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quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Dias is That Damn Good #210 – "Lack of Attitude and Ambition"

Boas Pessoal!


Sejam bem vindos a mais um "Dias is That Damn Good", o espaço com mais história na nossa CWO ;)

Ao longo do último mês, algumas das declarações proferidas por Vince McMahon no podcast de Steve Austin geraram um sem número de reacções negativas na comunidade de wrestling online e no próprio balneário da WWE.

Ora, tendo em conta que o aspecto mais duro e frio das suas declarações está relacionado com a resposta á questão – O que difere os talentos de hoje daqueles que compunham o roster da WWE nos tempos de Steve Austin – á qual Vince respondeu que os talentos actuais denotam alguma falta de atitude e ambição face aos seus antecessores, julgo ser importante avaliar a justeza destas afirmações, o que pode ter levado McMahon a proferi-las e, inclusive, que condições e contexto levam a que esta mesma ideia e questão possa ser levantada.


Será, portanto, a este role de interrogações que procurarei responder no desenvolvimento do presente texto. Não percam, por isso, as próximas linhas…



Confesso que a primeira leitura e análise que fiz a toda esta problemática me levou a considera-la, de uma modo simplista, numa mera tentativa de espicaçar e motivar os talentos. Contudo, se nos debruçar-mos sobre este fenómeno de uma forma mais profunda, facilmente, compreendemos que a raíz do problema é bastante mais complexa e ramificada. Uma raíz que toca em aspectos fundamentais, que se interligam e complementam entre si. A falta de experiencia e maturidade dos novos talentos, a inexistência de uma planificação e rumo criativos e, ainda, os constrangimentos causados pelas fantásticas parcerias e acordos financeiro-económicos.

Relativamente á primeira situação que levantei, é necessário compreender que a ausência dos antigos territórios, da WCW e de uma alternativa á WWE, no que respeita a actuar para grandes e largos públicos, provoca necessariamente um desenvolvimento mais lento e de qualidade inferior aos jovens wrestlers, uma vez que se veem obrigrados a actuar para pequenas plateias no circuito independente onde, compreensivelmente, necessitam de capacitar-se e de recorrer a um estilo que é bastante diferente daquele que as cameras de tv e um público main stream exigem. Essa situação, como é natural, reflecte-se numa maior dificuldade de adaptação á WWE e seus fãs. Por outro lado, ao longo dos últimos anos, assistiu-se a uma brutal perda de importância do factor criativo, sendo cada vez menor em número e qualidade a apresentação de gimmicks e storylines com real interesse, capazes de entusiasmar as massas e, sobretudo, de alimentar a construção de grandes combates e confrontos que se querem épicos. Por último, se por um lado todas as grandes parcerias e acordos comerciais vieram dar á WWE inúmeros proveitos financeiro-económicos e uma consequente estabilidade, não deixa de ser um facto, por outro prisma, que as condicionantes e constrangimentos por eles impostos no que se refere á abordagem de temas controversos e fracturantes da sociedade norte-americana e, até, global veem impedir, de um movo evidente, muito material criativo – outside of the box – e de tremendo potencial.



Se em todo o caso consideram que aquilo que escrevi anteriormente é demasiado abastracto e sentem dificuldade em identifica-lo ou reconhece-lo na prática, então deixem-me que concretize com exemplos bem actuais e visíveis. O roster principal da WWE é constituído na sua maioria por antigos indy guys e aqueles que não o são, proveem dos territórios de desenvolvimento da empresa, apresentando, por isso, poucos anos de actividade na modalidade e a consequente falta de experiencia que decorre dessa situação. Mas a falta de experiencia não se reflecte em juventude, basta que para isso verifiquemos que apenas Roman Reigns e Bray Wyatt não chegaram ao 30 anos. Ora toda esta situação vem comprovar a lentidão que pauto o actual processo de desenvolvimento das novas estrelas, mesmo com o auxílio dos territórios de desenvolvimento, do WWE Performance Center e do programa NXT. Neste sentido, consigo compreender que são colocadas mais e maiores dificuldades e desafios ao processo criativo e ás equipas responsáveis pelo mesmo, porque se torna fundamental produzir mais e melhor, mas também dar a protecção necessária aos jovens talentos no sentido de realçar as suas qualidades e corrigir e-ou disfarçar os seus defeitos. Mas já não consigo aceitar a fala de qualidade dos writers que a compõem, nem a apatia e benevolência de quem lidera. Pergunto se é aceitável que RAW após RAW e SmackDown após SmackDown assista-mos a programas inteiros sem quaisquer histórias ou acontecimento de relevo? Questiono se fará sentido construir um card com combates completamente aleatórios e sem que razões de relevo levem os participantes a enfrentar-se?

Depois, há também a questão da protecção aos talentos de que falei e que está a ser completamente negligenciada. Se programa atrás de programa assisti-mos a John Cena vs. Seth Rollins e-ou a Dean Ambrose vs. Bray Wyatt, como esperam que o público não se farte? Esperam realmente que isso não desgaste os wrestlers em causa e que as plateias deixem de lhes reagir? Mais importante ainda, acreditam que um combate que ocorreu milhares de vezes seja capaz de entusiasmar alguém e de vender PPVs? Dizem, por exemplo, que o Roman Reigns tem ring skills e mic skills fracas, o que não deixa de ser um facto, mas se se trata de um jovem com excelente imagem, com grande carisma, com um personagem interessante e com elevado potencial, porque raio não o proteger? Esperam que alguém com pouca experiencia no ringue não leve com cânticos de boring quando tem de enfrentar o Big Show? Acham que uma cath phrase – Believe That – leva alguém a algum lado? E que é que lhe escreve promos de erda que até ao The Rock custariam a colocar over? Um bad ass não precisa falar muito, falar pouco até lhe um ar místico e maior interesse, mas quando fala, tem de dizer algo com impacto e substancia.


Enfim, todo um role de questões que me levam a pegar nas afirmações de Vince McMahon e a inverte-las…não acho que os talentos tenham falta de atitude e de ambição, penso sim que estão limitados pelo contexto em que surgiram na modalidade, pelas fraquíssimas equipas criativas que tem estado na WWE e pela própria postura apática e benevolente de quem dirige a companhia. Portanto, estou em querer que a quem tem faltado, claramente, atitude e ambição é a Vince McMahon.



E vocês, o que pensam das afirmações de Vince McMahon a respeito da falta de atitude e ambições dos jovens talentos?!



Um Abraço,
Dias Ferreira


PS: Não se esqueçam de indicar mais temas e assuntos que gostassem de ver ser tratados neste espaço.



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