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quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Dias is That Damn Good #82 - "Hardcore Missing"

Boas Pessoal!



Sejam bem vindos a mais um “Dias is That Damn Good”, a coluna com maior número de edições na história do XBooker =)

Hoje, naquele que será o meu último artigo antes do Natal, irei abordar a falta que os hardcore matches e seus bons praticantes têm feito ao Pro Wrestling. Assim, numa análise aos benefícios e prejuízos provenientes desta situação, e na abordagem dos grandes nomes desta componente, comprometo-me a tentar desconstruir de um modo perceptível toda esta problemática.

Não percam, portanto, o que se segue…



Normalmente os hardcore matches surgem, intimamente, relacionados com a antiga ECW, no entanto e curiosamente, não penso que os melhores combates hardcore tenham sido praticados nessa companhia. Reconheço que foram muitos e boas as batalhas violentas e sangrentas oferecidas por um Raven, ou pelo Sandman, pelo Tommy Dreamer, ou ainda por um Mick Foley, pelo Terry Funk, etc. Eram combates brutais e que continham toda uma enorme carga psicológica, proveniente de algumas das melhores feuds da história do Pro Wrestling. Contudo, a ECW não era a marca possuidora dos melhores workers da modalidade, da vertente hardcore sim, mas não das restantes. Penso que relativamente à prática destes combates, a ECW esgotou a fórmula hardcore wrestler vs. Hardcore wrestler, pois quando se pedia algo diferente e mais próximo do produto oferecido nas restantes federações da modalidade, a empresa de Paul Heyman apenas o conseguia apresentar quando Shane Douglas, Mike Awesome ou Steve Corino entravam em acção (e mesmo estes familiarizaram-se de mais com o estilo hardcore).

A verdade, é que é muito mais interessante acompanhar um combate hardcore em que estejam envolvidos wrestlers de características diferentes, sendo um deles especialista nos combates hardcore e o outro um lutador com características consideradas “normais”…pois as expectativas e o próprio conceito do combate vão-se alterar, e vão-se alterar para melhor, porque oferece-nos sempre um produto diferente, inovador e muito interessante de acompanhar. Com isto, não estou a dizer que os combates entre hardcore wrestlers não sejam bons ou entusiasmantes, porque o são, e basta pensar num Raven vs. Sandman ou num Mick Foley vs. Terry Funk para classificar tais considerações de ridículas. Aquilo que realmente quero transmitir (prendendo-se com a forma como vejo e olho para os combates e pro wrestling em geral) é que qualquer situação deve ser pensada no longo prazo e no sentido de trazer benefícios para os envolvidos. Por exemplo, o que ganharam o Terry Funk e o Mick Foley em combaterem um com o outro!? É verdade que ofereceram uma feud fantástica, momentos brilhantes e um combate formidável…no entanto, já estavam ambos estabelecidos e a jogada foi apenas pelo puro espectáculo e divertimento (o que também é muito bom e admirável, mas não pode ser visto como prioritário). Lembrem-se, por exemplo, da feud entre o Mick Foley/Mankind/Cactus Jack vs. Triple H…não foi algo ainda mais formidável e brilhante que a feud do primeiro com o Terry Funk!? Penso que sim, e porquê? Porque o Triple H era um wrestler cheio de talento e qualidade, que se encontrava em desenvolvimento e que apresentava características completamente diferentes das de Mick Foley (uma vez que não tinha experiência com combates do estilo hardcore). Por seu lado, Foley tinha a química com o hardcore match e era extremamente experiente, o wrestler certo para conseguir pushar e tornar o Triple H imortal, ficando desse mesmo modo, também ele na imortalidade da história da modalidade. Ou seja, se pegarmos num hardcore wrestler de qualidade e experiente (no estilo hardcore), e o colocarmos frente a um wrestler com características bem diferentes (de preferência clássicas), que esteja apenas a necessitar de um último push, da derradeira credibilização, teremos não só excelentes momentos dentro e fora do ringue, mas também um enorme retorno a médio/longo prazo (no que respeita aos benefícios e reconhecimento que trará a ambos os intervenientes). E é, por isso, que me apresento como um defensor de uma fórmula na qual os combates hardcore sejam utilizados, de modo que um wrestler com características “normais” seja pushado pelo hardcore wrestler.



E é pensando nesta forma de ver wrestling, os hardcore matches e os seus praticantes, que sinto necessidade de reflectir sobre o número de vezes que eles ocorrem (combates hardcore) e nos benefícios e prejuízos da sua regular apresentação. Sinceramente, olho para um hardcore match como se de um gimmick match se tratasse, e como tal, sou defensor da fórmula que a WWE apresenta relativamente a estes. Essa fórmula diz-nos que os gimmick matches devem ser utilizados com pouca regularidade ou de forma dozeada, pois essa é a única forma de os tornar raros, valiosos e fantasticamente entusiasmantes. Ora a má interpretação desta fórmula por parte da ECW Original e agora pela TNA é, a meu ver, uma das razões pela qual os hardcore matches perderam muito do seu potencial (embora a TNA venha a melhorar neste aspecto). Quando nos oferecem algo repetidamente, é óbvio que o seu valor se vai perdendo e é, por isso, que na WWE os gimmick matches sempre foram especiais.

Assim, e depois de estudada a fórmula que um hardcore match deve apresentar e a regularidade das suas realizações, torna-se importante avaliar uma das suas componentes mais importantes, o Blood. Ok, não me olhem como um tarado sanguinário, até porque não sou defensor da utilização da técnica de blanding, pelo menos com frequência. Pensem assim, se eu defendo uma realização de hardcore matches que seja doseada e limitada, então a prática desta técnica também deverá ser limitada às vezes que estes combates se realizarem (e a mais algumas brawls lol). Não considero o blood o factor principal de um combate hardcore e é óbvio que só por si não lhe acrescentará qualidade (basta ver combates da CZW para o perceber)…no entanto, num bom hardcore match, o blood será o expoente máximo da sua brutalidade, da sua violência, da sua intensidade, do seu realismo e da sua credibilidade. E é nesses termos que sinto o blood como uma componente importante neste tipo de combates, até porque penso que concordarão comigo, quando digo que um combate hardcore sem sangue nos deixa sempre com a sensação de que faltou algo mais.



Deste modo, e fazendo a transposição de todos os itens que abordei anteriormente neste artigo, para um plano actual, conseguimos e podemos fazer diversas considerações sobre esta temática. A primeira, e que salta à vista de forma gritante, é a perda das grandes referências no que toca a wrestlers praticantes do estilo hardcore. O Terry Funk retirou-se, o Mick Foley tem o seu corpo “destruído” e apenas pode oferecer um ou outro combate pontual, o Raven anda perdido no circuito independente, etc. Restam-nos então três grandes nomes: a Team 3D, que tem dado espectáculo na TNA, apesar da empresa não saber tirar o melhor proveito disso (o Bound For Glory 2008, foi uma excepção); o Tommy Dreamer que anda desacreditado na ECW Brand da empresa de Vince McMahon, e em quem a WWE nunca depositou a confiança que outrora depositara em Mick Foley (a feud com o Jack Swagger foi uma excepção); e Abyss, que se tornou nos últimos tempos na grande referência desta vertente, mas que no entanto e à semelhança da Team 3D, encontra-se numa empresa que não sabe tirar o melhor das suas características e grande utilidade (apesar de tudo, vejo nele um novo Mick Foley, apenas precisa evoluir nas mic skills). Por último, temos o tal caso de Mick Foley, “que estando, acaba por não estar ao mesmo tempo” o que é uma pena, pois ao lado de Terry Funk, ele é o senhor e Rei hardcore…contudo, duvido muito que mesmo o seu trabalho pontual seja credibilizado e valorizado na TNA, como foi na WWE, e que por isso, chegue a ter um grande significado na empresa de Orlando. Para compreender a importância do trabalho de Foley, é necessário saber dar pushes coerentes e consistentes a jovens estrelas, e para que isso aconteça, é necessário haver uma boa organização das divisões da companhia e das estruturas da empresa e seus shows e eventos…porque enquanto isso não acontecer, a boa vontade e talento do Mick, não vão chegar.

Ora e se com isto, temos na TNA a empresa que detêm os wrestlers qualificados para a prática dos combates hardcore, e se é ela que os oferece (embora mal, porque não os sabe utilizar, bem dar a sequência e seguimento devido)…temos na WWE, a federação que os sabe utilizar e apresentar, mas à qual faltam os talentos para o praticar. E esse é também um forte problema para a empresa de Vince McMahon, pois tirando os casos de Batista e John Cena, as últimas grandes estrelas lançadas pela WWE, foram credibilizadas e consolidadas através de espectaculares hardcore matches entre Mick Foley e Triple H, depois Randy Orton e posteriormente Edge.

Concluindo, fico então à espera de um ressurgimento do interesse da WWE nesta vertente, para que novos praticantes do estilo hardcore possam aparecer e oferecer fantásticos combates, capazes de (tal como outrora) dar os pushes mais rápidos, credíveis e violentos da história. Quanto à TNA, espero que um dia consiga aprender a estruturar as suas divisões e a forma como apresenta os gimmick matches, para que os pushes possam realmente ser pensados e significativos…também para que os hardcore matches e excelentes praticantes que têm nas suas fileiras não trabalhem em vão. Hardcore sim…mas regulado, pensado e qualificado!



E foi mais um “Dias is That Damn Good”, que espero tenham gostado e COMENTEM!
Um abraço, Dias Ferreira!

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