Boas Pessoal!

Bem vindos a mais um "Dias is That Damn Good", a coluna com maior número de edições na história do XBooker =)
No artigo de hoje, como já deverão ter percebido pelo sub-título, irei abordar os matches de wrestling. A temática não se desenvolverá na explicação dos mais variados tipos de combate, mas sim na desconstrução das necessidades e prioridades dos itens que conjugados permitem oferecer um bom espectáculo.
Sigam, então, o restante texto...

O combate, a par dos wrestlers e do público, é o principal elemento na modalidade wrestling. Sendo, por isso, necessário compreender que ele nunca pode ser analisado sem que recáia, também, uma avaliação sobre os wrestlers que nele intervêem e sobre a assistência. E, se deste modo, chegamos à conclusão que os matches estão inevitavelmente limitados aos wrestlers que o praticam e aos fãs na plateia, chegamos também à razão pela qual existem vários tipos de combate, que surgem muitas vezes associados a determinado wrestler ou wrestling style. Sim, porque as coisas não aparecem ou acontecem por um acaso, tem de haver sempre uma razão muito forte para que elas se edifiquem de um modo e não de outro. Mas vamos lá desconstruir isto, de uma forma mais fácil, para que vocês consigam perceber e entender o que quero dizer...
Na relação Matches-Wrestlers, obviamente que compreenderão que há determinados wrestlers cujas características não se conseguem adaptar a um qualquer tipo de combate. E é por aí que devemos começar logo a pensar, vejamos, por exemplo, um wrestler como o Sandman...ele tinha uma química enorme com os combates hardcore e a sua prática, mas era incapaz de oferecer um espectáculo digno desse nome num outro tipo de match. Outro caso, pode ser ainda o de Shawn Michaels, um lutador brilahnte que não consegue diferenciar a sua performence de um show semanal para um PPV (e acreditem que é necessário fazer diferenciações na qualidade destes), etc. Ou seja, como disse, as características dos wrestlers vão sempre influenciar a qualidade de um combate e o modo como ele é visto pelos fãs. No entanto, também é necessário haver uma boa química entre os intervenientes nos combates, pois dois lutadores que não se consigam complementar, nunca conseguirão oferecer e construir um bom show.
Já no que respeita à relação Matches-Público, torna-se necessário saber oferecer um combate que seja apropriado à assistência do local onde o evento se realiza. Se estamos perante um público mais jovem, temos de compreender que eles vão obviamente querer assistir a algo mais rápido e com mais movimentos de risco (alguns spots); se estivermos perante fãs mexicanos, já sabemos que o seu amor pela Lucha-Libre (onde o highflying é o estilo predominante) falará mais alto e que com certeza irão querer ver um combate com aquelas características; se formos à Europa, e em particular ao Reino Unido, temos de compreender que o público gosta mais de combates técnicos, com strikes e matt wrestling à mistura; se estivermos no Japão, temos de perceber e respeitar a cultura do Puroresu, e compreender o seu gosto pelo estudo aprofundado de todos os movimentos e desenvolvimentos técnicos do combate (já para não falar que se trata sempre de um público pouco ruídoso); etc. Por isso, a formatação e construção dos combates tem de respeitar sempre o local em que se encontra, uma vez que, o tipo de match que vai oferecer está sempre limitado por essa condicionante.

Depois de compreendida a importância da relação entre Matches-Wrestlers e Matches-Público, é importante e fundamental perceber o build up dos combates e a sua função. Com certeza que há muitas pessoas e fãs capazes de apreciar um combate que apareça completamente "solto" (sem qualquer feud ou storyline por detrás), no entanto, penso que é do conhecimento geral que a grande maioria do público prefere combates que signifiquem o culminar ou desenvolvimento de qualquer contenda (e normalmente estes são sempre os melhores combates). É, aliás, o drama e encenação que ocorre antes dos combates que torna especial e entusiasmante o seu desenvolvimento, pois é a história que está por detrás do combate (a feud ou storyline) que vai definir quem é o face, quem é o heel, quem o público deve apior e apupar, que condicionantes terá o combate e tudo o que ele acarreta...sendo, por isso, o grande ponto de partida dos combates, uma vez que so wrestlers devem saber pegar no build up e encená-lo no ringue...pois o wrestling mais não é que contar histórias com o corpo. Com isto, o que quero dizer, é que antes de qualquer combate, deve haver uma boa feud entre os intervenientes...uma boa feud em que os principais acontecimentos e desenvolvimentos se revejam posteriormente no combate.
Uma má interpretação do que acabei de referir é, por exemplo, o que aconteceu nos dois combates pelos títulos Mundial e da WWE, no Armageddon 2008. No primeiro caso, vivia-se uma feud brutal e violenta entre o John Cena e o Chris Jericho, era uma quesília que reflectia o ódio e vontade de aniquilação mutua...no entanto, o que aconteceu no combate em nada contou a história que se passava entre ambos. Esperava-se um combate duro e violento, mas não foi mais que um match "normalíssimo" entre dois wrestlers que se enfrentam apenas para disputar o título, sem que tivesse existido anteriormente mais nada entre eles. Assim qual foi a razão para a criação de um build up tão fantástico e completo, se depois não se reflectiu nada no combate!?...No outro caso, estavamos perante uma feud semelhante entre o Jeff Hardy e o Triple H, no entanto, havia um terceiro elemento à mistura, o Edge. Aquilo que se pedia nesta contenda, era que tivesse havido uma transposição do build up do combate para o ringue, o que se pedia era um Triple H e um Jeff Hardy a destruírem-se um ao outro e a "esquecerem-se" um pouco do Edge, que iria aproveitar para descansar e atacar ambos de forma inesperada e oportunista (fazendo jus à sua gimmick). Como é óbvio, isto não aconteceu...
Já o bom exemplo de aplicação do build up ao combate, foi o match entre o Triple H e o Batista no Vengeance 2005 (num Hell in Cell). A feud entre ambos já se arrastava há muito tempo, sendo que depois de duas derrotas consecutivas, o Triple H tinha ali a sua derradeira oportunidade de conquistar o título Mundial de Batista (que após o combate seria transferido para a SmackDown). A construção/build up deste combate foi feita em redor do Pedigree de Triple H, finisher move ao qual Batista nunca tinha conseguido sobreviver. Ora a transposição desta situação (feud) para o ringue foi algo de fantástico e muito bem feito, pois durante todo o combate foram visíveis as diversas tentativas que o Triple H fez para aplicar o seu Pedigree, tal como também foram visíveis as diversas fugas que o Batista protagonizou a esse move...até que sofreu um e finalmente conseguiu levantar-se (sobreviveu e nesse momento, a WWE tinha criado outro grande wrestler), aplicando em seguida a Batista Bomb ao Triple H e vencendo o combate. Como podem compreender, esta foi sem dúvida uma boa aplicação teórica e prática de tudo o que tinha afirmado, no que respeita à relação entre os combates e o seu build up.

Por último, mas não menos importante, chega a vez da técnica e qualidade dos intervenientes nos combates. Como é óbvio, a qualidade de um match cresce sempre que os wrestlers são capacitados. Mas para que se verifiquem bons combates é necessário haver, também, bons índices técnicos e táticos, provenientes da psicologia de ringue, do selling, do carisma, da capacidade de comunicar com o público, da boa aplicação dos moves, do encadeamento lógico do move set, do modo como a hsitória é contada, etc. Por estas razões, torna-se perceptível o porquê dos melhores combates serem quase sempre protagonizados pelos melhores lutadores, que normalmente, são também os mais famosos. Contudo, se são os wrestlers que fazem os combates, não menos verdade é, que um bom combate também pode criar (ou pelo menos dar um forte impulso na carreira) uma superstar...temos casos exemplificativos do que afirmo, por exemplo, no Submission-Macth entre o Steve Austin e o Bret Hart (lançando para a fama o primeiro) ou o Hell in a Cell entre o Triple H e o Mankind (que credibilizou para a vida o primeiro).
Em jeito de conclusão, podemos dizer que os bons combates estão sempre dependentes de vários itens. Esses itens são, essencialmente, a existência de um bom build up, a consciência do público a quem nos estamos a dirigir, e a qualidade dos wrestlers intervenientes, assim como a sua química com o tipo de combate em causa e adversário.
E foi mais um "Dias is That Damn Good", que espero tenham gostado e COMENTEM!!
Um abraço, Dias Ferreira!
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