveis. O roster principal da WWE é constituído na sua
maioria por antigos indy guys e aqueles que não o são, proveem dos territórios
de desenvolvimento da empresa, apresentando, por isso, poucos anos de
actividade na modalidade e a consequente falta de experiencia que decorre dessa
situação. Mas a falta de experiencia não se reflecte em juventude, basta que
para isso verifiquemos que apenas Roman Reigns e Bray Wyatt não chegaram ao 30
anos. Ora toda esta situação vem comprovar a lentidão que pauto o actual
processo de desenvolvimento das novas estrelas, mesmo com o auxílio dos
territórios de desenvolvimento, do WWE Performance Center e do programa NXT.
Neste sentido, consigo compreender que são colocadas mais e maiores
dificuldades e desafios ao processo criativo e ás equipas responsáveis pelo
mesmo, porque se torna fundamental produzir mais e melhor, mas também dar a
protecção necessária aos jovens talentos no sentido de realçar as suas
qualidades e corrigir e-ou disfarçar os seus defeitos. Mas já não consigo
aceitar a fala de qualidade dos writers que a compõem, nem a apatia e benevolência
de quem lidera. Pergunto se é aceitável que RAW após RAW e SmackDown após
SmackDown assista-mos a programas inteiros sem quaisquer histórias ou acontecimento
de relevo? Questiono se fará sentido construir um card com combates
completamente aleatórios e sem que razões de relevo levem os participantes a
enfrentar-se?
Depois, há também a questão da
protecção aos talentos de que falei e que está a ser completamente
negligenciada. Se programa atrás de programa assisti-mos a John Cena vs. Seth
Rollins e-ou a Dean Ambrose vs. Bray Wyatt, como esperam que o público não se
farte? Esperam realmente que isso não desgaste os wrestlers em causa e que as plateias
deixem de lhes reagir? Mais importante ainda, acreditam que um combate que
ocorreu milhares de vezes seja capaz de entusiasmar alguém e de vender PPVs?
Dizem, por exemplo, que o Roman Reigns tem ring skills e mic skills fracas, o
que não deixa de ser um facto, mas se se trata de um jovem com excelente
imagem, com grande carisma, com um personagem interessante e com elevado
potencial, porque raio não o proteger? Esperam que alguém com pouca experiencia
no ringue não leve com cânticos de boring quando tem de enfrentar o Big Show?
Acham que uma cath phrase – Believe That – leva alguém a algum lado? E que é
que lhe escreve promos de erda que até ao The Rock custariam a colocar over? Um
bad ass não precisa falar muito, falar pouco até lhe um ar místico e maior
interesse, mas quando fala, tem de dizer algo com impacto e substancia.
Enfim, todo um role de questões
que me levam a pegar nas afirmações de Vince McMahon e a inverte-las…não acho
que os talentos tenham falta de atitude e de ambição, penso sim que estão
limitados pelo contexto em que surgiram na modalidade, pelas fraquíssimas
equipas criativas que tem estado na WWE e pela própria postura apática e
benevolente de quem dirige a companhia. Portanto, estou em querer que a quem
tem faltado, claramente, atitude e ambição é a Vince McMahon.
E vocês, o que pensam das afirmações de Vince McMahon a respeito da falta de atitude e ambições dos jovens talentos?!
Um Abraço,
Dias Ferreira
PS: Não se esqueçam de indicar mais temas e assuntos que gostassem de ver ser tratados neste espaço.
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