Boas Pessoal!

Sejam bem vindos à 90ª edição do "Dias is That Damn Good", a coluna com maior historial nos arquivos do XBooker =)
Ora, se na passada semana decidi chamar ao sub-título do artigo "Os Novos", hoje a verdade é que optei pelo nome oposto, e por isso, apelido-o de "Os Velhos". Claro que o facto de um nome se opôr ao outro não é a razão por detrás desta escolha, mas como era uma coincidência engraçada achei por bem referi-la LOL. Na verdade, a escolha de "Os Velhos" como sub-título, tema ou assunto para este post, refere-se essencialmente ao papel que muitos atribuem aos wrestlers veteranos ou à má opinião que na generalidade se tem deles.
Mas acompanhem o resto do texto para melhor compreenderem...

Penso que é do conhecimento geral, que grande parte dos fãs de wrestling e do pessoal que habita a CWO têm uma opinião bastante negativa sobre os mais variados wrestlers quando atingem uma certa idade. Certamente que em alguns essa opinião se reflecte porque ainda não tiveram o tempo suficiente para maturar a sua visão sobre o pro wrestling, no entanto, outros há que os criticam por não quererem "largar" o seu espaço e dar o lugar a outros, outros ainda, criticam inclusive o posto que alguns ocupam no mid card, considerando uma ofensa enorme até a possibilidade desses mesmos wrestlers poderem voltar a colocar os pés no main event. Ora a imagem anterior, e que nos trás à memória o filme "The Wrestler", talvez seja um bom ponto de partida para este artigo, porque se nos lembrar-mos um pouco da mensagem que o argumento procura passar, então secalhar podemos olhar para as situações de forma diferente, suprindo muitos dos preconceitos existentes para com os workers mais experientes.
Em primeiro lugar, é importante pensar que os wrestlers não são objectos ou personagens de banda desenhada, não são também nenhuma personagem fictícia que apenas existe quando os shows estão no ar ou quando nos lembramos de ir ver um video ao youtube ou ao sapo...atrás de cada wrestler está um homem, que como qualquer outro homem tem sentimentos e a obrigação de fazer opções na vida. E falando de opções, talvez seja mesmo muito mais fácil pensar no Randy "The Ram" Johnson que por amor ao wrestling optou por não ser um marido ou pai convencional, aliás, optou por não o ser! O respeito pelas pessoas que nos entretêem deve surgir logo pelo simples facto da sua dedicação à modalidade e a nós, causar em grande medida a perda de uma vida privada e a possibilidade de constituir uma família ou um ambiente acolhedor fora do pro wrestling que o impessa de se sentir só. Como relata o filme, o facto dos wrestlers viverem intensamente a modalidade e todas as suas consequências não lhes permite perceber que ao mesmo tempo se estão a tornar dependentes...dependentes do wrestling, dos fãs, da glória, dos aplausos, mas especialmente de se sentirem úteis. E a verdade é que no fim, devido a uma vida de dedicação, a única coisa que muitos encontram é mesmo o wrestling, os amigos que nele fizeram, as pessoas que lá conheceram e os momentos que com nele passaram...porque a realidade que está por detrás do pro wrestling não é a realidade que todos nós conhecemos no dia-à-dia, a profissão é muito específica e acaba por criar nas pessoas que nela trabalham hábitos, rotinas e vícios difíceis de perder quando temos de voltar a integrarmo-nos numa sociedade dita "normal".
Muitas destas pessoas (wrestlers veteranos), não conseguem readaptar-se à vida e a verdade é que os programas de reinserção social não deveriam existir só para os antigos presidiários ou ex-combatentes, mas sim para todos aqueles que se vêem obrigados a abdicar de uma realidade que é a sua, para abraçar outra completamente diferente...ainda para mais, de uma forma tão abrupta como acontece no wrestling. Bem, mas isto tudo, serve apenas para dar conhecer o lado mais humano de wrestlers veteranos que necessitam de atenção, que necessitam que olhem por eles e que lhes demonstrem que a sua dedicação e vida não foi em vão...é o lado de alguém que precisa de mais que recordações, de alguém que necessita, sobretudo, da nossa compreensão para poder por momentos (ainda que efêmeros) voltar a sentir e a passar por tudo aquilo que o fez feliz e que deu sentido à sua vida durante toda a carreira! E é por isso, que gostava de ver o Ric Flair, é por isso que gostava de ver o Roddy Piper (mesmo com aquele barrigão lol), é por isso que gostava de ver o Dusty Rhodes ou o Sgt. Slaughter, entre outros, cada vez que (depois de tantos anos no auge) pisavam o ringue da WWE com a nova geração. A felicidade desses homens de ontem é realmente algo de salutar, sempre que conseguem entrar no ringue e a WWE lhes presta uma pequena homenagem, mostrando que foram importantes, mas que ainda o são, tornando-os numa referência. Referência, com certeza, a palavra mais acertada para os caracterizar...referência é o que eles são, é o seu legado.

E referência é o que têm de ser também para os jovens colegas, assim como para qualquer writer ou promotor que se preze, tal como para os fãs. Muitas vezes ouço críticas contra o Kevin Nash, muitos dizem que ele já não faz nada no ringue e que está claramente a mais na TNA, dizem que a reforma era o seu melhor caminho...algo que penso ser totalmente injustificado, pois mesmo sendo verdade que a sua mobilidade já não é a mesma, penso que todos concordam que tudo aquilo que ele faz no ringue é credível...mais credível até que qualquer soco do AJ Styles ao Scott Steiner, já para não dizer que é dos wrestlers com maior psicologia de ringue e ideias mais fantásticas que passou pelo pro wrestling. E como criticam o Kevin Nash, também criticam o William Regal, mesmo sendo ele dos melhores wrestlers que está no plantel da RAW e dos poucos capazes de oferecer um combate digno desse nome, do principio ao fim...tal como também criticam o Finlay porque apenas anda para ali com o Hornswoogle e não faz nada de jeito, esquecendo-se que a técnica deste e a capacidade que tem para tornar o pior dos adversários em alguém credível só está ao alcanse dos melhores, etc. Ora estas críticas acabam por ser injustas não só porque se trata do assumir de uma posição egoísta, esquecendo tudo o que referi na primeira parte deste texto, como uma grande falta de bom senso, pois são precisamente estes wrestlers veteranos que habitam no mid card, que facultam aos mais jovens o conhecimento necessário poderem evoluir e adquirir os ensinamentos fundamentais para triunfar na modalidade...mais, são eles que credibilizados ou credibilizando os jovens, permitem a ascensão dos mesmos, proporcionando o tão famoso job sobre alguém com qualidades inegáveis e que está no wrestling há muitos anos (veja-se o que o Tommy Dreamer conseguiu fazer com o Jack Swagger, por exemplo).
Por último, surgem wrestlers como o Triple H, o Undertaker, o JBL ou o Shawn Michaels que andam no topo há muitos e muitos anos, mas aos quais a idade ainda lhes permite ser figura central da empresa, não deixando no entanto, também eles de ser criticados porque devem dar o seu lugar ao John Cena ou ao Randy Orton, ou ainda ao Edge ou ao Jeff Hardy, etc. Não me compreendam mal, eu não estou a escrever com o intuíto de passar uma mensagem que defenda uma super-credibilização dos mais velhos em relação aos jovens, não!...o que eu procuro é colocar-me nos dois lados da barricada e tentar percebê-los, respeitando ambos. Por isso, eu não digo que discordo de uma crescente aposta nos jovens ou numa maior responsabilização dos mesmos, no entanto, penso que as coisas têm de ser feitas de um modo razoável...não podemos andar a oito ou a oitenta. Felizmente a WWE percebe isso, e a prova está no modo como o Finlay e o William Regal têm sido utilizados (o Kane nem tanto, com muita pena minha), mas e, sobretudo, na forma como as grandes lendas têm sido apresentadas. Por acaso, actualmente os campeões são jovens, mas a verdade é que estão em feud com wrestlers mais experientes e é isso que se quer, aliar a juventude e a experiência, para que possa haver uma partilha de conhecimento, mas também respeito por aqueles que ajudaram a tornar a modalidade em algo "gigantesco", ao mesmo tempo que se trabalha de forma a assegurar o futuro.
Tenho-o dito muitas vezes e não me canso de repetir, mas a única forma de podermos credibilizar um jovem e fazê-lo ascender a um patamar superior, é fazendo-o vencer alguém que teoricamente esteja acima dele, um lenda credibilizada. Logo, para assegurar o futuro, têm de haver sempre wrestlers veteranos devidamente credibilizados, capazes de oferecer um bom espectáculo e de dar aos jovens aquilo que lhes faz falta. Daí que a utilidade dos mais velhos seja enorme e a necessidade de os manter no topo imperiosa. Eu não consigo imaginar o pro wrestling sem alguém mais antigo para integrar os mais novos...os verdadeiros agentes da socialização no wrestling são os veteranos e todos os seus conhecimentos são fundamentais quer para a evolução e sucesso dos jovens, quer para a qualidade do wrestling praticado e do produto apresentado pelas diversas companhias.
Bem, e foi mais um Dias is That Damn Good que espero tenham gostado e que COMENTEM!!
Um abraço, Dias Ferreira!
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