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quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Dias is That Damn Good #184 – "Análise SWOT - O Fim da WCW"

Boas Pessoal!



Sejam bem vindos a mais um "Dias is That Damn Good", um dos espaços mais antigos da nossa CWO ;)

Há uns anos atrás, quando era um membro em regime "full-time" da comunidade de wrestling nacional e estava à frente do XBooker, escrevi uma série de textos em que aplicava o modelo da Análise SWOT às mais diversas situações que as promotoras e a própria modalidade, naquele momento, enfrentavam. Para quem não sabe, o termo SWOT significa Strenghts, Weaknesses, Opportunities and Threats...ou seja, trata acima de tudo de uma análise aos pontos fortes, aos pontos fracos, às oportunidades e às ameaças que decorrem de determinada situação e/ou acontecimento.

Ora, aquilo que hoje me proponho abordar será, através de uma Análise SWOT, toda a situação que envolveu o final da WCW e as consequências, quer para o produto, quer para a indústria do Pro Wrestling, que daí advieram.

Não percam, portanto, as próximas linhas...



Comece-mos, primeiro, por aqueles que identifico como sendo os principais Pontos Fortes e Oportunidades geradas com a aquisição da WCW por parte de Vince McMahon...

Pontos Fortes e Oportunidades:

  • Storyline de Enorme Potencial

Se pensarmos naquilo que foi a história dos anos 90, no que toca ao Pro Wrestling, não podemos deixar de nos referir às Monday Night Wars e ao conflito entre a WWE e a WCW como o acontecimento mais relevante e de maior importância no que a esta indústria diz respeito. O embate entre as duas promotoras de maior dimensão trouxe grandes benefícios, quer para os fãs, quer para os wrestlers, quer para o produto apresentado, quer, acima de tudo, para o próprio business. De facto, os conteúdos tornaram-se cada vez mais reais e credíveis, respondendo aos anseios de uma sociedade que tinha mudado e evoluído, procurando, consequentemente, novas formas de entretenimento mais modernas e adequadas à época e momento que se vivia. Ora, neste contexto, o kayfabe foi perdendo alguma da sua relevância e a concorrência entre as duas grandes companhias traduzia-se, também, na tensão latente entre as administrações e lutadores de ambos os lados da barricada...e essa situação passou claramente para o produto e programação que eram apresentados aos fãs. Desta forma, tudo aquilo que acontecia na realidade, de uma maneira ou de outra, acabava por se tornar num conteúdo de elevado potencial a explorar nos RAWs e nos Nitros. Neste sentido, percebemos que aquando da aquisição da WCW por parte de Vince McMahon, as sementes para a construção de uma storyline memorável estavam definitivamente lançadas. De facto, a possibilidade de trazer para a programação toda a rivalidade entre os intervenientes das Monday Night Wars e colocá-la num só show e ppv's era algo tremendo e conseguiria agarrar à televisão e modalidade, não apenas os seus fãs e mais fiéis seguidores, mas também uma larga camada de espectadores e telespectadores casuais que, certamente, quereriam saber como terminaria todo o processo que levou ao encerramento da WCW. Por outro lado, penso que também todos gostariam de saber como seriam recebidos de volta os grandes talentos como Hulk Hogan, Kevin Nash e Scott Hall (fundadores da nWo) e quais as reácções de Vince McMahon e Eric Bischoff nos segmentos em que se enfrentariam e trocariam palavras. Portanto, esta situação constituiu um ponto bastante forte e uma oportunidade única para criar, talvez, a storyline das storylines. Haveria, pelo menos, materia para 2 anos ao mais alto nível, com elevados níveis de interesse e ratings que bateriam records...isto, se as coisas fossem realmente bem feitas, o que, como sabemos, não aconteceu.

  • Dream Matches:

Outra situação que a aquisição da WCW permitia seria a inclusão no roster da WWE de wrestlers de enormíssima qualidade e de uma elevadíssima popularidade. O star power da companhia de Vince McMahon poderia crescer significativamente e este teria às suas ordens o melhor plantel algum vez existente na história da modalidade. Ora, como consequência dessa situação, nada menos seria de esquerar que a construção de storylines, rivalidades e combates lendários...entre estrelas da modalidade que, pelas suas carreiras e pertença a uma ou outra promotora, nunca tinham cruzado os seus caminhos. E é aqui, neste ponto, que entram os Dream Matches...aqueles combates que até à derrocada da WCW ninguém acreditava poderem vir a acontecer, mas que, uma vez possíveis, pagariam tudo o que pudessem para os poder ver. Não nos podemos esquecer que o Pro Wrestling também vive muito de momentos especias, de acontecimentos épicos e, neste sentido, os Dream Matches assumem esse mesmo papel e função. Como sabemos, de realmente épico, apenas assistimos ao The Rock vs. Hulk Hogan, no entanto, essa foi uma contingência do booking e das más decisões que se tomaram...porque, uma coisa é certa, a capacidade e potencial, na altura, para construir uma série de Dream Matches e momentos épicos e inesquecíveis, era tremenda.



Passemos, agora, aos Pontos Fracos e Ameaças fundamentais que se criaram com o fim da WCW...

Pontos Fracos e Ameaças:

  • A Ausência de Concorrência:

Se houve acontecimento marcante que teve na sua génese o fim das Monday Night Wars e o encerramento da WCW, foi a total aniquilação da concorrência. Uns meses antes, tinha fechado a ECW, pelo que restavam apenas 3 ou 4 territórios independentes que, com o passar do tempo, também encerrariam ou tornar-se-iam territórios de desenvolvimento da WWE. Deixando de existir um alternativa à empresa de Vince McMahon aqueles que mais sofreram com essa situação, de forma directa, foram os próprios wrestlers e restantes workers para quem um falhanço na única main stream que restava resultaria, inevitavelmente, na penuria em que se encontrava o circuito independente norte-americano (à data) ou na emigração (aparecendo o México e o Japão como países preferênciais). Por outro lado, o facto de não haver concorrência relaxou o processo criativo na WWE e, uma vez que não precisavam mais preocupar-se com um produto concorrente, estagnaram quase por completo. Neste caso, quem mais sofreu, de forma indirecta, acabaram por ser os fãs, uma vez que o produto perdeu qualidade e interesse de uma forma bastante substâncial. No entanto, e embora tenha havido algum recrudescimento no business (com o crescimento da TNA e o desenvolvimento da ROH), a verdade é que até hoje ainda não apareceu (e acredito que a aparecer será preciso esperar-mos muito tempo) uma promotora que se constituísse numa verdadeira alternativa à WWE...até porque do ponto de vista dimensional e organizacional, da capacidade financeira e da popularidade estão todas a léguas...infelizmente.

  • A Monopolização da Indústria:

Um outro fenómeno que ocorreu com o "fechar de portas" da WCW, foi a monopolização quase por completo da indústria e do business por parte da WWE. De facto, com o final das Monday Night Wars e a vitória esclarecedora da empresa de Vince McMahon (isto para não falar na super-estrutura com que a companhia ficou), tornou-se bastante claro que seria impossível a qualquer cadeia de televisão que apostasse numa promotora da modalidade querer que ela pudesse tornar-se competitiva num curto-médio prazo. Por esta razão, entre outras, as cadeias de televisão não quiseram arriscar e, elas próprias, fechando o mercado televisivo, criaram diversas dificuldades às pequenas promotoras independentes que procuravam dar os primeiros passos e ganhar uma maior visibilidade (neste aspecto, o exemplo da TNA é sintomático). Mas esta monopolização do business assumiu e ainda hoje assume aspectos bem mais perversos como o clima e ambiente de muito menor vigor, apoio e aceitação que se vive em redor da mesma. Por outro lado, não esqueçamos que há bem pouco tempo a WWE ameaçou retirar de todas as suas "tours" as arenas que aceitassem realizar eventos da TNA. O monopólio, seja qual for a área em que se edifica, tende a ter destas coisas, tende a sufocar e a colocar um garrote em todas as organizações que possam constituir-se uma ameaça à sua completa dominação...ora, isto é mau para o business, é mau para os fãs e é péssimo para os wrestlers e restantes workers da indústria.


Conclusões:

Quando procuramos chegar a uma conclusão a respeito deste assunto, acredito que, se por um lado podemos avaliar os pontos fracos e as ameaças como uma consequência perfeitamente natural de um processo onde as alternativas e concorrência são eliminadas e tudo se centra num grande monopólio...por outro prisma, não devemos avaliar os pontos fortes e as oportunidades que a queda da WCW gerou apenas pela forma como ela foi gerida ou aproveitada pela WWE, até porque como ficou demonstrado, os pontos fortes e as oportunidades poderiam ter dado origem a algo tremendo. Contudo, eu gosto de pensar a longo prazo e, quando assim é, colocamos sempre em cima da mesa qual a opção que nos permite, no futuro, retirar mais e maior rentabilidade, mais e maior benefícios. E, neste caso em concreto, não acredito que a "riqueza" criada com um bom aproveitamento dos pontos fortes e das oportunidades que a compra da WCW gerou fosse suficientemente duradora. O monopólio e a ausência de alternativa e/ou concorrência sufocou e abafa o negócio, quase o matou e vai destruindo a cada ano que passa mais um bocado. Assim sendo, por mais que eu gostasse de ter assistido à storyline das storylines (que também acabou por não se verificar) e por mais que quisesse ter visto uma série de Dream Matches (que também não se tornaram realidade), não trocaria uma indústria competitiva, com pelo menos uma promotora que fosse uma verdadeira alternativa à WWE, por esses meus desejos.


E vocês, quais pensam ter sido os principais pontos fortes e fracos originados pelo fim da WCW?! De que forma pensam que essa situação influênciou a modalidade e a indústria?!


Um Abraço!

Dias Ferreira

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