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quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Dias is That Damn Good #186 – "A Geração NXT"

Boas Pessoal!



Sejam bem vindos a mais um "Dias is That Damn Good", a coluna com mais história na nossa CWO ;)

No Pro Wrestling, como acontece nos mais variados quadrantes socio-profissionais da nossa sociedade, as gerações vêm e passam, criando diversas expectativas com o seu advento e deixando um legado para posteriormente avaliarmos.

Neste sentido, e porque é a geração NXT que, agora, começa a conquistar o seu espaço e a afirmar-se na WWE (a maior de todas as promotoras da indústria), será sobre ela que recairá a análise que me proponho realizar ao longo do texto que, agora, vos apresento.

Não percam, portanto, as próximas linhas...



Como disse anteriormente, as gerações vêm e passam, deixando uma marca indelével das suas qualidades e capacidades e da forma como estas contribuíram para a afirmação e consolidação do pro wrestling como modalidade e indústria de relevância à escala global. De Bruno Sammartino a Billy Graham, de Hulk Hogan e Roddy Piper a Bret Hart e Shawn Michaels, de Steve Austin, The Rock e Triple H a John Cena, eis os nomes maiores das mais diversas Eras e gerações que nortearam a história da companhia de Vince McMahon e, por consequência, do business. Mas não é apenas aos grandes drawers que devemos e pretendo limitar a reflexão que estou a fazer, eles foram de facto os nomes maiores da suas Eras, no entanto, as gerações são recordadas e lembradas pela sua coesão e qualidade como um todo, pela capacidade de proporcionar maior ou menor espectáculo e de criar maior ou menor entusiasmo em seu redor...em último caso, pelo modo e forma como conseguiram, ou não, revolucionar a modalidade e interpretar os desejos dos fãs às épocas em que estavam no activo. Neste sentido, e uma vez que as gerações e Eras dos anos 70, 80 e 90 já se encontram exaustivamente escalpelizadas, centremos o nosso foco na geração que marcou a primeira década do novo milénio e, inclusive, metade daquela em que vivemos, mas, sobretudo, no advento da geração NXT.

A primeira década do novo milénio foi um período marcado por diversos acontecimentos, de fundamental importância, que tiveram efeitos muito negativos na indústria. Recordo que foi no decorrer dos anos 2000 que as Monday Night Wars e a Attitude Era terminaram, como consequência do encerramento da WCW. Foi nos anos 2000 que um sem número de territórios e históricas promotoras fecharam portas e a WWE "institucionalizou" o seu monopólio, resultando esta situação numa ausência, quase total, de concorrência e alternativas as quais apenas a TNA, de certo modo, conseguiu fazer frente e amenizar os prejuízos. Por último, foi ainda no decorrer dos anos 2000 que o produto começou a ser condicionado pelo PG Rating e a qualidade das storylines e rivalidades, salvo raras excepções, começou a cair. Ora, se todos estes acontecimentos que estive a enumerar, aparentemente, nada dizem sobre o tema central do presente texto, deixem-me esclarecer-vos que eles se revelam fundamentais para compreender as dificuldades e problemas que estiveram na origem da formação e lançamento da geração liderada por John Cena. Em primeiro lugar, o encerramento da WCW liquidou, praticamente, a concorrência, deixando de haver pressão no sentido de apresentar o melhor dos conteúdos e, por isso, uma preocupação muito menor com a criação de storylines e angles memorávies. Em segundo lugar, ainda a respeito do encerramento da WCW, importa reconhecer que o roster com a WWE passou a contar, excessivo em número e qualidade, tornava difícil a afirmação de novas estrelas e, ainda mais complicada, a consolidação das mesmas. Em terceiro lugar, e na mesma linha de pensamento, o facto de terem praticamente deixado de existir territórios de considerável dimensão, abriu um gap profundo na formação de jovens talentos e na experiência que os mesmos necessitavam para não chegarem completamente "verdes" a uma main stream...e ficou provado que os territórios de desenvolvimento não conseguiram dar a resposta que deles se esperava. Por fim, a institucionalização do PG Rating impôs diversas limitações aos wrestlers no desenvolvimento da sua actividade, custando essa situação, acima de tudo, aos mais jovens e mais necessitados de deixar a sua marca e impacto. E foi assim que chegámos a 2006, ao início da Era onde predominava a geração liderada por John Cena.



Ora, como ficou demonstrado ao longo dos parágrafos anteriores, esta geração enfrentou, talvez, aquele que foi o período mais difícil da história da modalidade. Eles foram, praticamente, atirados aos lobos, sem grande preparação, sem a preocupação de lhes atribuir storylines e gimmicks com real potencial e esperando, que mesmo assim, conseguissem impor-se e ter resultados imediatos. Algo que, a meu ver, e de resto, comprovou-se ser impossível. Não me interpretem mal, de 2006 para cá, a WWE continuou a contar com enormes estrelas e talentos...continuou a contar com Triple H, Shawn Michaels e Undertaker e conseguiu manter Chris Jericho, Edge e Batista...mas estes foram e são nomes de uma outra geração, de uma outra época (à exepção de Batista que, apesar de ser ainda mais velho que Triple H, fez o seu debut tardiamente) que, felizmente, estiveram presentes para amenizar os problemas. Porque se avaliar-mos bem toda esta questão, verificamos que da geração do novo milénio, apenas podemos destacar John Cena, Randy Orton, CM Punk e, num patamar algo inferior, Sheamus, como aqueles que realmente conseguiram ter sucesso e impacto na WWE...no mid card, na tag team division, no low card e na Women's Division, foi um deserto total de aproveitamento. Porque, de facto, a falta de preparação dos novos talentos e o difícil contexto em que foram lançados raramente nos deixou acreditar que estivesse-mos perante grandes estrelas, a própria WWE não acreditava neles. E, assim, ao chegarmos a 2010, com algumas reformas forçadas e outras semi-reformas anunciadas de talentos chave, deparámo-nos com uma enorme falta de star power e, até, de qualidade no que ao roster e próprio produto diz respeito. Era tempo de mudar ou morrer...

E, felizmente, a WWE apercebeu-se dessa situação, mudou e criou as condições para que os novos talentos não tivessem de passar pelas mesmas provações que a geração anterior. Essa mudança materializou-se no NXT, especialmente, após a implementação da visão que Paul Levesque (Triple H) tinha para a prospecção e desenvolvimento de jovens talentos. No NXT, ao contrário do que acontecia nos anteriores territórios de desenvolvimento, o foco passou a estar em todas as vertentes e características fundamentais para que um wrestler tivesse sucesso quando fosse chamado ao plantel principal da companhia. Para além do aprimoramento das qualidades in-ring, começaram-se a trabalhar a fundo as mic skills (com entrevistas e promos), os gimmicks (ao nível da personalidade e da imagem) e as próprias storylines (aquelas com que determinado wrestler ou diva seriam integrados nos programas principais da empresa). Mas, ainda mais importante, foi a construção de um novo centro de treinos com qualidade de ponta que proporciona, aos novos talentos, condições ao seu desenvolvimento como nunca antes houve na história da indústria. Se, a este facto, juntarmos as gravações dos shows da NXT num ambiente muito mais profissional e semelhante ao dos RAWs e SmackDowns, compreendemos que tudo está a ser feito no sentido de tornar o programa de desenvolvimento de novos talentos da WWE num sucesso. Neste sentido, se olharmos, hoje, para o actual plantel da empresa de Vince McMahon, facilmente verificamos que toda esta aposta e preocupação da WWE com o futuro já está a dar frutos. Agora, ao contrário do que acontecia anteriormente, os novos talentos aparecem muito mais preparados, com gimmicks bem definidas, com uma imagem e personalidade que os distingue, com move sets e entrances bem diferenciados, com um plano e storyline que permite a sua consolidação e afirmação, etc. Daniel Bryan, Roman Reigns, Seth Rollins, Dean Ambrose, Bray Wyatt, Luke Harper e Eric Rowan, Antonio Cesaro e Bad News Barrett, main eventers e upper carders formados em pouco tempo, são a prova viva disso, a prova cabal de que o NXT é um sucesso e que, no futuro, irá continuar a prover muitas superstars de qualidade ao roster principal da WWE. Roster esse que, neste momento, já enche de entusiasmo e grandes expectativas um elevado número de fãs, especialmente, porque percebem as capacidades e potencial das novas estrelas.


E vocês, o que pensam do advento da geração NXT?!


Um Abraço!
Dias Ferreira


PS - Se puderem, deixem indicações e sugestões de temas e assuntos que gostariam que eu abordasse.

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