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quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Dias is That Damn Good #185 – "Bocas Ordinárias (A Administração Dixie Carter)"

Boas Pessoal!



Sejam bem vindos a mais um "Dias is That Damn Good", um dos espaços com mais história na nossa CWO ;)

Há uns anos, quando escrevia com regularidade na nossa comunidade de wrestling online, recorri a uma ideia e formato de texto (a que dei o nome de "Bocas Rápidas") em que abordava de um modo bastante resumido as mais diversas situações e acontecimentos de relevo a respeito da modalidade, mas também as promotoras, os seus wrestlers e as suas opções estratégicas e de negócio. Agora, aquilo que me preparo para vos apresentar, é uma pequena variação dessa mesma ideia e formato, mas com um enfoque muito superior na crítica severa e intransigente aos assuntos e notícias que me têm tirado do sério...daí que tenha optado pelo nome "Bocas Ordinárias".

Ora, como é a TNA e, mais concretamente, a administração de Dixie Carter que têm estado na ordem do dia, com os mais variados anúncios e "surpresas", será, compreensivelmente, sobre eles que, ao longo do presente espaço, me irei debruçar.

Não percam, portanto, as próximas linhas...



As Gravações do TNA Thurday Night iMPACT Wrestling

Se há coisa que prejudica e corrói a TNA, por dentro, é a forma como a promotora realiza e produz o seu programa semanal. Já sabemos que tentaram levá-lo para a "estrada" e financeiramente não foi comportável, mas isso até se compreende e desculpa, agora, passar a fazer gravações de quase todos os shows?! Por favor. Não é viável?! Claro que é, basta que para isso comecem a cobrar, pelo menos, uns 5 dólares de bilhete por cada iMPACT (para quem não sabe, assistir ao iMPACT é gratuíto). Transmitir o iMPACT em directo acarreta mais custos e investimento mas, por outro lado, trás mais e maiores ratings, torna as assistências e as plateias bastante mais vivas e interessadas (e, por isso, de maior qualidade) e, por último, dá ao programa e aos próprios wrestlers a possibilidade de proporcionar um show de qualidade muito superior (algo que as quatro horas de gravações e os segmentos soltos nunca permitirão). Continuar com as gravações do iMPACT Wrestling, mais que impedir o desenvolvimento e crescimento da promotora, é o caminho para ir morrendo aos bocados...e é bom que a Dixie Carter e quem a aconselha coloquem isso na cabeça o quanto antes.

Os Eventos Especiais e PPVs Gravados

Uma das coisas que mais comixão me tem feito na TNA, foi a opção da Administração de Dixie Carter em passar a fazer gravações dos eventos especiais e de alguns PPVs. Se pensarmos que, no pro wrestling, os diversos eventos valem mais consoante a sua actualidade e o facto de serem transmitidos em directo, compreendemos que, qualquer promotora, deve fazer um esforço por enquadrá-los na programação das suas storylines e, também, por transmiti-los em directo. Ora, para nosso espanto, Dixie Carter e os seus comparsas, não pensam assim...eles acham que faz sentido gravar eventos especiais onde os combates não têm qualquer ligação às main storylines da companhia e onde muitos dos wrestlers que neles competem nem sequer estão contratualmente ligados à empresa. Mais que isso, Dixie e os seus colegas, acreditam que é rentável gravar PPVs ao invés de os transmitir em directo, esquecendo-se que perdem, dessa forma, uma quantidade substâncial de compradores e, por consequência, dos buy rates. Os PPV's existem para expor o climax das rivalidades e storylines que decorrem nos shows semanais e os eventos especiais, quanto muito, devem acontecer como episódios especiais do show semanal...não compreender isso, não perceber que se está a perder dinheiro e teimar no mesmo erro, já não é apenas incompetência, é também burrice.

O Regresso do Ringue Hexagonal

Outra situação com a qual sempre embirrei e que me tira do sério ainda mais, agora, é a utilização do 6-Sided Ring. O Pro Wrestling nasceu nos EUA e trata, acima de tudo, de lutadores que contam a história de um combate encenado, com os seus corpos e os "instrumentos" que os rodeiam, dentro de um ringue (sendo que o ringue é também ele uma "ferramenta" fundamental dessa mesma história e encenação). Deste modo, alguma razão deve haver para que, desde a sua criação, todas as promotoras e companhias tenham optado pelo ringue quadrangular, alguma razão deve haver para que os wrestlers prefiram o ringue tradicional e critiquem o 6-sided ring. É clássico ringue quadrangular o que melhor se adapta às necessidades que os wrestlers têm nos combates de que participam, é o ringue clássico, quadrangular, que permite retirar o máximo proveito da psicologia de ringue, dos corners e dos turnbuckles...o ringue hexagonal existe apenas no México, mas o estilo lá praticado é completamente diferente, na Lucha-Libre é a spotfest que importa e pouco mais, será que é isso que a TNA quer para o seu produto?! Quererá a TNA perder de vez os verdadeiros combates de wrestling e os grandes ring workers em detrimento de spot monkeys saltitantes?! Enfim. Depois há ainda o caso da produção e filmagem, que perderá, considerávelmente, qualidade uma vez que o ringue hexagonal é maior e impede a captura de todos os ângulos e imagens que uma produção de wrestling de topo requer e exige. São, portanto, na minha opinião, entraves suficientemente importantes para invalidar uma ideia cujos seus defensores apenas validam pelo factor estético da diferença. Por outro lado, a forma como toda a situação foi tratada, deixando-a ao critério dos fãs (e no que respeita à TNA, ao pequeno núcleo duro de seguidores e simpatizantes) diz muito sobre a forma como a administração de Dixie Carter trata dos seus assuntos...com total negligência e falta de competência.



O TNA Bound For Glory 2014 no Japão

Esta estupidez e erro, então, são de bradar aos céus. Então a Dixie decide fazer o maior dos PPVs da companhia no Japão, onde as plateias têm uma resposta completamente diferente das ocidentais, com o fuso horário bastante diferente do norte-americano, numa arena com lotação para apenas duas mil pessoas (metade das que estiveram no Slammiversary) e, ainda por cima, no mesmo dia e na mesma cidade que a maior promotora japonesa realiza um dos seus ppvs?! É que isto já não é apenas estupidez, burrice e incompetência, isto é revelador de uma glossal falta de inteligência. A Dixie, definitivamente, não é só de wrestling que nada percebe, também de nos negócios é uma completa leiga. A realizar o Bound For Glory fora dos EUA, só havia um país a poder recebê-lo, o país onde a TNA tem mais fãs e seguidores, o país onde a TNA sempre conseguiu as suas melhores assistências e tem dos melhores números e buy rates...a Inglaterra. Há coisas tão óbvias e tão básicas que me deixam perplexo como não se entendem.

A Falta de Estratégia na TNA

A falta de estratégia por parte de quem dirige a TNA é outro fenómeno gritante. A companhia passa a vida a mudar de rumo, a traçar novos planos apenas para os largar alguns meses mais tarde...e assim, não há empresa, nem negócio e/ou produto que se safe. Não se pode, nem é admissível, que continuem a mudar os planos do dia para a noite...a TNA tem, de forma rápida e urgente, de traçar uma estratégia e um plano e apostar nele de forma séria e consequente. As coisas necessitam de tempo para dar frutos e resultados e é necessário pensar a médio-longo prazo...quem espera resultados imediatos, a curto-prazo, e continua a mudar o foco constantemente, não vai conseguir, de certeza, nada de bom, nada de produtivo, acima de tudo, nada de rentável.

Conclusões

Estes são, de facto, os cinco aspectos que mais me escandalizam e tiram do sério quando falamos da TNA. E eles são, também, a prova viva de que quem está a gerir a companhia não tem a menor capacidade, competência e conhecimento para o fazer. O problema só se resolve de duas formas...ou a Dixie Carter reconhece que realmente não percebe nada de wrestling e do mundo dos negócios afecto a esta indústria e se rodeia de gente sabedora que a possa ajudar...ou terá de aparecer alguém realmente interessado na companhia e na modalidade que queira investir, adquirir a TNA e dar à empresa o rumo de que ele precisa urgentemente. Como não acredito que a administração da Dixie Carter seja "reciclável", ficarei à espera que alguém, de alguma forma, possa comprar a companhia e dotá-la do que ela necessita. Por último, é preciso não esquecer que a margem de erro na TNA é muito pequena...a WWE é enorme e pode errar a seu belo prazer, até porque não tem quem lhe faça concorrência...mas a TNA é pequena e vive mergulhada em problemas de viabilidade financeiro-económica. Quem me dera que a TNA atinasse e encontrasse o caminho do crescimento, do desenvolvimento e do sucesso, como fã de wrestling há 20 anos, não poderia desejar outra coisa.

E vocês, quais os aspectos que mais vos irritam na gestão da TNA?!


Um Abraço!

Dias Ferreira

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