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quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Dias is That Damn Good #166 - "Sequência + Coerência = Credibilidade"

Boas Pessoal!

Sejam bem vindos a mais um "Dias is That Damn Good", um dos espaços com mais história na nossa CWO ;)

Ao longo dos últimos tempos, a forma como a WWE tem tratado os títulos secundários, o seu mid card e low card, assim como os jovens wrestlers e sua consequente boa ou má utilização, tem sido alvo de várias observações. Há os que consideram que a empresa presidida por Vince McMahon tem feito uma boa gestão de todo este processo, por outro lado, outros há que criticam fortemente esta mesma gestão.....

Pessoalmente, acho que ambos os lado têm alguma razão, mas para conhecerem melhor e mais profundamente o que penso acerca desta temática, sigam as próximas linhas.


No Pro Wrestling o termo "credibilidade" assume uma enorme importância, sobretudo, se nos estivermos a referir ao seu elemento mais preponderante, os wrestlers. O wrestler que é credível, não levanta suspeitas nos fãs sobre a sua capacidade de ganhar combates e derrotar adversários, não levanta dúvidas a respeito da sua posição no main event e, acima de tudo, torna compreensível uma aposta séria em si, da empresa a que pertence. Por outro lado, o lutador que não consegue atingir um nível de credibilidade aceitável e desejável, terá sempre enormes dificuldades em estabelecer-se nas divisões cimeiras da promotora a que pertence e dificilmente conseguirá transformar-se numa peça fundamental da mesma. Porém, nesta modalidade, o conceito de "credibilidade" é bem mais vasto do que aquele a que nos acostumamos na linguagem corrente. A credibilidade de um wrestler mede-se, logo à partida, pela sua imagem, pelo seu carisma, pela forma como fala, pelo modo como interage com a plateia e com os seus adversários e, acima de tudo, pela forma como compreendendo o ambiente que o envolve sabe reverter as diversas situações a seu favor. Assim, compreendemos o porquê de haver diversos lutadores que consideramos, desde o início, incapazes de chegar ao topo e em quem reconhecemos uma forte carência de potencial.

Mas a credibilidade de um wrestler não se esgota nas considerações que fiz no parágrafo anterior, muito pelo contrário, é aí que ela começa. Contudo, a parte essencial de todo este processo está relacionada com o booking que a empresa tem reservado para os seus diversos lutadores. E, neste ponto, por mais estranho que possa parecer àqueles que seguem a modalidade nos últimos anos, a WWE sempre foi um óptimo exemplo. Nenhuma outra empresa, como a WWE, soube introduzir um wrestler e fazê-lo crescer até ao topo, nenhuma outra promotora soube credibilizar um lutador como a de Vince McMahon. E fê-lo sempre com base numa fórmula onde a sequência (da sua utilização em feuds, combates e PPVs) e a coerência (no desenvolvimento das personagens, no amadurecimento das qualidades e capacidades, e no encadeamento das diversas storylines e combates) se assumiram como pedras basilares.

No produto que a WWE nos apresenta, sobretudo até 2006, é difícil olharmos para os shows e PPVs da companhia sem que vejamos, claramente, uma aposta generalizada nas mais diversas divisões do seu roster. Nunca importou apenas e só o main event, pois a empresa construía feuds e storylines fortes e rigorosas para o seu mid card, e fazia questão que estes wrestlers "do meio da tabela" (e os títulos secundários) tivessem o espaço e atenção devidos, inclusive, em PPVs, com combates que se revelavam de enorme interesse e qualidade. E, de facto, foi esta utilização sequencial e coerente, que tornou os wrestlers do mid card credíveis e experientes, ao ponto de chegarem ao main event da companhia sem qualquer problema de adaptação aos níveis mais altos de responsabilidade e exigência que "estar no topo" lhes impunha.

O Triple H e o The Rock são dois bons exemplos de tudo o que venho dizendo. Em seguida, deixo um combate entre ambos, na altura mid carders, no WWF SummerSlam 1998, para que o possam confirmar...

WWF SummerSlam 1998
Intercontinental Championship Ladder Match
Triple H vs The Rock


Ora, se as coisas aconteceram deste modo e trouxeram um enorme sucesso e rentabilização à WWE, porque razão a companhia terá deixado de se preocupar com esta fórmula e paradigma?! É um facto que os tempos mudaram, que os públicos-alvo são outros, que os wrestlers são diferentes e que as próprias equipas criativas já não são as mesmas...mas, não é menos verdade que ainda continua muita gente daquele tempo na companhia, não é menos verdade que há conceitos intemporais e que devem ser aplicados independentemente da época em que vivamos e do período que atravessamos, etc. Porque razão então?! Sinceramente, não a consigo descortinar...

Agora, pergunto-me...quererá a WWE continuar usar os seus títulos secundários e lutadores de mid card, upper card e tag team division de uma forma completamente aleatória e inconsequente?! Será normal ter um wrestler que participa do main event de um PPV ausente do seguinte sem qualquer razão que o justifique (como já aconteceu com o CM Punk e acontece agora com o Christian)?! Tem alguma lógica bookar combates pelos títulos Intercontinental, dos Estados-Unidos e Tag Team para o Night of Champions sem que se esteja a desenvolver qualquer feud e rivalidade entre os adversários?! Será saudável numa empresa colossal como a WWE centralizar todo o interesse da sua programação numa só história e da qual, ainda por cima, está ausente a luta pelos dois títulos de maior prestígio?! Compreende-se que o Daniel Bryan tenha ganho o MITB e agora sofra derrota atrás de derrota?! Como é possível que o Wade Barrett em poucos meses tenha passado de "dono" do John Cena a um "Zé Ninguém"?! E por aí fora...

Na minha opinião, são inúmeros os erros que a WWE está a cometer na gestão da sua programação e do seu roster. E enquanto os responsáveis da companhia não compreenderem que é extremamente prejudicial apostar 3 semanas num lutador para depois o deixar "cair" do nada, dificilmente conseguirá tirar o máximo rendimento do seu produto e plantel. Quanto a mim, volto a repetir o que disse na primeira parte deste artigo, a solução passa por regressar à fórmula/paradigma do passado...é preciso dar mais atenção ao mid card, atribuindo-lhes boas storylines e a possibilidade de construírem combates com real interesse e qualidade; é preciso que se aposte nos lutadores de uma forma séria, atribuindo-lhes um booking que tenha uma sequência lógica e coerente; e é preciso que protejam a credibilidade que os wrestlers vão conseguindo construir para si próprios.

E vocês, o que pensam do modo como a WWE tem gerido o seu mid card e títulos secundários?!

Bem, foi mais um "Dias is That Damn Good" que espero tenham gostado e comentem!
Um Abraço, Dias Ferreira ;)

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