Boas Pessoal!

Sejam bem vindos a mais um “Dias is That Damn Good”, a coluna com maior número de edições na história do XBooker =)
Bem, o tema não é novo, e na realidade já todos aqueles que passaram pela CWO tiveram oportunidade para exprimir as suas opiniões sobre a carreira de Paul Levesque, melhor conhecido por Triple H. Na generalidade dessas ocasiões, optou-se por cruxificar aquilo a que chamavam os jogos de bastidores do wrestler em causa, ao mesmo tempo que se regozijavam ao afirmar que tudo o que ele tinha conseguido se devia ao facto de ser genro do patrão da WWE, Vince McMahon.
Ora sendo eu um conhecido mark e quase “fanático” do Paul Levesque, não poderia deixar de ser neste caso o “Advogado do Diabo”, apresentando todos os argumentos que contrariam as teses ou tese de quem “maltrata” o melhor de sempre e da actualidade!
Sigam, então, esta contra-argumentação que considero fundamental para conseguirmos respeitar o trabalho do Triple H e para melhor perceber o quão justo é o papel que ele desempenha e desempenhou ao longo da sua carreira…

Comecemos, então, pelo início até porque é assim que deve ser…
Bafejado pela sorte, podemos assim dizer, Paul Levesque teve a oportunidade de aprender logo no início da sua incursão pelo wrestling com um dos maiores génios da técnica e capacidade de trabalhar em ringue, Killer Kowolski. A sua base foi fundamental para aquilo que depois veio a constituir-se num dos move sets mais credíveis e bem encadeados de sempre na história da modalidade. Sondado primeiramente pela WWF ainda no território independente em que competia, haveria de ser na grande rival desta que faria a sua estreia ao mais alto nível, a WCW. Pouco tempo por lá passou, tendo no entanto aproveitado para desenvolver um pouco mais as suas capacidades e lidado com as primeiras grandes jogadas de bastidores dentro da modalidade (não nos esqueçamos que as velhas lendas da WCW sempre foram exímias em fazer pressões para que o booking as favorecesse). Temos então aqui um dos primeiros argumentos em defesa da carreira do Levesque…ele também sofreu com as jogadas de bastidores de outros wrestlers (como aconteceu com quase todos os jovens na WCW) e hoje está num patamar elevadíssimo. Depois temos os primeiros tempos na WWF, onde levou um valente push (Vince foi o primeiro a dizer que lhe queria dar um verdadeiro spot, pois reconheceu logo de início qualidades invulgares naquele jovem), trabalhando com Curt Hennig e Marc Mero, e tendo desenvolvido uma grande amizade com um grupo de wrestlers que marcou fortes pressões nos bastidores da empresa...ficou conhecido por Kliq e era composto por Paul Levesque, Shawn Michaels, Kevin Nash, Scott Hall e Sean Waltman (certamente que as pressões não seriam exercidas por Triple H, uma vez que o estatuto dele não lhe permitia esse tipo de aventuras…de qualquer modo, sempre comungou das actividades do grupo). A verdade é que as relações com este grupo haveriam de estar por detrás da pior fase da carreira de Paul Levesque, porque depois do Madison Square Garden Inccident (onde o grupo quebrou o Keyfabe, até então muito credível) foi ele o grande prejudicado e o wrestler mais castigado. Os seus companheiros estavam em final de contrato e foram logo despedidos, enquanto que Shawn Michaels era a grande cara da empresa e ela não podia arriscar-se a perdê-lo para a rival. Sobrou então o Levesque, que sendo jovem e tento pouco estatuto dentro da comapnhia, arcou com quase todas as consequências…perdeu o push que lhe estava destinado com a vitória no torneio King of The Ring desse ano (que sorriu ao Stone Cold e marcou um ponto de viragem na sua carreira), foi obrigado a perder para um sem número de jobbers e, incrivelmente, foi obrigado a jobbar para o Ultimate Warrior na Wrestlemania em poucos segundos, mesmo depois de lhe ter aplicado o seu finishers!....ora e aqui vem o segundo argumento, qualquer jovem ao passar por este tipo de experiências tinha 95% de hipóteses de ver a sua carreira terminada! O Paul Levesque foi severamente castigado, algo que nunca aconteceu por exemplo com o Randy Orton ou com o Jeff Hardy…no entanto, o Triple H conseguiu chegar ao estatuto que hoje hostenta.
A verdade é que o Paul Levesque engoliu o orgulho e enfrentou todas as dificuldades e castigos que lhe aplicaram…soube esperar e a WWE voltou a acreditar nele. O ano seguinte a todos estes acontecimentos foi muito positivo…1998 marcou a criação dos D-Generation-X e uma aproximação ainda maior entre o Triple H e Shawn Michaels, foi o derradeiro lançamento de Triple H. E aqui surge o meu terceiro argumento em defesa do Levesque. A verdade é que também ele foi abrigado a andar a reboque de outro wrestler com mais estatuto e a ser a sua sombra, o Triple H na primeira fase dos DX foi sem dúvida alguma, um wrestler ao serviço do Shawn Michaels e da credibilização deste. Ora concluímos então que o Paul Levesque também já foi subordinado a outro alguém, também ele já foi a sombra de outro…e mesmo assim, hoje é a grande lenda que todos sabemos. Mais tarde, Shawn Michaels lesionou-se e a verdade é que Vince McMahon acreditou em Paul Levesque para continuar com o grupo, agora sob a sua liderança. A liderança deste foi fantástica e durante os tempos que se lhe seguiram, conseguiu crescer muito no card, credibilizando-se de uma forma enorme e atingindo um estatuto próximo dos grandes da empresa. Por esta altura, um Mick Foley com o corpo a dar as últimas (no que respeita a continuar uma carreira a tempo inteiro) vê no Triple H a hipótese de fazer um último grande trabalho e de elevar definitivamente para o main event um jovem cheio de qualidades e potencial. O Paul Levesque não desiludiu e ofereceu uma das feuds mais fantásticas na história do Pro-Wrestling. O quarto argumento vem aqui, com a constatação por parte da WWE de que o Triple H era agora um main eventer definitivo e com grande qualidade, atribuindo-lhe o título principal da empresa.

Depois vem aquela fase que muitos consideram ser responsável por tudo o que o Triple H conquistou ao longo da sua carreira, a relação com Stephanie McMahon. Primeiro devo dizer que toda esta feud se iniciou sem que ambos namorassem ou pensassem nisso…o Vince tinha em mente criar um ângulo em que a sua filha estaria envolvida, numa revolta contra o próprio pai e auxiliando o seu marido. Primeiro pensou-se no Test, no entanto, este wrestler não foi capaz de corresponder às expectativas e a direcção decidiu substituí-lo pelo jovem mais promissor e capaz de desempenhar aquele papel na época, esse wrestler era Paul Levesque. Muitos não sabiam, mas a história começou mesmo assim, e só depois é que o Triple H e a Stephanie se envolveram emocionalmente. A verdade é que esta feud foi das melhores na história da modalidade e tudo foi lançado ainda antes da sua relação. Ora surge então o quinto argumento…o Triple H já era um main eventer consagrado e se a WWE viu nele um wrestler capaz de desempenhar um papel de relevo como aconteceu na feud que o envolveu com a Stephanie e Vince, é porque Paul Levesque já tinha um estatuto muito importante dentro da empresa, e a qualidade com que realizou sempre o seu trabalho também ajudou imenso a conquistar ainda mais o seu espaço. Depois de levar para a storyline a sua real relação com a Stephanie, podemos assistir também a grandes momentos proporcionados por ambos, ao mesmo tempo que o Triple H se ia consolidando como grande estrela da companhia e da modalidade. Seguiu-se então, uma grave lesão, pela qual poucos tiveram o azar de passar e da qual poucos regressaram…no regresso aos ringues, assistiu-se também a um ângulo entre o Triple H e a Stephanie, que resultou na separação de ambos e na saída da filha de Vince. Foi mais uma feud fantástica e que abrilhantou uma época rica em histórias de grande valor e criatividade. O sexto argumento em defesa de Paul Levesque, prende-se então com o facto de realmente o Triple H ter aproveitado o facto de estar casado com a Stephanie para ter sucesso na profissão. Mas sejamos sinceros, qual seria a pessoa que sendo casada com uma pessoa tão influente não aproveitaria para enriquecer ainda mais os seus desempenhos e carreira…é verdade que o casamento lhe deu inúmeras oportunidades, mas ele aproveitou-as, e aproveitou-as porque teve qualidade para isso. Teve qualidade para ser a aposta da WWE e cumprir com toda a espectacularidade que o caracteriza…para além disso, eu não acredito que a WWE apostasse em alguém que não lhe retribuísse o investimento.
A posterior formação dos Evolution e consequentes feuds com as maiores estrelas da época na modalidade, incluindo Shawn Michaels (que tinha regressado) foram a prova final de que todos precisavam para ver em Paul Levesque a grande cara da empresa, o grande drawer. Com uma carreira completa de sucessos, Paul Levesque passou então a ter outra utilidade, a capacidade de criar novas superstars de luxo e de as lançar para sempre na rota do sucesso…aconteceu assim com o Ric Flair (que voltou a ser o velho Naitch), com Randy Orton, Batista e John Cena. A credibilidade de Triple H e o facto das suas derrotas serem também elas escassas tornam aqueles que o derrotam em grandes lendas! Assim, temos aqui um novo argumento…o Triple H não trabalhou apenas para ele próprio, mas também na criação de novos valores, algo que o difere dos grandes nomes anteriores a ele.
A sua história é longa e cheia de sucessos, mas também de momentos menos bons que apenas com a sua determinação e amor ao wrestling lhe permitiram regressar e tornar-se no melhor de sempre. Ao avaliar-mos as suas qualidades, facilmente percebemos que a psicologia de ringue, a credibilidade, a qualidade técnica e a venda de golpes, a gimmick e as mic skills, entre outras, são os grandes itens que o caracterizam. A força de vontade, amor ao wrestling e grande disponibilidade que sempre manifestou (relembro um combate com o Mankind em que sofreu um traumatismo craniano e mesmo assim o terminou, ou a grave lesão que sofreu num outro combate e que também o terminou, ou ainda, o regresso das graves lesões que sofreu, etc) são também importantes qualidades que o distiguem.
Com isto, não digo que o Triple H não tenha exercido pressões nos bastidores ou aproveitado o seu estatuto para se favorecer, no entanto, quem não o faria no seu lugar, num mundo selvagem como é o do wrestling? A verdade é que wrestlers como o Edge, John Cena ou o Randy Orton têm mais títulos do que o Triple H nas suas idades alguma vez teve, e contudo, não considero que fossem melhores que o Paul Levesque…a diferença está no facto de o Triple H se ter afirmado numa altura em que os jovens não eram aposta e que estavam eternamente subordinados aos interesses dos mais velhos, algo que agora não acontece. O Triple H tem uma carreira cheia de sucessos e ela é merecida…trabalhou e esforçou-se por tudo aquilo que tem, e como ainda hoje se apresenta como a opção mais válida da empresa, ou pelo menos como uma delas, penso que uma aposta nele enquanto campeão é sempre bem pensada…até porque ao nível do marketing, ele continua a vender como muito poucos conseguem!
Este é um artigo de opinião, mas também fundamentado com o que julgo serem argumentos válidos e credíveis. Espero que tenham gostado e que comentem!
Um abraço, Dias Ferreira!
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