Boas Pessoal!
Sejam bem
vindos a mais um "Dias is That Damn Good", a coluna com
mais história na nossa CWO ;)
No Pro
Wrestling, como acontece nos mais variados quadrantes
socio-profissionais da nossa sociedade, as gerações vêm e passam,
criando diversas expectativas com o seu advento e deixando um legado
para posteriormente avaliarmos.
Neste sentido,
e porque é a geração NXT que, agora, começa a conquistar o seu
espaço e a afirmar-se na WWE (a maior de todas as promotoras da
indústria), será sobre ela que recairá a análise que me proponho
realizar ao longo do texto que, agora, vos apresento.
Não percam,
portanto, as próximas linhas...
Como disse
anteriormente, as gerações vêm e passam, deixando uma marca
indelével das suas qualidades e capacidades e da forma como estas
contribuíram para a afirmação e consolidação do pro wrestling
como modalidade e indústria de relevância à escala global. De
Bruno Sammartino a Billy Graham, de Hulk Hogan e Roddy Piper a Bret
Hart e Shawn Michaels, de Steve Austin, The Rock e Triple H a John
Cena, eis os nomes maiores das mais diversas Eras e gerações que
nortearam a história da companhia de Vince McMahon e, por
consequência, do business. Mas não é apenas aos grandes drawers
que devemos e pretendo limitar a reflexão que estou a fazer, eles
foram de facto os nomes maiores da suas Eras, no entanto, as gerações
são recordadas e lembradas pela sua coesão e qualidade como um
todo, pela capacidade de proporcionar maior ou menor espectáculo e
de criar maior ou menor entusiasmo em seu redor...em último caso,
pelo modo e forma como conseguiram, ou não, revolucionar a
modalidade e interpretar os desejos dos fãs às épocas em que
estavam no activo. Neste sentido, e uma vez que as gerações e Eras
dos anos 70, 80 e 90 já se encontram exaustivamente escalpelizadas,
centremos o nosso foco na geração que marcou a primeira década do
novo milénio e, inclusive, metade daquela em que vivemos, mas,
sobretudo, no advento da geração NXT.
A primeira
década do novo milénio foi um período marcado por diversos
acontecimentos, de fundamental importância, que tiveram efeitos
muito negativos na indústria. Recordo que foi no decorrer dos anos
2000 que as Monday Night Wars e a Attitude Era terminaram, como
consequência do encerramento da WCW. Foi nos anos 2000 que um sem
número de territórios e históricas promotoras fecharam portas e a
WWE "institucionalizou" o seu monopólio, resultando esta
situação numa ausência, quase total, de concorrência e
alternativas as quais apenas a TNA, de certo modo, conseguiu fazer
frente e amenizar os prejuízos. Por último, foi ainda no decorrer
dos anos 2000 que o produto começou a ser condicionado pelo PG
Rating e a qualidade das storylines e rivalidades, salvo raras
excepções, começou a cair. Ora, se todos estes acontecimentos que
estive a enumerar, aparentemente, nada dizem sobre o tema central do
presente texto, deixem-me esclarecer-vos que eles se revelam
fundamentais para compreender as dificuldades e problemas que
estiveram na origem da formação e lançamento da geração liderada
por John Cena. Em primeiro lugar, o encerramento da WCW liquidou,
praticamente, a concorrência, deixando de haver pressão no sentido
de apresentar o melhor dos conteúdos e, por isso, uma preocupação
muito menor com a criação de storylines e angles memorávies. Em
segundo lugar, ainda a respeito do encerramento da WCW, importa
reconhecer que o roster com a WWE passou a contar, excessivo em
número e qualidade, tornava difícil a afirmação de novas estrelas
e, ainda mais complicada, a consolidação das mesmas. Em terceiro
lugar, e na mesma linha de pensamento, o facto de terem praticamente
deixado de existir territórios de considerável dimensão, abriu um
gap profundo na formação de jovens talentos e na experiência que
os mesmos necessitavam para não chegarem completamente "verdes"
a uma main stream...e ficou provado que os territórios de
desenvolvimento não conseguiram dar a resposta que deles se
esperava. Por fim, a institucionalização do PG Rating impôs
diversas limitações aos wrestlers no desenvolvimento da sua
actividade, custando essa situação, acima de tudo, aos mais jovens
e mais necessitados de deixar a sua marca e impacto. E foi assim que
chegámos a 2006, ao início da Era onde predominava a geração
liderada por John Cena.
Ora, como
ficou demonstrado ao longo dos parágrafos anteriores, esta geração
enfrentou, talvez, aquele que foi o período mais difícil da
história da modalidade. Eles foram, praticamente, atirados aos
lobos, sem grande preparação, sem a preocupação de lhes atribuir
storylines e gimmicks com real potencial e esperando, que mesmo
assim, conseguissem impor-se e ter resultados imediatos. Algo que, a
meu ver, e de resto, comprovou-se ser impossível. Não me
interpretem mal, de 2006 para cá, a WWE continuou a contar com
enormes estrelas e talentos...continuou a contar com Triple H, Shawn Michaels e
Undertaker e conseguiu manter Chris Jericho, Edge e Batista...mas
estes foram e são nomes de uma outra geração, de uma outra época
(à exepção de Batista que, apesar de ser ainda mais velho que
Triple H, fez o seu debut tardiamente) que, felizmente, estiveram
presentes para amenizar os problemas. Porque se avaliar-mos bem toda
esta questão, verificamos que da geração do novo milénio, apenas
podemos destacar John Cena, Randy Orton, CM Punk e, num patamar algo
inferior, Sheamus, como aqueles que realmente conseguiram ter sucesso
e impacto na WWE...no mid card, na tag team division, no low card e
na Women's Division, foi um deserto total de aproveitamento. Porque,
de facto, a falta de preparação dos novos talentos e o difícil
contexto em que foram lançados raramente nos deixou acreditar que
estivesse-mos perante grandes estrelas, a própria WWE não acreditava
neles. E, assim, ao chegarmos a 2010, com algumas reformas forçadas
e outras semi-reformas anunciadas de talentos chave, deparámo-nos
com uma enorme falta de star power e, até, de qualidade no que ao
roster e próprio produto diz respeito. Era tempo de mudar ou
morrer...
E, felizmente,
a WWE apercebeu-se dessa situação, mudou e criou as condições
para que os novos talentos não tivessem de passar pelas mesmas
provações que a geração anterior. Essa mudança materializou-se
no NXT, especialmente, após a implementação da visão que Paul
Levesque (Triple H) tinha para a prospecção e desenvolvimento de
jovens talentos. No NXT, ao contrário do que acontecia nos
anteriores territórios de desenvolvimento, o foco passou a estar em
todas as vertentes e características fundamentais para que um
wrestler tivesse sucesso quando fosse chamado ao plantel principal da
companhia. Para além do aprimoramento das qualidades in-ring,
começaram-se a trabalhar a fundo as mic skills (com entrevistas e
promos), os gimmicks (ao nível da personalidade e da imagem) e as
próprias storylines (aquelas com que determinado wrestler ou diva
seriam integrados nos programas principais da empresa). Mas, ainda
mais importante, foi a construção de um novo centro de treinos com
qualidade de ponta que proporciona, aos novos talentos, condições ao
seu desenvolvimento como nunca antes houve na história da
indústria. Se, a este facto, juntarmos as gravações dos shows da
NXT num ambiente muito mais profissional e semelhante ao dos RAWs e
SmackDowns, compreendemos que tudo está a ser feito no sentido de
tornar o programa de desenvolvimento de novos talentos da WWE num
sucesso. Neste sentido, se olharmos, hoje, para o actual plantel da
empresa de Vince McMahon, facilmente verificamos que toda esta aposta
e preocupação da WWE com o futuro já está a dar frutos. Agora, ao
contrário do que acontecia anteriormente, os novos talentos aparecem
muito mais preparados, com gimmicks bem definidas, com uma imagem e
personalidade que os distingue, com move sets e entrances bem
diferenciados, com um plano e storyline que permite a sua
consolidação e afirmação, etc. Daniel Bryan, Roman Reigns, Seth
Rollins, Dean Ambrose, Bray Wyatt, Luke Harper e Eric Rowan, Antonio
Cesaro e Bad News Barrett, main eventers e upper carders formados em
pouco tempo, são a prova viva disso, a prova cabal de que o NXT é
um sucesso e que, no futuro, irá continuar a prover muitas
superstars de qualidade ao roster principal da WWE. Roster esse que,
neste momento, já enche de entusiasmo e grandes expectativas um
elevado número de fãs, especialmente, porque percebem as
capacidades e potencial das novas estrelas.
E
vocês, o que pensam do advento da geração NXT?!
Um Abraço!
Dias Ferreira
PS - Se puderem, deixem indicações e sugestões de temas e assuntos que gostariam que eu abordasse.
0 comentários:
Enviar um comentário